O solo apresenta macro, meso e microvariações em sua composição física e, sobretudo, quÃmica. A variabilidade espacial dos atributos do solo, constatada em estudos que envolvem a geoestatÃstica, é ocasionada pela variação das propriedades físicas do solo, em função da variação do material pedogenético, da presença de matéria orgânica e microrganismos decompositores, resíduos de adubações anteriores, umidade, entre outros fatores.
Em outras palavras, os nutrientes estão no solo em quantidades e proporções diferentes, devido a fatores físicos, químicos e biológicos, variando a curtas, médias e longas distâncias.
Felipe Santinato, engenheiro agrônomo, pesquisador autônomo e mestrando em Produção Vegetal na Universidade Federal de Viçosa (UFV) ““ Campus Rio ParanaÃba, explica que quando se procede à amostragem de solo para determinar sua fertilidade numa área em que será instalada uma cultura, como a do café, utiliza-se a metodologia clássica de coleta de 20 amostras simples para compor uma amostra composta, a qual representará uma área uniforme de até 20 hectares.
Ele esclarece que, a partir desses dados, cabe ao engenheiro agrônomo responsável determinar as quantidades de fertilizantes a serem aplicadas na área como um todo, corrigindo níveis considerados insuficientes. Por não levar em consideração a elevada variabilidade espacial da fertilidade do solo, notadamente de fósforo (nutriente de alta complexidade em virtude de sua alta fixação no solo), aplicam-se quantidades de fertilizantes excessivas em alguns setores dessa área e insuficientes, em outros.
EquilÃbrio é fundamental
A aplicação de doses insuficientes de fertilizantes irá refletir em sintomas de deficiências nutricionais que, caso não sejam corrigidas pelas adubações de cobertura, irão reduzir a produtividade. Por outro lado, pondera Roberto Santinato, engenheiro agrônomo, pesquisador e consultor da Fundação Procafé, não menos importante, a adubação em excesso será um desperdÃcio financeiro, além de ser possível promover desequilíbrios nutricionais como os que envolvem Ca, Mg e K, bem como a elevação excessiva do pH, que indisponibilizará alguns nutrientes, como os micro, e, ainda, a possibilidade de toxidez de outros nutrientes, como o boro e outros.
“A metodologia clássica de amostragem sempre funcionou e sempre funcionará para as recomendações de adubação. No entanto, para que se tenha maior exatidão nas correções, com a finalidade de obter produtividades maiores e a aplicação de insumos de maneira racional, sem desperdÃcios, a tendência é a utilização das metodologias de amostragem atribuÃdas à Agricultura de Precisão (AP)“, define o especialista.
Resumidamente, ele explica que a AP compreende uma amostragem mais detalhada, com base em grides de amostragem pré-definidos, utilizando pontos georreferenciados. Faz-se o cruzamento dos dados obtidos nas amostragens com os pontos amostrais, realizando as interpolações e gerando mapas de atributos.
Na sequência, são criadas classes dentro dessas manchas, como teores muito baixos, baixos, médios e elevados de fósforo no solo, e suas respectivas doses ideais para correção. Por fim, aplica-se cada dose específica em cada classe de mancha.