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Fernando Simoni Bacilieri
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Rafael Tadeu de Assis
Engenheiro agrônomo, mestre e professor do curso de Agronomia do Centro Universitário de Araxá (Uniaraxá)
Os componentes básicos das células vivas são as proteínas e as suas unidades básicas são os aminoácidos. Os elementos fundamentais para produção de aminoácidos pelas plantas são carbono e oxigênio, que são obtidos a partir do ar, o hidrogênio oriundo da água do solo, e carboidratos, que são produzidos por meio da fotossíntese, combinados com o nitrogênio que as plantas obtêm a partir do solo.
As plantas exigem uma grande quantidade de energia para sintetizarem os aminoácidos e em condições de estresse esse processo pode ser comprometido. Estresse vegetal pode ser definido como um fator externo que exerce influência desvantajosa às plantas.
São divididos em estresses de origem biótica, como ataque de pragas, doenças, nematoides, vírus, competição com ervas daninhas, entre outros, ou causados por fatores abióticos, com destaque para estresses provocados por seca, calor ou deficiência de nutrientes, que são os fatores mais limitantes para a produção das culturas ao redor do mundo.
Podem ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento das culturas, tendo duração e intensidades variadas, por isso, deve-se ter em mente que dificilmente as plantas trabalham dentro de condições ótimas durante todo ciclo.
Vantagens
A aplicação de aminoácidos traz uma grande economia de energia que a planta precisaria gastar para produzi-la e, desta forma, esta energia fica disponível e pode ser direcionada para ser utilizada em inúmeros processos bioquímicos e fisiológicos que visam o crescimento, desenvolvimento e a produção vegetal.
Os aminoácidos podem proporcionar vários benefícios quando fornecidos às plantas, entre eles:
- Estimulam a germinação, enraizamento e o vigor inicial;
- Proporcionam metabolismo mais equilibrado das plantas;
- Atuam na síntese e ativação da clorofila, mantendo a fotossíntese ativa;
- Reduzem a fitotoxicidade de determinados defensivos agrícolas;
- Promovem maior tolerância das plantas ao ataque de pragas e doenças;
- Aumentam a absorção e a translocação dos nutrientes para as plantas;
- Participam diretamente do transporte de nutrientes pelo floema;
- Aumentam a síntese de proteínas;
- São precursores de hormônios vegetais;
- Promovem maior tolerância ao estresse de origem biótica e abiótica.
Culturas beneficiadas
A agricultura tem caminhado principalmente para os pequenos detalhes, a fim de que os produtores possam produzir com qualidade e colher cada vez mais. Para que se aumente ainda mais a produtividade das lavouras, cultivares mais produtivas, práticas adequadas de manejo e novas tecnologias de nutrição e fisiologia de plantas têm que fazer parte das atuais atividades agrícolas.
De maneira geral, qualquer cultura pode ter resposta positiva em consequência da aplicação de aminoácidos, porém, culturas de ciclo curto e de crescimento indeterminado que apresentam processos fenológicos, como desenvolvimento da parte aérea e raiz, florescimento e frutificação ocorrendo simultaneamente tendem a ser mais beneficiadas pelo fornecimento destes compostos.
A utilização de aminoácidos aumenta de importância à medida que o potencial genético das culturas é elevado e os fatores ambientais limitantes não são possÃveis de serem controlados.
Quando aplicar
Quando a cultura estiver condicionada por limitações ambientais ou em momentos crÃticos do seu desenvolvimento, a utilização de tecnologias avançadas, como o emprego dos aminoácidos, pode proporcionar resultados altamente compensadores.
Para a maior eficiência na aplicação, é fundamental saber quais aminoácidos estão presentes nos produtos e qual a função de cada um para posicioná-los corretamente e resultados satisfatórios serem atingidos.
Os produtos compostos por aminoácidos enquadram-se na proposta de adubação estimulante, uma vez que este tipo de adubação representa uma ajuda de curta duração, não substituindo programas convencionais de nutrição aplicados via solo, mas muito eficazes no auxÃlio da melhoria dos processos fisiológicos das plantas. Os aminoácidos são aproveitados pelas plantas quando fornecidos via sementes, via foliar ou pela raiz.
O tratamento de sementes com produtos à base de aminoácidos, associados ou não a micronutrientes, pode ser uma estratégia importante para auxiliar na germinação das sementes. Nos tecidos de reserva, as proteínas são hidrolisadas por proteases e peptidases, gerando aminoácidos que são transportados até o eixo embrionário.
Os aminoácidos serão a base de construção das proteínas do embrião para o crescimento da parte aérea e de raízes da planta. Esse processo é determinante para a formação da nova plântula e das raízes laterais, sendo governado principalmente pelo hormônio auxina. Assim, a ação de aminoácidos como o triptofano promoverá a produção de auxina e resultará em melhor crescimento e enraizamento das plantas.
No período vegetativo a aplicação via foliar de aminoácidos como a glutamina, glutamato, asparagina e aspartato são vantajosos, pois estes aminoácidos servem como importantes carreadores de nitrogênio, tendo um papel fundamental na exportação e distribuição deste nutriente nas plantas.
Tais aminoácidos são também precursores não só das principais famílias de aminoácidos proteicos, como também de outros compostos nitrogenados fundamentais, como a clorofila, os ácidos nucleicos e as poliaminas.