Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)
As algas marinhas são organismos vegetais, unicelulares ou pluricelulares, que fazem fotossíntese. Os extratos de algas contêm altas proporções de sais minerais, dentre eles macro e micronutrientes de plantas. São fontes de vitaminas, glicoproteínas, como o alginato, de aminoácidos, que podem funcionar como bioestimulantes vegetais, e, ainda, de estimulantes naturais como: auxinas (hormônios do crescimento que governam a divisão celular), giberelinas e citocininas.
São utilizadas como fertilizantes na agricultura há vários séculos, com destaque para as regiões litorâneas do Hemisfério Norte. Entretanto, somente nos anos 1950 passaram a ser comercializadas visando melhorar a taxa de germinação de sementes, o crescimento do sistema radicular, a produção de flores, a frutificação, indução de resistência a pragas e doenças e estimular as respostas às condições de estresse, principalmente o hídrico, e a resistência das plantas a doenças e geadas.
Atuação
Como tais produtos são ricos em auxinas, giberelina e citocininas, sua inclusão no processo promove o estímulo da divisão celular, o que favorece a formação das raízes. Ainda há que ser lembrado que os compostos presentes nos extratos de algas estimulam a formação da clorofila e, por consequência, a própria fotossíntese, que é a fonte de toda a estrutura da planta.
A partir dos açúcares formados na fotossíntese se originam todos os demais componentes das plantas (proteínas, óleos, etc.). Também, substâncias presentes nas algas marinhas beneficiam o Ciclo de Krebs, que é o centro do metabolismo vegetal.
O emprego dos extratos de algas marinhas no sistema produtivo pode conferir certa proteção às plantas quanto à incidência de pragas e doenças, pois induz a produção de fitoalexinas (indutoras de resistência das plantas às doenças e pragas), fortalecendo os mecanismos de resistência das plantas. São fontes de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças.
Mais que vantagens
Em relação ao efeito indutor de resistência, relatos de literatura permitem concluir que extratos de algas reduzem o desenvolvimento de fungos fitopatogênicos, o que desfavorece ataques importantes de doenças causadas por tais organismos, o que pode ser explicado por:
Ø Tais extratos são abundantes em compostos elicitores;
Ø Apresentam atividade direta contra fungos e bactérias, inibindo o desenvolvimento de micélios e a multiplicação de bactérias;
Ø O emprego dos referidos produtos aumenta a presença de antagonistas no solo e, ainda, estimula o crescimento das plantas.
Sabe-se que tanto as algas vermelhas como as marrons contêm elicitores. Como exemplo pode-se citar a gama-carragena, um polissacarÃdeo sulfatado encontrado na parede celular de algas marinhas vermelhas que induz acúmulo de ácido salicílico que, por sua vez, desempenha papel central na defesa das plantas contra o ataque de microrganismos.
Resistência vegetal
O ácido salicílico pode ser considerado um mensageiro que ativa a resistência contra patógenos, incluindo a síntese de proteínas relacionadas com a destruição dos agentes estranhos, como o polímero linear de β-1,3-glucana, chamado de laminarana, extraÃdo e purificado da alga marrom Laminaria digitata.
Também estimula a formação de ácido salicílico. Ainda, derivados de Fucanas sulfatadas, componentes estruturais de paredes celulares de algas marinhas marrons, têm atividade elicitora, estimulado a formação da fitoalexina escopoletina.
Em relação aos extratos de algas Ascophyllum nodosum, estudos bioquímicos com plantas tratadas com tais produtos mostram aumento da atividade de peroxidase e de síntese de fitoalexinas, o que promove aumento da resistência das plantas a fungos e bactérias.
Manejo
O emprego das algas na agricultura pode se dar em várias etapas: na semeadura, para melhorar o enraizamento e o desenvolvimento inicial, na fase vegetativa, na floração e na formação de grãos. O uso pode ser por fertirrigação, via drench ou por via foliar.
Em relação aos cuidados necessários para o seu emprego, pode-se referir: empregar doses adequadas, e quando o emprego for em conjunto com outros insumos, verificar se há compatibilidade quÃmica e física. Outro aspecto importante é observar as recomendações da tecnologia de aplicação: no caso de pulverização, a regulagem de pulverizadores, observar horários de aplicação, escolha de bicos adequados e, principalmente, empregar com respaldo técnico.