Roberta Camargos de Oliveira
Fernando Simoni Bacileri
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
José Magno Queiroz Luz
Engenheiro agrônomo, doutor e professor do curso de Agronomia na UFU
A alface (Lactuca sativa) é considerada a hortaliça folhosa mais consumida no mundo, sendo componente básico em saladas. Fonte de vitaminas e sais minerais e de baixo valor calórico, está presente em dietas que promovem melhoria da saúde.
É a hortaliça mais cultivada por pequenos produtores, devido ao fácil manejo, ciclo curto, rápido retorno financeiro e maior número de cultivos por ano em relação a outras hortaliças. O dinamismo nos tratos culturais e a alta produtividade por área incorpora importância econômica e social à cultura.
A adaptação a diversos ambientes, o baixo custo de produção, a pouca suscetibilidade a pragas e doenças e a comercialização segura também são características importantes para o crescente cultivo de alface.
Profissionalismo da atividade
Com o uso intensivo de adubos minerais e defensivos, o manejo das lavouras vem sendo questionado nos últimos anos, em virtude das contradições econômicas e ecológicas. Somado a isso, os consumidores em geral buscam, cada dia mais, obter alimentos de boa qualidade e que sejam produzidos de maneira sustentável e natural, com uso menor e mais racional de insumos químicos.
Desta forma, o comprometimento em toda a cadeia produtiva é crescente, em vista de produções que preservem o meio ambiente, utilizem todo o potencial dos recursos disponíveis e reduzam a exposição dos trabalhadores e consumidores a agroquímicos.
Nutrição
O fornecimento de nutrientes às plantas é um dos fatores mais importantes para obter elevada produção e boa qualidade das plantas cultivadas. Os adubos orgânicos apresentam relevantes benefícios para o solo e plantas, porém, como a liberação dos nutrientes ocorre de forma lenta, a produtividade de culturas de ciclo curto e com alta extração de nutrientes, como a alface, pode ser muito prejudicada, portanto, a adição de fertilizantes minerais se faz necessária.
A combinação entre adubos orgânicos e fertilizantes minerais formando o fertilizante organomineral é uma alternativa de fertilização interessante e com ampliação nos últimos anos.
O enriquecimento dos produtos promovido pela junção dos benefícios de cada fonte fornece um produto sustentável e econômico, sendo reconhecido principalmente pelos produtores de culturas de ciclo rápido.
Opções
Grande parte dos produtos disponíveis no mercado está em forma líquida, para aplicação foliar ou em fertirrigação, no entanto, já existem em forma granulada (“pellet“), com formulações iguais ou semelhantes às formulações NPK dos fertilizantes químicos tradicionais, e também são aplicados no plantio.
Trabalhos realizados com diferentes fontes e combinações entre organominerais em alface têm demonstrado resultados positivos e promissores, tanto para a formação de mudas quanto para o crescimento das plantas a campo e em hidroponia, especialmente em aplicações foliares.
Pesquisadores ressaltaram relações entre o maior diâmetro e peso de cabeça promovido pela aplicação desta modalidade de fertilizante aos ganhos de produtividade.
Combinação de fertilizantes orgânicos e minerais
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Propriedades físicas do solo:
- Melhoria na estrutura, aeração, armazenamento de água e drenagem interna do solo;
- Redução nas variações bruscas de temperatura do solo, favorecendo os processos biológicos do solo e a absorção de nutrientes pelas plantas.
Propriedades químicas do solo:
- Fornecimento gradual ao solo de macro e micronutrientes essenciais às plantas presentes nos componentes orgânicos;
- Aumento do teor de matéria orgânica do solo.
Propriedades físico-químicas do solo:
- Melhoria na adsorção de nutrientes (retenção de cátions, com diminuição de perdas por lixiviação de nutrientes causada pela chuva ou pela irrigação);
- Aumento gradativo da capacidade de troca de cátions (CTC) do solo.
Propriedades biológicas do solo:
- Aumento na biodiversidade de microrganismos úteis que agem nos fertilizantes promovendo a liberação dos nutrientes para as plantas;
- Aumento na quantidade de microrganismos que auxiliam no controle de nematoides, que são pragas que atacam as raízes das plantas.