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sábado, novembro 23, 2024
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Agricultura de precisão ajuda no preparo do solo?

Autor

Ronaldo Pereira de Oliveira
PhD em Agricultura de Precisão e pesquisador da Embrapa Solos
ronaldo.oliveira@embrapa.br

A tendência nos últimos anos é o surgimento de soluções em agricultura de precisão. Podemos dizer que esta é uma filosofia de manejo da fertilidade do solo utilizando-se de informações exatas e precisas sobre faixas ou porções menores do terreno, tendo por objetivo aumentar a eficiência do uso de corretivos e fertilizantes nas culturas agrícolas. E o que podemos dizer dessas novas ferramentas para a importância de um bom preparo de solo?

Vamos às respostas

A Agricultura de Precisão (AP) tem em seu conceito fundamental a gestão inteligente da variação espacial e temporal dos principais fatores da produção espacial. Por exemplo: solo, planta, água, pragas, nutrientes e corretivos entre outros.

A AP deve ser entendida como um conjunto de tecnologias de campo que podem ser adotadas de forma gradual e customizada em função dos aspectos específicos de cada talhão ou de um objetivo agronômico para diferentes sistemas de produção, não havendo uma receita padrão ou definitiva, que esteja baseada apenas na aquisição de instrumentos embarcados de última geração.

Entre suas variadas aplicações, o manejo por sítio específico dos atributos físicos, químicos e biológicos da qualidade do solo é uma das técnicas básicas deste conjunto de tecnologias.

Culturas beneficiadas

Partindo do princípio de que AP é a gestão da variação da produção dentro do talhão, esta pode ser concebida sob diferentes soluções para as mais variadas culturas. Entretanto, o conjunto de instrumentos adaptados e validados em função de técnicas agronômicas específicas se encontra mais estabelecido na produção de grão e algodão.

De forma bastante avançada, as tecnologias de AP já são uma realidade que também atende a fruticultura, entretanto, mais especificamente, as culturas da cana-de-açúcar, do café, do algodão e de hortaliças.

No solo

Em relação ao manejo do solo por sítio específico, podemos destacar as novas tecnologias de sensoriamento proximal de atributos do solo. Sensores proximais do solo são equipamentos geofísicos que medem propriedades físicas, químicas, eletromagnéticas, mecânicas e outras do solo.

Exemplos de propriedades medidas incluem: condutividade elétrica, suscetibilidade magnética, resistência à penetração, constante dielétrica, umidade do solo via reflectrometria, emissão de raios gama, reflectância espectral no visível e infravermelho, fluorescência de raio X, entre outros.

Esses sensores podem ser usados diretamente no campo para medir rapidamente as propriedades do solo, as quais podem ser, então, correlacionadas com outras características do solo, por exemplo atributos químicos, físicos ou biológicos, de mais difícil e custosa medição, envolvendo coleta, preparo e análise em laboratório.

Pela sua facilidade e rapidez de uso, eles podem ser usados também para coletar um grande volume de dados em uma área de plantio, de maneira a permitir o mapeamento direto das propriedades medidas pelos sensores, ou mesmo indireto daquelas correlacionadas a essas.

Assim, pretende-se usar sensores proximais do solo para fins de correlação e mapeamento rápido e a baixo custo desses atributos ou índices medidos nas áreas, sem a necessidade de coleta e análise de novas amostras.

Manejo

Conforme argumentado anteriormente, a forma correta de manejo é dependente da realidade ambiental da área, o tipo de cultura praticada e alinhada à realidade financeira do sistema de produção. Lembrando que o manejo sempre deverá ser feito de forma integrada, considerando o máximo possível dos principais fatores de produção.

Já a produtividade depende muito da forma de adoção e da cultura produzida. Para citar um exemplo já comprovado por alguns produtores de grãos, resultados positivos podem significar um ganho de até 10 sacas por hectare, no caso específico da soja.

Vários resultados positivos podem ser observados em grandes corporações do agronegócio e cooperativas de produtores que estão adotando as tecnologias de AP de forma gradativa, ajustadas aos padrões operacionais já estabelecidos, ponderada pelo conhecimento tácito do cultivo tradicional e amplamente compartilhada (i.e.: equipamentos, dados e conhecimentos).

Erros

É um erro acreditar que um equipamento específico poderá, por si só, oferecer uma perspectiva realista das causas e efeitos das variações da produtividade dentro do talhão. Por exemplo, o manejo do solo deve ser entendido e concebido considerando os diferentes nutrientes e corretivos que promovem a qualidade do solo, de acordo com a cultura que se pretende produzir.

Não é apenas com um mapa de variação de potássio, observado em uma única safra, que se pode entender e definir um manejo adequado do solo de forma a gerir as causas das variações de produtividade.

Os mapas gerados pelos sensores de produtividade são ainda pouco utilizados e valorizados, dentro de uma realidade que deveria buscar o monitoramento contínuo ao longo de pelo menos três safras. Estes mapas precisam ser integrados com os mapas das variações dos principais nutrientes ao longo das diferentes safras para que se possa melhor entender as demandas de um balanço nutricional que atenda a cultura específica de cada sistema de produção.

Direto ao ponto

Para evitar esses erros, é importante consultar as informações já disponíveis no setor de prestação de serviços de AP e nas relevantes validações da pesquisa, sempre tendo em mente que AP é uma solução que deve ser construída de forma gradual, em médio prazo e buscando a integração das variações dos vários fatores de produção que diferentes tecnologias embarcadas podem oferecer.

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