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sábado, novembro 23, 2024
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Adubação foliar – Suprimento nutricional imediato das deficiências

Autores

Elisamara Caldeira do Nascimento
Pós-doutoranda PPG – Agricultura Tropical – Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)
Talita de Santana Matos
Pós-doutoranda PPG – Ciência do Solo – Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRuralRJ)
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fitotecnia – UFMT

Fotos Shutterstock

A prática da adubação foliar vem se desenvolvendo intensamente nos últimos anos, como rotina, em várias culturas de interesse econômico. O uso de nutrientes, via foliar, tem aumentando continuamente em função do maior conhecimento dos macronutrientes e micronutrientes presentes no solo e sua disponibilidade para a planta, assim como pelo aumento dos procedimentos de diagnósticos das culturas e suas cultivares.

Várias revisões, neste sentido (Wittwer, Bukovac e Tukey, 1963; Camargo, 1970) apresentam os vários aspectos da nutrição foliar das plantas cultivadas. Estes trabalhos revelaram que, em muitos casos, a adubação foliar é muito mais eficiente que a radicular, principalmente em relação aos micronutrientes e alguns macronutrientes.

Disponibilidade para as plantas

Nem sempre esses nutrientes estão disponíveis no solo para as plantas usarem, ou estão em quantidades insuficientes, e nestes casos utilizam-se as adubações para suprir o que as plantas necessitam a fim de crescerem em seu potencial máximo. Por exemplo, o milho contém nitrogênio e zinco em uma taxa na proporção de 100 para 1. Mas a falta deste 1 de zinco, determina a produtividade de uma lavoura.

Fertilizantes podem ser classificados em duas categorias: orgânicos e inorgânicos. Fertilizantes orgânicos são derivados de matérias vivas ou mortas incluindo fezes de animais, resíduos de colheitas, e muitas outras formas provenientes de matéria viva. Fertilizantes inorgânicos derivam de fontes não vivas e incluem a maioria dos fertilizantes fabricados quimicamente e comercializados pelo homem.

A limitação do desenvolvimento das plantas pela falta de um elemento é determinada de Lei do Mínimo (Lei de Liebigh). A fim de se comprovar se um determinado elemento mineral (nutriente mineral) é essencial ou não, foram estabelecidos os critérios de essencialidade, que são de dois tipos; o critério direto e o indireto (Malavolta,1970).

Pelo critério direto, basta verificar se o elemento considerado é parte integrante das moléculas orgânicas essenciais aos processos vitais da planta. Por exemplo, o magnésio é integrante da molécula de clorofila. Sua falta implica na não formação da clorofila, e sem clorofila a planta não vive.

O ferro é integrante das moléculas do citocromos, pigmentos essenciais ao eletrotransporte nas reações da respiração. Sua falta interrompe a respiração, que é essencial à vida da planta. O critério indireto é o da comprovação experimental nas seguintes condições:

Ü A carência do elemento impede que a planta complete o seu ciclo vital;

Ü A carência do elemento somente pode ser corrigida mediante seu fornecimento à planta, sendo, pois, específica deste elemento;

Ü O elemento deve estar diretamente ligado à nutrição da planta, não sendo sua ação consequência da eventual correção de condições físicas, químicas ou biológicas do substrato em que vive a planta.

Essencialidade

A adubação, portanto, é uma prática agrícola que tem o objetivo de aumentar a concentração dos elementos essenciais na solução do solo sempre que a velocidade de transferência da fase sólida for insuficiente ou a concentração dos elementos for baixa, tornando o solo deficiente nos elementos.

Entretanto, o uso da adubação foliar tem demonstrado sua importância e se tornado cada vez mais comum devido a eficiência e à rápida absorção dos nutrientes através das folhas, em relação à adubação tradicional via solo e sistema radicular.

A questão relativa à baixa eficiência de absorção pelas raízes dos nutrientes aplicados via solo é uma das razões pela qual a nutrição foliar tem sua importância no manejo de adubação de lavouras. As perdas dos nutrientes por volatilização, lixiviação, adsorção e erosão contribuem para que a nutrição foliar seja adotada como prática usual nos meios de produção agrícola, além de outros fatores, como compactação, fungos, nematoides, pH elevado e excesso ou falta de umidade no solo comprometem a taxa de recuperação do nutriente pelas raízes das plantas.

Com essas colocações, fica evidente que a nutrição foliar deve ser vista como forte aliada na busca de altas produtividades, além de contribuir com a maior eficiência para obtenção de um lucro líquido de maior valor.

Necessidades da planta

Gráficos de demanda de nutrientes mostram que há estágios na vida de uma planta em que a necessidade de alguns nutrientes supera outros. O uso de nutrientes foliares durante esses períodos de demanda maior das plantas aumenta a produção, segundo pesquisas realizadas nas colheitas.

Fertilizantes foliares podem suprir a falta de um ou mais micro e macronutrientes (especialmente de micronutrientes), corrigindo deficiências, fortalecendo colheitas danificadas, aumentando a velocidade e qualidade de crescimento das plantas o que é, na verdade, o grande objetivo.

As aplicações de fertilizantes foliares podem ser feitas em diversos estágios do plantio, proporcionando a conquista de diferentes objetivos, e também são um meio de incrementar um programa de alta produtividade.

Mecanismos de absorção foliar

A absorção é a entrada de um íon ou molécula na parte interna da planta. Este processo é facilitado quando a planta se encontra com seus estômatos abertos, estabelecendo-se uma corrente transpiratória que “arrasta” os nutrientes pulverizados sobre a superfície da folha para o seu interior.

As plantas têm uma vasta rede de condutores, que consistem de xilema e floema. Esses tecidos condutores começam nas raízes e vão subindo pelo caule, chegando aos galhos e às folhas.

