José Geraldo Mageste Silva
Engenheiro florestal, Ph.D. e professor UFVJM-UFU/ICIAG-UFU ““ campus Umuarama – Uberlândia (MG)
Ernane Miranda Lemes
Engenheiro agrônomo, M.Sc. e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
A estratégia de maior sucesso na formação dos povoamentos tem sido a definição de adubações que forneçam fósforo, nitrogênio, potássio, cálcio, enxofre e micronutrientes como boro, cobre, zinco, manganês e ferro, estes últimos principalmente de forma preventiva, em adubações foliares nas épocas mais adequadas de absorção, antes da manifestação dos sintomas marcantes de deficiência.
Aplicações de calcário e gesso também têm sido consideradas pela maioria dos silvicultores, tanto para instalação de novos povoamentos como para condução de brotações.
As vantagens de poder nutrir um povoamento florestal já instalado estão no fato de melhorar o vigor de crescimento inicial dos brotos (para alguns clones) e, principalmente, o baixo custo, tanto do calcário como fonte de cálcio e magnésio, quanto do gesso como fonte de enxofre e cálcio, especialmente em solos pobres em matéria orgânica.
Mesmo para uma situação de reforma de um determinado povoamento (replantar tudo de novo), deve ser considerada a necessidade de reposição dos nutrientes que saÃram na colheita e a contribuição dos resíduos que ficaram no solo como possÃveis fornecedores desses nutrientes.
No entanto, é preciso dizer que a adubação sozinha não garante excelentes produtividades. O resultado positivo das adubações gerou melhoria significativa quanto ao crescimento, produtividade e desenvolvimento dos povoamentos. Isto facilitou a expansão da silvicultura para sites inapropriados para muitos cultivos. SaÃmos de um Incremento Médio Anual (IMA) de 10-12 m3 ha-1 ano-1 para mais de 40 m3 ha-1ano-1 de eucalipto, e com grande potencial para incrementar esta produtividade. Uma adubação equilibrada e bem planejada é uma das estratégias essenciais para alcançar níveis de produção superior.
Â
Importância da adubação para os povoamentos homogêneos
Historicamente, nossos povoamentos homogêneos, sejam de pinus, eucalipto, seringueira ou outra espécie arbórea, como Corymbia, mogno, ninho, paricá ou guapuruvú (tento), mandiocão (produção de lápis), etc., são instalados em solos de baixa fertilidade natural.
Muitos silvicultores brasileiros ainda mantêm o conceito de que “árvores crescem em qualquer lugar“ e devem ser cultivadas em solos mais carentes ou sÃtios de baixa qualidade. Uma exceção foi a teca (Tectonagrandis), que desde os seus primórdios no Mato Grosso já se sabia que exigia solos de maior fertilidade natural.
Em solos arenosos a conservação de água no sistema é menor, os nutrientes são mais facilmente lixiviados e existe uma restrição no desenvolvimento da microbiota do solo.
Pesquisa
Houve grande investimento em pesquisa por parte das organizações e das instituições públicas, com destaque para a Universidade Federal de Viçosa e a USP, campus de Piracicaba. Muitos engenheiros florestais foram se especializar em nutrição de plantas, no Brasil e no exterior, e muitas organizações contrataram pesquisadores com formação em Nutrição Florestal.
Hoje podemos afirmar que a nutrição florestal está muito desenvolvida em nosso País, principalmente quando se trata de povoamentos de eucalipto, seringueira e pinus. E o que todo esse desenvolvimento nos mostrou foi que a adubação, mesmo de áreas marginais, traz retornos econômicos consideráveis, desde a antecipação da colheita da madeira ao início da sangria para produção de látex.
Nutrientes mais exigidos
A exigência nutricional está ligada à espécie considerada. Mesmo assim, não é justo comparar a quantidade exigida de um nutriente em relação ao outro dentro de uma mesma espécie, já que os diversos nutrientes possuem funções diferentes nas plantas.
Assim, por exemplo, dizer que o eucalipto é exigente em potássio está se referindo à comparação com outra espécie arbórea. Idem para o magnésio em seringueira, em que as formulações devem ser NPK + Mg (magnésio). Isto também não quer dizer que colocando só potássio no eucalipto ou só magnésio em seringueira teremos excelentes produtividades.
A questão do equilíbrio nutricional deve ser sempre pensada. O desequilíbrio nutricional é um dos fatores limitantes para a utilização de fertilizantes. Identificá-lo exige bons conhecimentos de nutrição de plantas e uma boa análise de solo e folha. Isto fica mais evidente ainda quando se trata de micronutrientes, que são exigidos em pequenas quantidades pelas árvores e sua ausência limita a produtividade.
Este é o exemplo do boro, que em condições de déficit hídrico (veranicos) pode manifestar os sintomas da deficiência facilmente e induzir à deformação e seca de ponteiro no eucalipto, com posterior deformação do tronco. Além do mais, árvores de mais de cinco metros de altura podem morrer.