Rafael Diego Nascimento da Costa
Coordenador do Programa de Irrigação do SENAR
A nossa agricultura tem utilizado a sustentabilidade para assegurar a produção de alimentos, fibras e energia para todo o mundo. Para isso, dependemos cada vez mais de práticas racionais e eficientes no uso e conservação da água.
A eficiência da irrigação é a relação entre a quantidade de água captada da fonte e o quanto a planta absorve. Alguns estudos mostram que a eficiência total dos sistemas de irrigação no Brasil está em aproximadamente 70%, enquanto que a média mundial está abaixo dos 60%.
No Brasil, além dos métodos de irrigação, é possível também economizar água na agricultura por meio do reaproveitamento e armazenamento do recurso hídrico. Queremos que o irrigante possa conhecer as alternativas e técnicas de manejo do solo, da cultura e da irrigação que farão a eficiência aumentar para a casa dos 90%.
Essa é a contribuição do SENAR para o produtor rural – oferecer um programa de capacitação em agricultura irrigada baseado na gestão dos sistemas de irrigação visando melhorar a eficiência, a eficácia e a efetividade do uso dos recursos hídricos e energéticos do País.
Antigamente a tecnologia que o produtor tinha para utilizar no campo era a da “ponta da bota“, de forma bem empÃrica. Se o solo estivesse seco, o agricultor ligava a irrigação sem nenhum outro parâmetro.
Hoje, temos várias ferramentas que tornam a eficiência da irrigação uma realidade. São sensores e equipamentos que medem o teor de umidade no solo, na planta e na atmosfera. Essas ferramentas calculam, a partir da coleta de dados, a quantidade necessária e o tempo em que a irrigação deve ficar ligada, fornecendo com segurança a quantidade de água que a planta precisa para se desenvolver e atingir a máxima produtividade.
Melhor aproveitamento da água
Quando a escassez não é problema o excesso de chuvas também pode prejudicar. Vários produtores já tiveram safras destruÃdas pela ocorrência de fortes chuvas. Logo, o aproveitamento da água não deve ocorrer somente no período de escassez, mas também no período de chuvas. É interessante termos investimentos na captação e armazenamento da água quando existir o excesso de chuvas.
Já na irrigação devemos utilizar ferramentas que auxiliam a tomada de decisão para termos a utilização da água na quantidade e no momento certo. Sensores de solo que medem a umidade de água são uma dessas ferramentas que facilita o processo, manejando a quantidade disponível entre os seus níveis mÃnimos e máximos.
Equipamentos que auxiliam na coleta de dados de precipitação e temperatura, além da necessidade da cultura, também são de grande relevância, pois determinarão com mais precisão a lâmina d´água a ser aplicada.
Outra tecnologia que pode ser utilizada é a técnica de irrigação deficitária, que consiste em irrigar somente o economicamente viável. Ou seja, na cultura do milho, por exemplo, com demanda hÃdrica de 800 mm, você pode manter a lâmina d’água a 90-95% dessa quantidade, dependendo da fase de crescimento da planta. Assim,poderá se alcançará economia de água com a produção segura.
Vantagens da automação
A automação do sistema de irrigação melhora o aproveitamento da água porque com ela se reduz as falhas de operação do sistema, evitando o rompimento de adutoras e facilitando a operação noturna, o que melhora a eficiência de aplicação pela diminuição da evaporação, pelo uso do tempo correto de aplicação e da perda por percolação rápida, além, é claro,de se reduzir os custos com mão de obra para o agricultor.
Outra grande vantagem é a fertirrigação, isto é, o sistema automatizado pode ser utilizado também para aplicar fertilizantes nas plantas, pois assim como nós, as plantas preferem se alimentar dos nutrientes de forma parcelada e em uma quantidade ideal.
O sistema automatizado pode diminuir os custos com a aplicação convencional dos nutrientes e promover a melhoria da absorção pelas raízes.
Investimento
Alguns sistemas de irrigação pedem mais investimentos que outros, como por exemplo, os métodos localizados. Entretanto, esse tipo de sistema é bastante propÃcio para o cultivo de variedades de maior rentabilidade, como frutÃferas e hortaliças, sendo assim mais condizentes com os custos.
Assim, podemos estimar que o custo de implantação depende do nível de automação desejado, podendo variar de R$ 500 a 2.500/hectare. Do ponto de vista operacional, estaremos reduzindo os encargos trabalhistas e, consequentemente, melhorando as margens do produtor ou reposicionando esse funcionário em outras funções, dentro da propriedade, que necessitem da execução direta do homem.