A sucção que existe nas células condutoras de água inicia no processo de evaporação das gotas das folhas. A perda de água da folha é comparável à sucção feita por um canudo. Se o vácuo ou sucção forem suficientemente fortes, a água vai subir pelo canudo.

A principal força de captação e transporte de água para as partes da planta é a transpiração realizada pelas folhas, ou seja, é o processo de evaporação de água através de pequenas aberturas nas folhas chamadas estômatos.

A corrente de água estende-se desde as folhas até as raízes e até mesmo das raízes para dentro do solo. A evaporação nas folhas cria uma pressão de vapor negativa nas redondezas das células das folhas. Uma vez que isso ocorre, a água é “puxada” para dentro da folha através de um tecido vascular, o xilema, para substituir a água que foi transpirada.

Essa força exercida sobre a água se estenderá por todo o xilema até a raiz. Finalmente, a pressão negativa d’água resultará num aumento da retirada d’água do solo.

Fases

A absorção foliar apresenta duas fases bem diferentes – a fase chamada de absorção passiva, ou de penetração, em que íons ou moléculas entram na planta por meio de fenômenos puramente físicos, como a difusão simples, facilitada e trocas iônicas. No caso do tratamento das sementes, o micronutriente atravessa a membrana citoplasmática e penetra o vacúolo, num processo metabólico ativo, durante a germinação.

A eficiência da absorção dos nutrientes pelas folhas é variável em função de uma série de fatores do meio em que essas folhas se encontram.

ð Fatores inerentes à folha ou à planta: superfície foliar; composição química da cutícula; permeabilidade da cutícula; idade da folha; estado iônico interno; crescimento; estádio fenológico da cultura.

ð Fatores inerentes aos nutrientes: seletividade; absorção desigual de ânions e cátions; antagonismo; inibição competitiva e não competitiva; inibidores metabólicos.

ð Fatores inerentes às soluções: concentração e composição das soluções; pH; forma química dos nutrientes.

ð Fatores externos: luz; disponibilidade de água no solo; temperatura; umidade do ar, horário e equipamento de aplicação.

As plantas são capazes de absorver nutrientes e pequenas moléculas por outros tecidos vegetais, além das raízes. Aplicar nutrientes pelas folhas através de adubos foliares não substitui as aduções feitas via solo, mas há vantagens.

Quando aplicamos nutrientes por adubação foliar, eles são rapidamente absorvidos e utilizados pela planta. Os nutrientes se espalham pela planta toda em questão de poucas horas, o que demora dias quando aplicado no solo. Outra vantagem é que quando se aplica os adubos via foliar, as plantas aproveitam em média 95% do que foi ministrado.

Dessa forma, quando notamos deficiências nutricionais na planta, pode-se agir rapidamente para sanar o problema através da aplicação foliar. Existem nutrientes como o cálcio que se movem com muita dificuldade dentro das plantas, podendo gerar problemas por deficiência nos frutos, como é o caso de tomates. Neste caso, a aplicação de cálcio através das folhas evita a deficiência no fruto do tomate, e por consequência, prejuízos ao produtor.

Viabilidade

À primeira vista, a adubação foliar aparenta ser uma técnica mais onerosa que a fertilização tradicional. Entretanto, avaliando-se todos os custos em médio e longo prazo, se identifica o quanto o custo-benefício desta técnica é vantajoso para qualquer produtor que deseje elevar a produtividade.

Uma crescente parcela dos produtores rurais já considera os fertilizantes foliares como insumos imprescindíveis para a agricultura, utilizando-os como uma eficaz opção complementar ou corretiva, sem deixar de lado a fertilização tradicional via solo.

Ao se analisar o custo de uma lavoura de soja, por exemplo, semente e fertilizante representam basicamente 50% do total de gastos. Os outros 50% são distribuídos em arrendamento, valor da terra, equipamentos, combustíveis e derivados.

Apenas uma pequena parte do custo, de 2 a 5%, envolve os fertilizantes foliares e tratamentos com micronutrientes. O ganho de quem utiliza esse recurso pode chegar de três a dez sacas por hectare, segundo avaliação de empresas do setor.


BOX

Para saber

No processo de diagnose foliar, a própria planta é utilizada como solução extratora, revelando, portanto, seu estado nutricional por meio da análise química do tecido vegetal. A técnica de diagnose foliar é interessante porque investiga as relações existentes entre o “status” nutricional da planta e a fertilidade dos solos, possibilitando o estabelecimento de sistemas de estimação e correção das possíveis deficiências ou excessos nutricionais com base nas análises químicas dos nutrientes presentes nas plantas.


No ponto certo

A diagnose foliar é um método de avaliação do estado nutricional das culturas em que se analisam determinadas folhas em períodos definidos da vida da planta. As folhas são os órgãos que, como regra geral, refletem melhor o estado nutricional, isto é, respondem mais às variações no suprimento de nutrientes, seja pelo solo, seja por adubação.

A análise de folhas é atualmente uma das melhores técnicas para avaliar o estado nutricional das plantas e orientar programas de adubação junto com o conhecimento da fertilidade do solo e influências de outros fatores.

A recomendação de fertilizantes a serem aplicados via foliar deve obedecer a necessidade nutricional da planta na lavoura. Para saber esta necessidade nutricional da lavoura, a diagnose foliar por meio da análise de folha é a maneira de identificar o estado no momento da coleta para análise e estes resultados devem ser comparados com tabelas e manuais desenvolvidos para cada cultura por meio de pesquisas agronômicas.

A análise foliar permite que se crie uma estratégia de adubação via solo, associada à adubação foliar para momentos críticos do desenvolvimento da cultura.

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