17.5 C
Nova Iorque
sábado, novembro 23, 2024
Início Revistas Grãos Agricultura 4.0 - Tecnologia digital ao alcance do agricultor

Agricultura 4.0 – Tecnologia digital ao alcance do agricultor

Silvia Massruhá

Chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A Agricultura 4.0 (Agro 4.0), também chamada de agricultura digital, é uma era na qual a produção estará cada vez mais baseada em tecnologia de ponta, conteúdo digital e conectividade.

Essa definição é uma referência à Indústria 4.0, inovação que teve início na indústria automobilística alemã e que agora conquista fábricas de diversos segmentos devido à completa automatização proporcionada aos processos produtivos.

A Agro 4.0, ou melhor, a agricultura digital e conectada, vem ajudar o produtor rural a elevar os índices de produtividade, de eficiência no uso de insumos, de redução de custos com mão de obra, e ainda melhorar a qualidade do trabalho e a segurança dos trabalhadores, além de diminuir os impactos ao meio ambiente por meio de tecnologias de ponta.

Silvia Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária - Crédito Lilian Alves
Silvia Silveira Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária – Crédito Lilian Alves

Os métodos computacionais de alto desempenho, rede de sensores, comunicação máquina para máquina (M2M), conectividade entre dispositivos móveis, computação em nuvem, métodos e soluções analíticas para processar grandes volumes de dados sistematicamente e em tempo real contribuirão para a construção de sistemas de suporte à tomada de decisões de planejamento e manejo, beneficiando tanto a parte de gestão como agronômica da propriedade rural.

Ainda que a Agricultura 4.0 seja um desafio, ela precisa acontecer. Confira as características do mercado que vão forçar essa mudança.

Os drones são a aposta da Agricultura 4.0 - Crédito Shutterstock
Os drones são a aposta da Agricultura 4.0 – Crédito Shutterstock

ü O perfil do agricultor mudou nos últimos dez anos;

ü Quem comanda as fazendas hoje, devido à sucessão familiar, é mais ávido e quer velocidade para fazer acontecer;

ü Inconformados trouxeram ideias de aplicativos do setor bancário para o agronegócio;

ü Produtores querem conteúdo e conectividade;

ü Eles entenderam que há uma forma nova de fazer as coisas;

ü Querem economia de recurso. Fazer mais com menos.

ü Há necessidade de aumentar a produção agrícola sem ampliar a área plantada;

ü Estima-se a presença de 50 bilhões de dispositivos móveis conectados à internet em 2020.

Foto 05a - colocar de fundo e a 5b recortada sobre a lavoura - As novas tecnologias chegaram para trazer mais profissional
As novas tecnologias chegaram para trazer mais profissionalização

Inúmeras possibilidades

Em nossa visão, a Agricultura 4.0 é uma possibilidade para todos os produtores. Os grandes agricultores já estão mais inseridos neste contexto, enquanto entre os pequenos e médios produtores o desafio é maior em relação à infraestrutura física, humana e de comunicação.

Estima-se que 95% do aumento da produção mundial de alimentos daqui em diante terá que vir de ganhos de produtividade e tecnologias que auxiliem o agricultor a fazer mais com menos, de modo mais eficiente, rápido e com menos custos. A agricultura digital será capaz de conectar informações e dados de modo a maximizar os benefícios de todas as outras tecnologias já existentes, e as que estão por vir.

Mais que isso, a próxima evolução da tecnologia da informação, a Internet das Coisas redefine a maneira como interagimos com o mundo físico e viabiliza formas mediadas por computação ““ até então impossíveis ““ de produzir, fazer negócios, gerenciar infraestrutura pública, prover segurança e organizar a vida das pessoas.

Foto 05bÀfrente do seu tempo

Penso que os produtores que adotam a Agricultura 4.0 saem na frente na busca pela otimização no uso dos recursos naturais e dos insumos, o que fará com que a fazenda do futuro seja massivamente monitorada e automatizada.

Sensores dispersos por toda a propriedade e interligados à internet (Internet das Coisas) gerarão dados em grande volume (Big Data) que necessitarão ser filtrados, armazenados (computação em nuvem) e analisados. A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar essa quantidade de dados e necessitará de algoritmos cada vez mais aprimorados, por meio de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva, para auxiliá-los no processo de análise.

Após a análise, o ciclo é fechado por meio de comandos remotos aos tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais apenas onde necessário para otimizar custo, produção e impacto ao meio ambiente.

Dentre as vantagens desta agricultura conectada, pode-se destacar que produtores acompanharão remotamente, de casa ou da sede da fazenda, pelo computador, tablet ou smartphone, o desempenho de suas máquinas nas lavouras por telemetria, a transmissão automática de dados via sinal de telefonia celular.

Além disso, com o apoio destas tecnologias o produtor, as cooperativas e o governo podem tomar microdecisões e macrodecisões mais assertivas, e com isso conseguir melhorar a produção agrícola com o uso sustentável dos recursos naturais e insumos, minimizando os custos e triplicando a produtividade no campo.

A agricultura digital será capaz de conectar informações para uma agricultura mais precisa e eficiente - Crédito
A agricultura digital será capaz de conectar informações para uma agricultura mais precisa e eficiente – Crédito

Realidade

Um das barreiras que a Agricultura 4.0 enfrenta é a comunicação, o sinal de celular no campo. Muitas empresas, multinacionais ou startups têm lançado ou testado suas tecnologias nas regiões sul e sudeste, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, onde a cobertura de celular na zona rural está entre regular e boa.

As empresas têm avançado para outros Estados, como Goiás e Mato Grosso, mas a tecnologia esbarra neste problema de conectividade.Além do problema de conexão no campo, um outro entrave para a Agricultura 4.0 é a mão de obra capacitada.

Um grande desafio é a capacitação para os produtores, os técnicos agrícolas, agrônomos e consultores, que terão de trabalhar com essas máquinas inteligentes e sensores no campo, saber analisar os dados gerados e transformá-los em informação e conhecimento para que o produtor possa tomar uma decisão em tempo real.

Essa capacitação é estratégica para o País e tem tido um papel fundamental e político em outros setores da economia; e na agricultura não será diferente.

 

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de junho 2017. Adquira a sua para leitura completa.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes