LÃvia Creste Losi
Engenheira agrônoma
Diego Henriques Santos
Engenheiro agrônomo da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo(CODASP)
Alga é uma palavra que vem do latim e significa planta marinha. As algas são organismos vegetais, fotossintetizantes, que se alimentam dos princÃpios nutritivos do mar, portanto, possuem excelentes concentrações de sais minerais, dentre eles macro e micronutrientes essenciais às plantas, além de vitaminas, glicoproteínas e aminoácidos, que podem funcionar como bioestimulantes vegetais.
Possuem ainda hormônios vegetais como a auxina, a giberelina e as citocininas. Os extratos de algas marinhas constituem uma alternativa ao uso de fertilizantes e bioestimulantes, melhorando o desempenho das culturas. Diversos estudos têm apontado o potencial do uso dos extratos de algas para incrementar o desenvolvimento vegetal, com consequentes aumentos na produção, além de elevar a tolerância vegetal a estresses bióticos e abióticos.
Mais que vantagens
Além do aumento de produtividade, diversos trabalhos apontam que a qualidade nutricional, como o teor de vitamina C em folhas de alface, e o visual, como tamanho e coloração, bem como a qualidade medicinal de diversas culturas são afetadas positivamente pela utilização de produtos à base de extratos de algas, agregando valor aos mesmos.
Como já citado, as algas marinhas são ricas em auxinas, giberelinas e citocininas naturais, que promovem o estímulo da divisão celular, o que favorece a formação das raízes, proporcionando melhor aproveitamento da água e dos nutrientes.
Sabe-se também do potencial das algas em melhorar as condições do solo para o cultivo florestal. Esta propriedade tem sido atribuÃda ao fato de que o solo fica revestido por partículas de polissacarÃdeos que estimulam o crescimento de bactérias e fungos saprófitas, eliminando, assim, os microrganismos patogênicos.
Além disso, as algas melhoram a agregação do solo, minimizando a erosão e melhorando a aeração. Ainda deve ser lembrado que os compostos presentes nos extratos de algas estimulam a formação da clorofila e, por consequência, a própria fotossíntese, que é a fonte de toda a estrutura da planta.
Também podemos considerar os extratos de algas como agentes antiestressantes, uma vez que afetam o sistema antioxidante das plantas, aumentando a tolerância do vegetal frente a condições ambientais adversas e melhorando a capacidade de recuperação após o estresse, o que pode potencialmente incrementar, ou ao menos manter a produção das plantas, mesmo sob condições não ideais de cultivo.
Fenômeno muito comum no nordeste brasileiro, a seca também ocorre em outras regiões do País em determinadas épocas do ano, ocasionada por estiagens ou veranicos. Estudos conduzidos em viveiro, com mudas enxertadas de laranjeiras, mostraram que a aplicação do extrato de algas reduziu os efeitos do déficit hídrico sobre o desenvolvimento vegetal.
Diversos trabalhos apontam também resultados positivos frente ao calor, radiação, salinidade, baixa fertilidade do solo, geadas, doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides.
Para as florestas
Eucalipto, pinus, acácia, seringueira, dentre outras culturas florestais são afetadas positivamente, com efeitos de produtos à base de extrato de algas sobre a germinação e crescimento de plântulas já constatadas, bem como sobre o desenvolvimento de mudas propagadas por estacas.
Sabe-se que os extratos de algas afetam positivamente várias etapas do desenvolvimento das plantas, sendo a principal delas o desenvolvimento inicial (germinação e plântulas), pois é uma etapa crucial que reflete no estabelecimento em campo e na produtividade vegetal.
A aplicação de produtos à base de extratos de algas pode influenciar positivamente o desenvolvimento vegetal durante a propagação assexuada do eucalipto. Em Bofete (SP) foi conduzido experimento pela Universidade Estadual Paulista (FCA-Botucatu) visando melhorar o número e qualidade de mudas oriundas de microestacas de três clones de eucalipto (clones Euca 103 e Euca 105 de Eucalyptusurograndis e clone I 144 de Eucalyptusurophilla).
Foram utilizadas diferentes doses do extrato da alga Ascophyllumnodosum para cada um dos clones. As microestacas foram plantadas após a aplicação do extrato diretamente sobre o substrato e posteriormente, durante o período de enraizamento, também houve de três a cinco aplicações adicionais sobre o substrato, dependendo do tratamento.
A utilização do extrato de algas afetou significativamente o desenvolvimento radicular, sendo observado maior enraizamento conforme se elevava as doses do extrato da alga. Para a fitomassa seca radicular, os resultados apontaram incremento de até 82,75% quando utilizada a dose de 2mL L-1 do extrato.