17.5 C
Nova Iorque
domingo, novembro 24, 2024
Início Revistas Grãos Aminoácidos reduzem fitotoxicidade do cafeeiro

Aminoácidos reduzem fitotoxicidade do cafeeiro

 

O aminoácido é um redutor de estresse, por ajudar no processo de regeneração do tecido lesionado por essa condição

Aminoácido reduz fitotoxicidade do cafeeiro - Crédito Divulgação Agrishow
Aminoácido reduz fitotoxicidade do cafeeiro – Crédito Divulgação Agrishow

Todas as culturas, inclusive o café, que são submetidas às aplicações de herbicidas, ou até mesmo de micronutrientes via folha, sofrem estresse, ocasionando a chamada fitotoxicidade. “A fito, como comumente a chamamos, é causada pelo adjuvante que é colocado na solução junto com fungicidas, herbicidas e inseticidas. Os adjuvantes causam danos às estruturas celulares, fazendo com que a planta produza radicais livres, reduzindo o crescimento da planta“, justifica Evandro Binotto Fagan, pesquisador e professor do Centro Universitário de Patos de Minas ““ UNIPAM.

Diante disso, o professor diz que os agricultores usam como alternativa os aminoácidos, que são fórmulas prontas do metabolismo de assimilação do nitrogênio pela planta.

Como funciona

A planta precisa absorver o nitrato no solo, que é a forma mais fácil de absorção do nitrogênio. Em seguida o nitrato precisa ser assimilado, incorporado em moléculas orgânicas para dar origem aos aminoácidos, para que a planta produza estruturas de proteínas e assim consiga se manter viva.

Por causa dos estresses, a planta apresenta degradação de várias estruturas, inclusive de proteínas e aminoácidos, muitos dos quais são utilizados pela planta para minimizar os efeitos do estresse, como a prolina, que tem um efeito muito positivo, chamado osmorregulador. Evandro Binotto explica que este aminoácido é o responsável por reduzir os efeitos negativos do estresse hídrico por herbicida, dentre vários outros.

“Naturalmente a planta produz os aminoácidos, mas quando se aplica via folha uma mistura, o vegetal se torna capaz de utilizá-los como matéria-prima para produção de outros tipos que são essenciais para o metabolismo. Ou seja, a planta consegue remodelar o seu metabolismo para produzir aminoácidos que sejam necessários para determinadas situações de estresse. Algunsprodutos já têm sua concentração de aminoácidos mais elevada, inclusive de glicina betaína, um aminoácido (N-metilado)extremamente importante como regulador de estresse da planta“, detalha o especialista.

Sintomas da fitotoxicidez

Ao enfrentar a fitotoxicidez a folha do cafeeiro apresenta lesões necróticas, com pontos pretos e amarelados. Esses efeitos aparecem de um a dois dias após as aplicações de defensivos, e são facilmente perceptíveis.

O professor alerta que, ao se tratar de produtos sistêmicos, é preciso um cuidado maior, pois eles causam maiores danos à planta, exigindo a aplicação de aminoácidos mais regularmente para reverter o quadro de fitotoxicidade da planta.

“O efeito inicial é que a folha fica amarelada, ou clorótica, com pontos necrosados (pontos pretos), indicando onde os produtos atingiram, por estarem em maiores concentrações“, identifica Evandro Binotto. Ainda segundo ele, se produtos que reduzem o estresse não forem utilizados, a produção pode cair. A perda de produtividade acontece, principalmente, nas épocas de picos de estresse ambientais, como seca e levadas temperaturas do ar.

Entretanto, se a planta está em condição normal, a necessidade do aminoácido é pouco percebida. Isso porque a planta já terá uma reserva de nitrogênio em seu interior, possibilitando contornar o problema.

Binotto lembra que o aminoácido é um redutor de estresse, por ajudar no processo de regeneração do tecido lesionado por essa condição. “Durante o período de estresse a planta diminui a assimilação de nitrogênio e a aplicação de aminoácido fornece à planta o nitrogênio na “forma pronta“. Então, ao invés da planta gastar energia para transformar o nitrogênio em aminoácido, assimilar esse nitrogênio e incorporá-lo em moléculas orgânicas, ela o receberá de uma forma prontamente utilizável“, reforça.

 

Fitotoxicidez causada por herbicidas - Crédito Cristiano Soares de Oliveira
Fitotoxicidez causada por herbicidas – Crédito Cristiano Soares de Oliveira

Quando aplicar

Normalmente, a aplicação de aminoácidos deve acontecer sete dias após a aplicação do herbicida, que é quando a planta apresenta mais resposta. “Isso quer dizer que durante esses sete dias ela sofre vários danos, mas primeiramente a planta precisa adaptar-se à condição de estresse para estar mais responsiva, conseguindo absorver e otimizar o que tem“, justifica Evandro Binotto.

As dosagens devem seguir as recomendações dos produtos comerciais, pois cada um deles tem concentrações variadas, com composições de aminoácidos e matéria orgânica. Mas, no geral, o professor diz que as concentrações que as plantas recebem são da ordem de 1,5L ha-1de produto comercial, que equivale a concentrações de aminoácidos que variam de3 a 300 mg por litro.

“Essa dose é variável de acordo com o tipo de produto, pois nem sempre o aminoácido vai sozinho. Geralmente ele será acompanhado com o micronutriente que ajuda nessa bioativação fisiológica da planta, inclusive manganês, zinco e cobre, que são elementos muito importantes para atuar nesse processo“, pontua.

Custo

O custo da aplicação, assim como a dosagem, varia de acordo com o produto. “Na soja ele custa de R$ 20,00 a R$ 30,00por hectare, enquanto no café o custo pode chegar a atéR$ 50,00por hectare.O preço do produto depende da qualidade dos micronutrientes que serão quelatizados e incorporados junto com esses aminoácidos e de demais aditivos, como sacarídeos e substâncias húmicas“, finaliza Evandro Binotto.

Essa matéria você encontra na edição de junho da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes