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Rodrigo da Silveira Campos
Engenheiro agrônomo da AMIAGRO Produtos do Campo
Diogo Lemos Mesquita
QuÃmico da AMIAGRO Produtos do Campo
Os adubos líquidos estão cada vez ganhando mais espaço no mercado. Seu uso está se difundindo no Brasil e chamando atenção das maiores empresas do ramo. Eles promovem aumentos de eficiência do uso dos nutrientes por alguns fatores, como mais facilidade no manuseio, melhor distribuição no solo e mais eficiência agronômica pelo uso de fontes combinadas.
Desde 2011, muito se avançou no cenário de consumo de adubos líquidos no País. Os produtores estão mais conscientes quanto ao seu uso, assim como as revendas já os colocaram em suas prateleiras, ofertando-os como forma alternativa aos adubos convencionais.
Apesar de utilizarmos muito o termo “adubo líquido“, essa denominação não é consenso entre pesquisa e indústria. Muitos defendem a tese de que os adubos líquidos são, na verdade, adubos convencionais, sejam eles granulados ou não, os quais foram dissolvidos em água para sua utilização. Um exemplo seriam os sais solúveis, muito utilizados em hidroponia e fertirrigações.
Para muitos pesquisadores e técnicos o termo mais indicado seria “adubos fluidos“, sendo esse amparado pela legislação brasileira pela Instrução Normativa (IN) nº 5, de 23 de fevereiro de 2007, em que, entre outros, em seu CapÃtulo I, Artigo 1º “Aprova definições e normas sobre as especificações (…) dos fertilizantes minerais destinados à agricultura“. Nesse, os considerados adubos líquidos possuem a redação definida pelo item XI, sendo os “fertilizantes fluidos: produto cuja natureza física é líquida, quer seja solução ou suspensão“.
A IN nº 5 ainda traz muitas outras definições sobre a natureza física dos fertilizantes, como por exemplo, as definições de soluções, suspensões homogêneas e heterogêneas, e tantos outros de igual importância para um melhor conhecimento das características de cada fertilizante a ser utilizado.
Em virtude da complexidade e dinâmica no âmbito legislativo dessa instrução, é muito importante que todos aqueles que desejam adotar fertilizantes fluidos, ou mesmo entender mais sobre as definições dos fertilizantes minerais sólidos, estejam amparados por técnicos atualizados.
Apesar de existir uma definição oficial sobre fontes líquidas de fertilizantes minerais, a maioria dos produtores envolvidos acaba por tratá-lo por “adubos líquidos“. Esse termo não fere a legislação e facilita o entendimento do conceito por parte daqueles que ainda estão iniciando seus conceitos sobre o tema.
Composição
Além da própria natureza física, os adubos líquidos diferem dos convencionais pela sua composição quÃmica. Por exemplo, nos líquidos as indústrias utilizam fontes líquidas (geralmente de densidades elevadas) ou sólidas de alta solubilidade para formarem soluções ou suspensões.
Fontes de nitrogênio (N) e fósforo (P) são, na maioria das vezes, líquidas. Para estes podemos citar a aquamônia e o ácido fosfórico, respectivamente. Já o potássio (K), por ser muito solúvel em água, é apresentado na sua forma salina (KCl).
Nas formulações citadas os elementos já se encontram dissolvidos e em formas iônicas de rápida absorção pela planta, sem a necessidade de conversões pela planta ou microrganismos do solo para que sejam prontamente disponíveis.
A rápida disponibilização e assimilação dos nutrientes pelas plantas é uma das principais diferenças entre os adubos líquidos e convencionais. Com isso as perdas decorrentes de volatilização, lixiviação, arraste superficial e imobilização pela argila são drasticamente reduzidas.
Outro fator a ser considerado é a sua concentração. Os produtores devem procurar produtos concentrados, pois assim há uma maior facilidade de transporte desses adubos.
Versatilidade
Trabalhadores rurais podem, com o uso de adubos líquidos, trabalhar em terrenos acidentados com muito mais facilidade, uma vez que eles podem utilizar desde bombas costais com jato de impacto até pulverizadores (jatos) e aspersores (fertirrigação). A exposição aos sais de amônia e cloretos é reduzida, uma constante reclamação entre aqueles que fazem adubações a lanço.
O produto é de fácil absorção pela planta. Segundo alguns fabricantes, cerca de 45 minutos após a aplicação os nutrientes já começam a ser absorvidos, refletindo em respostas imediatas da lavoura.
Resultados
No caso do café, foi realizado um tratamento com adubo líquido em uma lavoura de teste da AMIAGRO Produtos do Campo, localizada no município de Castelo, no Sul do Espírito Santo, com aplicações a cada três meses, tendo início no mês de setembro de 2015 e a última no mês de março de 2016.
O Estado do Espírito Santo está sofrendo com a escassez de chuvas, que são irregulares há praticamente três anos. A preocupação entre produtores é grande, o que tem afetado inclusive aqueles que possuem sistemas de irrigação.