Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor de fruticultura do DFF/FAAZ/UFMT
Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia/Ciência do Solo
A geada é conhecida agronomicamente como fenômeno atmosférico que provoca a morte das plantas ou de suas partes (folhas, caule, frutos, ramos), em função da baixa temperatura do ar, que acarreta congelamento dos tecidos vegetais, havendo, ou não, formação de gelo sobre a planta.
A morte pode ser causada tanto por ventos muito frios soprando por muitas horas, como pelo resfriamento a partir do ar muito seco. Este processo acontece pela perda de calor dos órgãos vegetais, ficando as suas temperaturas próximas das do ar naquele momento.
As soluções aquosas presentes nos tecidos vegetais geralmente não congelam imediatamente, com o declÃnio da temperatura. Inicialmente ocorre o processo de “superfusão“ (as soluções se mantêm no estado líquido mesmo em temperaturas abaixo do ponto de solidificação).
Porém, com o contÃnuo decréscimo da temperatura, o processo de congelamento torna-se inevitável. Congelam, então, as soluções extracelulares, e assim sendo, a água começa a sair das células em resposta a um gradiente de potencial químico.
Os protoplastos sofrem, assim, uma desidratação que pode levar a danos irreversÃveis. Pode ocorrer desnaturação de proteínas nucleares, transição de fase das membranas celulares e até a perfuração destas membranas pelos cristais de gelo, nos tecidos das plantas mais sensÃveis.
O congelamento intracelular, se existir na natureza, deve restringir-se aos tecidos mais sensÃveis e às taxas mais elevadas de descida da temperatura. Este fenômeno resulta em redução na produção, produtividade e qualidade dos frutos.
Contudo, a resistência da planta/tecido será diferenciada de acordo com o seu estado de desenvolvimento.
Na macieira
Em específico para o cultivo da maçã, as baixas temperaturas no inverno são determinantes para a expansão da cultura. O desenvolvimento da macieira é condicionado pelo ciclo anual da temperatura, pois as baixas temperaturas no outono induzem a planta a entrar em dormência, ao passo que, depois de completada a exigência em frio durante o inverno, ocorre a brotação e a floração.
Porém, como no Brasil os invernos são amenos e irregulares, a brotação e o reinício do período vegetativo são, muitas vezes, irregulares.
O potencial climático para o cultivo da macieira está diretamente relacionado ao total de frio que ocorre entre os meses de maio e setembro. Na fase de floração e polinização, temperaturas inferiores a 10°C retardam o crescimento do tubo polÃnico, diminuindo a quantidade de frutos que vingam.
A ocorrência de geadas ou temperaturas entre -3 e -1°C, durante a floração ou próximo a ela, pode causar sérios prejuízos à produção e à qualidade dos frutos, devido à morte e queda de flores e frutos recém-formados ou à formação, na epiderme, do distúrbio denominado “anelamento de russeting“. Outro problema é que as baixas temperaturas desfavorecem a atividade das abelhas e de outros insetos polinizadores.
Influência da temperatura
A temperatura nas duas ou três semanas após a floração influencia a forma dos frutos: temperaturas baixas favorecem a sua elongação, enquanto geadas tardias, após a floração/ frutificação podem comprometer a produção.
As consequências econômicas das geadas, no período de suscetibilidade da macieira, variam de acordo com a intensidade das mesmas: geadas severas podem danificar todas as flores ou frutos novos, enquanto as geadas leves podem reduzir parcialmente a carga de frutos.
Os aminoácidos
O uso de aminoácidos na agricultura tem sido praticado por várias décadas, no Brasil e no mundo, em diversas culturas. Estes são moléculas de características estruturais em comum, formados por um carbono central, quase sempre assimétrico, ligado a um grupamento carboxila (COOH), um grupamento amino (NH2) e um átomo de hidrogênio.