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Armadilhas e feromônios são o controle silencioso das pragas

Márcio Fernandes Peixoto

Doutor em Agronomia e professor do IF Goiano

marciofpeixoto@gmail.com

 Crédito Edson Hirose
Crédito Edson Hirose

Ao longo da história evolutiva, vários insetos adaptaram-se às condições dos habitats criados pelo homem, tendo sucesso na transição de ambientes naturais para o agrícola. Essa transição foi possível pela habilidade dos artrópodes de utilizar os recursos alimentares, bem como de desenvolverem a diversidade da temperatura, umidade, entre outros fatores ambientais, e aos inseticidas, características do ambiente agrícola.

Monitoramentos populacionais são importantes, pois compõem uma das primeiras etapas do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que busca aumentar ou preservar os fatores de mortalidade natural.

Os levantamentos fornecem informações sobre o ciclo biológico, picos de ocorrência e densidade populacional dos insetos. O monitoramento constante permite a realização adequada de um programa de manejo de pragas, sem prejudicar o rendimento cultural, aumentando a eficiência das ações e diminuindo os custos de controle de pragas, além de reduzir aplicações de inseticidas, bem como a contaminação ambiental.

O monitoramento pode ser realizado em todas as fases do ciclo de vida do inseto. Recomenda-se observar o inseto no ambiente desde a fase responsável pela dispersão (mariposa) para facilitar o manejo durante o ciclo da cultura.

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Figura 1. Flutuação populacional de mariposas na soja em razão da captura em armadilha luminosa. Rio Verde – 2015

Fatores ambientais x desenvolvimento dos insetos

O desenvolvimento, reprodução e comportamento dos insetos são diretamente influenciados por vários fatores, entre eles a temperatura, umidade relativa, fotoperíodo e alimento.

A temperatura ótima para o desenvolvimento dos insetos varia em torno de 25ºC, sendo a faixa adequada entre 15 e 38ºC. A umidade relativa do ar está diretamente ligada à chuva que o ambiente recebe. De maneira geral, ambientes muito úmidos ou muito secos diminuem a diversidade de insetos, permitindo que só as espécies mais adaptadas persistam no local.

Lagarta Spodoptera eridania - Crédito Adeney Freitas Bueno
Lagarta Spodoptera eridania – Crédito Adeney Freitas Bueno

Os efeitos da umidade relativa são frequentemente indiretos, pois se relacionam com o desenvolvimento de doenças causadas por fungos entomófagos. As variações do comprimento do dia ou do escuro (fotoperíodo) interferem nas atividades de dispersão, reprodução e alimentação, de maneira que os danos das pragas às culturas são acentuados ou não.

Na Figura 2 percebe-se o efeito do fotoperíodo associado à temperatura e ao comportamento das mariposas no sistema agrícola no Cerrado.

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Figura 2. Efeito do Equinócio no comportamento de mariposas.

Levantamentos populacionais de insetos

Para estudos entomofaunísticos, recomenda-se a realização de amostragens por meio de armadilhas, pois além da coleta de insetos, sua utilização contempla a distribuição e a flutuação populacional deles.

Uma armadilha pode ser definida como um processo mecânico, físico ou químico que captura um organismo, para fins de controle ou monitoramento de populações de pragas. Várias são as fontes de atração de insetos. As mais usadas são fontes de luz, substâncias alimentares e feromônios.

Márcio Fernandes Peixoto, doutor em Agronomia e professor do IF Goiano - Crédito Arquivo pessoal
Márcio Fernandes Peixoto, doutor em Agronomia e professor do IF Goiano – Crédito Arquivo pessoal

No monitoramento de mariposas, além da quantidade, o importante é verificar o momento do aumento de mariposas no ambiente (Figura 3). A recomendação é que o manejo de pragas entre em ação nesse momento de início de emergência.

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Figura 3. Comportamento de mariposas em razão do tipo de armadilha.

Danos

A família Noctuidae destaca-se entre os principais grupos de mariposas, pela grande diversidade. Suas espécies relacionam-se com diversos ambientes e seus recursos alimentares incluem diversas partes vegetais em diferentes culturas de importância econômica.

De maneira geral, até 2004 a espécie de lagarta desfolhadora mais importante na cultura da soja era a Anticarsia gemmatalis. Atualmente, a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens) tem assumido o papel de principal lagarta desfolhadora na cultura.

Em monitoramentos por pano de batida tem se verificado, a partir de 2004, frequência populacional acima de 50% no pré-fechamento da cultura, sendo nas recentes safras a predominância da praga.

Em geral, não se deve deixar ocorrer desfolha além de 20%, principalmente em variedades de ciclo curto e no início do desenvolvimento das culturas, quando é essencial a área foliar para o estabelecimento do sistema radicular.

Além disso, deve-se dar atenção ao momento de fechamento de fileiras, pois a partir de então se torna difícil a ação de inseticidas por contato e ingestão.

Lagartas na cultura do algodão - Crédito Cecília Czepak
Lagartas na cultura do algodão – Crédito Cecília Czepak

Ataque

Cada espécie de lagarta ocorre segundo algumas condições ambientais. A Spodoptera tem comportamento mais uniforme ao longo do ano; a falsa-medideira tem um pico populacional na virada do ano (dezembro-janeiro) e a Heliothinae tem dois picos mais representativos – outubro e janeiro. Portanto, em razão desse comportamento se definem as táticas de manejo para cada praga nas culturas.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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