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Amora – Do plantio à colheita

Aniela Pilar Campos de Melo

Engenheira agrônoma, mestre e doutora em Produção Vegetal

aniela_pcdmelo@hotmail.com

 

Crédito Luis Correa Antunes
Crédito Luis Correa Antunes

A amoreira se desenvolve em uma ampla gama de solos, por se tratar de uma planta rústica com boa adaptabilidade. Os melhores desempenhos produtivos ocorrem em solos profundos, bem drenados e ricos em matéria orgânica (teores de 02 a 4,5%). O sistema radicular não tolera solos encharcados (deve-se evitar solos muito argilosos ou com tendência a alagamento), áridos e rasos.

Os solos para a produção de amora devem apresentar pH numa faixa de 5,5 ““ 7,5 e saturação de base superior a 70%. Plantas de amora presentes em solos com pH superior a 7,5 normalmente exibem clorose devido à deficiência de ferro.

Período de frutificação

A amoreira é uma frutífera de clima temperado. Logo, necessita de temperaturas baixas no inverno para superação de dormência de gemas e subsequente florescimento. Durante a primavera e o verão, os ramos se desenvolvem vegetativamente. No inverno há senescência das folhas, culminando na emissão de novas brotações.

Esses novos brotos são reprodutivos e dão origem a flores e frutos. Normalmente a planta começa a produzir frutos 18 meses após o plantio.

No Rio Grande do Sul (Vacaria e Pelotas), o florescimento ocorre a partir da segunda quinzena de agosto e se estende até o final de setembro. A frutificação se estende de novembro até início de fevereiro. Já no Estado de Minas Gerais, em regiões de clima temperado de altitude, com inverno ameno (Lavras), o florescimento pode ocorrer em julho e a frutificação pode se iniciar em setembro, estendendo-se até janeiro.

Variações nas fases fenológicas de florescimento e frutificação de amoreira-preta é comum. Isto está relacionado a fatores genéticos (cultivares), climáticos (temperatura e fotoperíodo) e do sistema de produção empregado (forma de condução, frequência e intensidade de podas, manejo nutricional e fitossanitário).

Plantio

As sementes de amora apresentam germinação espontânea, mas a propagação sexuada não é recomendada para fins comerciais. Desta forma, a produção de mudas deve ser vegetativa (assexuada), principalmente por meio de estaquia.

A estaquia é um processo prático, rápido e econômico para a produção de mudas de amora. Proporciona uniformidade entre as plantas e redução do período juvenil. No entanto, deve-se ressaltar que esta falta de variabilidade genética pode ser problemática caso haja problemas fitossanitários (pragas e doenças).

As mudas são obtidas por meio de estacas de raízes, estacas herbáceas e estacas lenhosas. As estacas de raízes podem ser obtidas por meio do arranquio de raízes da planta-mãe. Deve-se selecionar raízes com diâmetro de 3 mm e os pedaços de raízes devem conter de 10 a 15 cm.

Alguns perfilhos ou brotos podem surgir das raízes devido às capinas nas linhas. Eles também podem ser aproveitados para a produção de mudas, mas deve-se usar perfilhos com tamanhos uniformes e observar a sanidade e o status nutricional da planta-mãe. Se ela estiver estressada, estes perfilhos podem apresentar baixo vigor.

Crédito Embrapa Clima Temperado
Crédito Embrapa Clima Temperado

Plantio com semente

Embora as sementes germinem espontaneamente, é desaconselhável o estabelecimento de plantios comerciais a partir de mudas oriundas de sementes. Além do maior custo, a alta variabilidade genética favorece a desuniformidade entre as plantas. Ainda, observa-se um maior período para ocorrência de florescimento e frutificação. Desta forma, não há viabilidade do plantio com semente.

Plantio por enraizamento

O plantio por enraizamento ocorre via enraizamento de estacas herbáceas. Este processo pode ocorrer por duas formas.A primeira consiste no enraizamento de ramos herbáceos por mergulhia. Basta enterrar um pedaço de um ramo herbáceo sem separá-lo da planta-mãe. Este ramo só será retirado da planta-mãe quando enraizar. A partir daí, essa estaca enraizada é separada e transportada ao viveiro para a produção da muda.

Outra forma de aproveitamento das estacas herbáceas consiste em retirar os ramos vigorosos da planta-mãe. As estacas herbáceas devem possuir 20 cm e duas ou três folhas. Esta estaca deve ser tratada com auxinas (ácido indolbutírico) e plantada em areia. Para o pegamento destas estacas deve-se usar nebulização para proporcionar umidade de quase 100% ao ambiente.

Oferta x demanda

No geral, a produção de amora no Brasil concentra-se de setembro a fevereiro. Não há oferta interna fora deste período. Assim, deve-se delinear estratégias para viabilizar a produção fora de época, pois a remuneração pode ser de até 700% maior do que na safra.

A produção fora de época da amoreira é possível para cultivares que tenham baixo requerimento em frio para a brotação e que exibam período curto de florescimento e frutificação. Uma alternativa que vem sendo estudada consiste no uso de ambiente protegido com a finalidade de produção extemporânea da amora.

 

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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