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Aminoácidos reduzem fitotoxidades no mamoeiro

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU

ferbacilieri@zipmail.com.br

Roberta Camargos de Oliveira

Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia

robertacamargoss@gmail.com

João Ricardo Rodrigues da Silva

Engenheiro agrônomo

joaoragr@hotmail.com

 Crédito Brapex
Crédito Brapex

O manejo fitossanitário na cultura do mamão (Caricapapaya L.) emprega diversos tipos de tecnologias, principalmente os defensivos agrícolas, que são utilizados para garantir a proteção das plantas. Porém, como consequência do uso incorreto destes produtos, de fatores ambientais e da tecnologia de aplicação, pode ocorrer o efeito conhecido por fitotoxidez.

Fitotoxidez nada mais é que a intoxicação das plantas por concentração excessiva de ingrediente ativo nas folhas, que causa queima ou destruição das células, resultando, em alguns casos, em sintomas visuais. Em outros casos, os danos não são percebidos visualmente, mas as plantas encontram-se em estresse e, por meio de análises fisiológicas e bioquímicas, pode ser constatada a fitotoxidez oculta.

Em condição de fitotoxidez ocorre a produção e concentração de radicais livres ou espécies reativas de oxigênio (EROs) dentro das células e compostos como ânions superóxido (O2), peróxido de hidrogênio (H2O2), radical hidroxila (OH) e ozônio (O3) vão prejudicar o funcionamento das células devido ao processo de peroxidação de lipídios da membrana celular, além de desencadearem a produção de etileno, que é o hormônio do estresse para as plantas.

Acima dos limites

A intensidade (quantidade de produto que está intoxicando o mamoeiro) e a duração (período de tempo em que a cultura está em estresse) irão determinar os prejuízos causados pela fitotoxidez.

O primeiro manejo para auxiliar na rápida recuperação é cessar o agente causador, por isso os produtores e técnicos precisam ficar atentos e evitar os produtos ou misturas que ocasionam fitotoxidez ao mamoeiro, por se tratar de uma planta muito sensível.

As plantas possuem eficientes sistemas de desintoxicação para recuperarem-se dos efeitos adversos causados por fungicidas, bactericidas, inseticidas, nematicidas ou herbicidas, que podem ser favorecidos pelo uso de produtos voltados ao manejo fisiológico, como os bioestimulantes.

Umas das definições encontradas na literatura sobre bioestimulantes os definem como “misturas de reguladores vegetais, ou de reguladores vegetais com outros compostos de natureza bioquímica diferente, como aminoácidos, nutrientes e vitaminas“.

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Entenda melhor

Os aminoácidos são compostos que as próprias plantas produzem, porém, em condição de estresse, como fitotoxidez, essa produção fica comprometida, uma vez que o processo de síntese exige grande quantidade de energia.

A função fisiológica dos aminoácidos é variada para cada tipo, podendo atuar de forma estrutural na formação de proteínas, como mensageiros para DNA e RNA ou agentes metabólicos, como precursores de enzimas e hormônios.

Os produtos à base de aminoácidos podem ser divididos em duas categorias principais: proteínas hidrolisadas, consistindo de uma mistura de peptídeos e aminoácidos de origem animal ou vegetal, e aminoácidos individuais, tais como o glutamato, glutamina, prolina, cisteína, glicina,betaína, arginina, entre outros.

Quando observados sintomas de fitotoxidez no mamoeiro, como lentidão no crescimento, engrossamento de raízes, redução do porte, clorose, despigmentação, necrose e deformação das folhas, ou ainda em situações de fitotoxidez oculta, o fornecimento exógeno pela aplicação de aminoácidos via foliar ou raiz pode ser extremamente benéfico para a recuperação mais rápida das plantas.

Um exemplo de aminoácido importante para recuperação de fitotoxidez é a cisteína, fundamental para a assimilação de enxofre nas plantas, sendo precursora da glutationa, um forte composto antioxidante que atua direta e indiretamente na neutralização de radicais livres e ajuda na recuperação em situações de fitotoxidez.

Outro aminoácido que pode auxiliar na recuperação de fitotoxidez é a arginina, considerado importante para síntese de poliaminas, um grupo de compostos descritos como novos hormônios vegetais envolvidos em processos relacionados à prevenção da senescência e proteção da clorofila, além de serem eficientes antioxidantes.

A vitamina C ou ácido ascórbico (AA) também é um poderoso composto antioxidante sintetizado a partir da glicose, portanto, dependente da fotossíntese para sua produção. Os aminoácidos glicina e lisina têm efeito na produção e ativação da clorofila e podem favorecer a fotossíntese das plantas para maior produção de AA e consequente recuperação em condições de fitotoxidez.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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