Marcos Ludwig
Daniel Uhry
Professores do IFRS, Campus Ibirubá
Douglas Brignoni
Rafael Nath
Acadêmicos do Curso de Tecnologia em Produção de Grãos, IFRS, Campus Ibirubá
Com a crescente demanda mundial por alimentos, torna-se cada vez maior a necessidade de produção desses alimentos. Insumos que venham a incrementar a produtividade das culturas e que causem o mÃnimo de impacto ambiental e social são os mais indicados para alavancar esta produção.
Desta maneira, é imprescindÃvel que os implementos agrícolas realizem a atividade adequadamente, destacando-se os pulverizadores, que são responsáveis pela aplicação da maioria dos agrotóxicos na área. Eles devem estar funcionando e aplicando a calda corretamente, diminuindo ou evitando a contaminação humana e o impacto ambiental.
Da forma certa
No atual cenário da agricultura, a correta aplicação dos produtos para o manejo de plantas daninhas, pragas e doenças torna-se fundamental para a manutenção do potencial produtivo da cultura. No modo de produção agrícola atual há preocupações pertinentes quanto ao massivo uso de agrotóxicos, ou a mesma molécula em monocultura, especialmente na cultura da soja, o que pode causar resistência de insetos, pragas, plantas daninhas e doenças a esses produtos químicos.
Destacam-se, assim, os cuidados com os pulverizadores, pois é o equipamento utilizado para distribuir os produtos de forma uniforme na superfície foliar ou sobre o solo, em forma de gotas. As gotas são formadas por processo físico-mecânico, que consiste em forçar a passagem da calda por um pequeno orifÃcio (ponta de pulverização), formando um espectro de gotas, de acordo com a ponta e a pressão de pulverização.
De olhos abertos
A deficiência na aferição dos pulverizadores traz sérios problemas aos produtores, como aplicações com dose de calda maior ou menor que a desejada, tamanho e espectro de gotas diferentes do recomendado, o que pode prejudicar a qualidade das aplicações e a eficiência dos produtos.
Revisões nos pulverizadores e na quantidade de calda aplicada por ponta de pulverização são recomendadas, pois com o tempo de uso ocorrem mudanças na vazão ocasionadas por desgaste das pontas, mangueiras dobradas, vazamentos, manômetro com defeito, entre outros.
Esses fatores podem comprometer a qualidade da pulverização, resultando em problemas nas culturas de interesse econômico. Tais avaliações também podem servir como indicativo da necessidade de manutenção e troca de partes dos pulverizadores.
Experimentos
Para melhor avaliar as condições dos pulverizadores na região de Ibirubá (RS), foram realizadas avaliações em pulverizadores de barras da região, onde foram observadas questões relacionadas à regulagem e calibração e também levantaram-se informações relacionas ao tempo de uso dos pulverizadores.
Na figura 1 podemos observar que 80% dos pulverizadores avaliados neste trabalho não estavam aplicando a quantidade (dose) de calda desejada. Deste modo, considerando um pulverizador regulado para aplicar 100 litros ha-1, e que na realidade está aplicando 110 litros ha-1, tem-se uma perda de eficiência operacional, devido à aplicação de 10 litros de calda ha-1 a mais que o previsto (10%).
Assim, a cada 10 ha-1 aplicados, poderia ser aplicado mais 1 ha-1 com a mesma quantidade de calda. Destaca-se também a quantidade de produto aplicado, o que pode ocasionar aumento no custo de produção. Caso o produtor deseje aplicar 100 litros ha-1 e está realmente aplicando 90 litros ha-1, a redução do princÃpio ativo na área durante a aplicação pode gerar problemas de eficiência, resultando em perdas na produtividade.
Uma correta regulagem também é muito importante para o sucesso do planejamento da produção, pois nestes casos a aplicação errônea pode provocar o uso em excesso do produto químico, que poderia ocasionar falta no momento da aplicação ou em quantidade menor que a planejada, o que aumenta desnecessariamente o custo de produção na safra e pode, inclusive, resultar em perda de produto devido a prazos de validade.
Figura 1: Variações encontradas na distribuição de calda dos pulverizadores com relação ao desejado pelos produtores.
Em campo
Com os valores dos produtos, pode-se estimar o custo extra devido à regulagem inadequada dos pulverizadores. Como exemplo, podemos usar um inseticida para controle de lagartas desfolhadoras, com custo aproximado de R$ 615,00 o litro e dose de 0,05 L ha-1 (Tabela 1).
O custo com o produto por hectare quando utilizada a dose recomendada é de R$ 30,75, porém, quando ocorre a aplicação em 10% a mais de calda, o custo de aplicação sobe para R$ 34,17/ha.