Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)
Entre os macronutrientes o fósforo é, ao lado do enxofre, absorvido em menores quantidades pelas culturas. Entretanto, no geral, é o elemento empregado em maior quantidade na adubação, nas condições brasileiras. Tal discrepância ocorre porque os nossos solos são, em sua maioria, originários de rochas pobres em fósforo e, ainda, têm alta capacidade de retenção de tal elemento em formas não disponíveis às plantas.
São solos ácidos, com predominância de minerais de argila 1:1 e, geralmente, com alta disponibilidade de cobre, zinco, ferro, manganês e alumÃnio que indisponibilizam o elemento em questão às plantas.
Disponibilidade
A quantidade prontamente disponível de P para as plantas, em nossas condições, é baixa, havendo a necessidade de solubilização para suprir as necessidades das culturas. O fósforo ocorre no solo na rede cristalina de minerais, como a apatita e a fosforita, ligado à matéria orgânica, fixado, não lábil (formas não disponíveis), ou lábil (aquele que, geralmente, está adsorvido às cargas eletropositivas solos) e solúvel. O lábil e solúvel são as frações que as culturas extraem do solo.
Uma vez absorvido pelas plantas, na forma de Ãon H2PO4-1, o fósforo tem as seguintes e principais funções:
ü Forma o trifosfato de adenosina ““ ATP, que é a principal rota metabólica, influenciando, assim, na quebra e síntese (fotossíntese) de carboidratos, lipÃdeos e proteínas e de outros compostos;
ü Uma pequena fração participa na composição de fosfolipÃdeos, DNA, RNA nucleotÃdeos, etc.
O fósforo tem participação essencial no metabolismo do nitrogênio (N), o que condiciona uma relação de sinergismo entre ambos: o aumento no suprimento dos dois nutrientes promove maiores aumentos de produção do que oferta maior suprimento de cada um separadamente.
Os teores de fósforo disponível às plantas afeta a absorção e o aproveitamento de qualquer nutriente: para os íons atravessarem a membrana celular há necessidade de energia, que se traduz, literalmente, pela necessidade de ATP.
A deficiência de fósforo influi diretamente na fotossíntese e na produção de energia, portanto, qualquer elemento que for absorvido ativamente pode ter sua absorção afetada pelo suprimento de fósforo.
Em resumo, o fósforo é um nutriente fundamental para qualquer espécie vegetal: atua como fonte de energia (principalmente na forma de Adenosina Trifosfato ““ ATP), e entra na estrutura dos ácidos nucleicos ““ DNA e RNA, participando, assim, na transmissão e armazenamento das informações genéticas.
Mais que atuante
Assim, o nutriente em questão participa ativamente do metabolismo vegetal: atua na fotossíntese, na formação e quebra dos açúcares, lipÃdeos e proteínas. É vital na geração de energia e fundamental para o enraizamento, desenvolvimento vegetativo, floração e frutificação de qualquer plantio.
O fósforo é um nutriente extremamente importante para o enraizamento, floração e frutificação. Sua deficiência promove a redução de crescimento e, inicialmente, a modificação da coloração normal das plantas, que ficam com as folhas mais escuras.
Quando os níveis de fósforo são baixos no solo e, por consequência, nas plantas, diminui a floração, a frutificação e a produção das culturas. A qualidade do produto agrícola e a resistência das plantas às pragas e doenças também sofrem prejuízo.
Os ácidos húmicos e fúlvicos
O solo pode adsorver ácidos orgânicos, como os ácidos húmicos e fúlvicos, com grande energia, ocupando os sÃtios de adsorção de fosfato e aumentando a disponibilidade deste elemento para as plantas. Esses ácidos podem também formar complexos organometálicos estáveis com Fe e/ou, Al, que são elementos que precipitam o fósforo no solo, tornando-o indisponível. Tais fatos melhoram a oferta de fósforo para a s plantas.
Outro aspecto que se reflete na melhoria da disponibilização do fósforo, é que os ácidos húmicos complexam (sequestram) o cálcio solúvel e protege os fosfatos da interação cálcio-fosfato.
Entretanto, é conhecido que o benefÃcio dos ácidos húmicos na disponibilização do fósforo é transitório, o que faz com que adições constantes de tais ácidos orgânicos no solo sejam necessárias (sempre em doses adequadas).
Tal fato deve-se à rápida mineralização de alguns ácidos orgânicos, liberando sÃtios de adsorção que retém, novamente, o fósforo no solo. Outro aspecto relevante é que os melhores resultados ocorrem quando a adição dos ácidos húmicos ocorre em conjunto com adubos fosfatados ou, ainda, quando a aplicação dos ácidos orgânicos precede a do fertilizante fosfatado.
Assim, pode-se considerar que o mais prático é a aplicação conjunta dos ácidos húmicos e adubos fosfatados, por ocasião do plantio.