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Ataque fatal aos pomares citrícolas de Gomose de phytophthora

Autores

Gustavo Ruffeil
Doutor, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas (PA) e líder do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br
Aline Bittencourt Nunes 
Professora de Agronomia – UFRA e membro do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais

Créditos Citrus Killer

A cadeia citrícola brasileira vem ganhando cada vez mais destaque no agronegócio, dado que o Brasil desempenha função fundamental neste setor, sendo o maior produtor mundial de citros e o maior exportador de suco de laranja (Zullian et al., 2013).

Contudo, Feichtenberger & Spósito (2004) afirmam que a citricultura está suscetível a mais de 50 enfermidades que interferem negativamente na produção, dentre as quais destaca-se a gomose de Phytophthora como uma das patologias citrícolas mais importantes do mundo.

A etiologia desta doença abrange um complexo de espécies de Phytophthora, contudo, a mesma é causada principalmente pela espécie que predomina nas principais regiões produtoras do Brasil, a Phytophthora parasitica Dastur, sinonímia Phytophthora nicotianae (Breda de Hann) (Tucker) var. parasitica (Dastur) Watherh (Siviero et al., 2002).

A incidência e severidade desta enfermidade nos citros tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, podendo essa se expressar das mais variadas formas. O patógeno pode causar infecção nos troncos, ramos, raízes e radicelas (Feichtenberger et al., 2005).

Condições para a doença

O ambiente favorável para a infecção e desenvolvimento deste patógeno no hospedeiro envolve, sobretudo, altos teores de umidade no solo, umidade relativa do ar e temperatura (Feichtenberger, 2001).

Feichtenberger (2001) afirma que este pode ocasionar perdas significativas nos pomares cítricos brasileiros. Estima-se que de 10 a 30% da produção citrícola mundial seja perdida pelo desenvolvimento da doença, causada pela ação dos fungos do gênero Phytophthora (Erwin & Ribeiro, 1996).

Sintomas

De acordo com Feichtenberger (2001), os sintomas iniciais da doença se evidenciam pela presença de lesões escurecidas e a morte de pequenas seções da casca da base, galhos e raízes inferiores do hospedeiro, bem como exsudação de goma pelo fendilhamento da casca. Observa-se, ainda, uma coloração pardacenta no interior da casca da mesma.

O desenvolvimento da gomose de Phytophthora sem o devido controle pode ocasionar o apodrecimento dos tecidos, e quando a lesão envolve toda a circunferência do tronco a planta entra em rápido declínio, devido à dissipação do floema, limitando o escoamento de seiva elaborada da copa para o sistema radicular, ocasionando assim a morte do vegetal (Davis, 1988; Santos Filho, 1991; Feichtenberger, 1990; 2001).

Controle

O manejo desta patologia inclui uma série de medidas preventivas e curativas, dentre as quais tem destaque as medidas de prevenção, nas quais os principais tipos são controle genético, com a utilização de mudas sadias enxertadas e o emprego de porta-enxertos resistentes ao agente etiológico, considerado o método mais eficaz para o controle de tal patologia (Feichtenberger, 2001).

Além destes, tem-se como relevante o controle cultural, com o plantio em solos bem drenados, profundos, não sujeitos a encharcamento e erosão, uso de adubos orgânicos e manejo de irrigação, controle físico com boa aeração do solo e medidas que impossibilitem o excesso nos teores de água, matéria orgânica, nitrogênio e demais substâncias químicas no solo (Feichtenberger, 2001; Boava et al., 2003).

Já como forma de medida curativa, após o diagnóstico da doença no pomar, tem-se o controle químico. Feichtenberger et al., (2005) afirma que, por intermédio do produto fosetyl-Al, as lesões incidentes sobre os troncos e ramos podem ser controladas de forma eficaz.

Já para o controle de podridões de raízes e radicelas, recomenda-se a aplicação de metalaxyl (via solo) ou fosetyl-Al (via foliar). O autor ressalta ainda que ambos são considerados eficientes e somente podem ser aplicados na época chuvosa. No entanto, Bettiol et al. (2009) relatam que atualmente o produto fitossanitário metalaxyl não é mais registrado no País.

Inovações

Técnicas e produtos inovadores surgem no mercado como medida de controle da doença. Além disso, os pesquisadores investem em novas variedades de copas e porta-enxertos. O Programa IAC de melhoramento de variedades de copa e porta-enxerto de citros vem realizando vários experimentos visando frutos de qualidade e um vegetal resistente à patologia (IAC, 2017).

Estima-se que 90% dos citros cultivados no Brasil sejam as laranjas e, segundo o pesquisador do IAC, atualmente há uma pequena diversidade genética de variedades de copa e de porta-enxerto para esta cultura (IAC, 2017).

Visando a reversão desse cenário, o Instituto trabalha no desenvolvimento de novas cultivares de citros, tanto de copa como de porta-enxertos, e as transfere para os citricultores. Os resultados preliminares desses estudos foram apresentados no 11º Dia do Porta-Enxerto e demonstraram a Trifoliata Flying Dragon como resistente à gomose (IAC 2017).

De acordo com os estudos e experimentos de Carvalho (2000) e Feichtenberger (2001), a Citrange ‘Carrizo’, laranja ‘Azeda’ e limoeiro ‘Cravo’ são classificados como resistentes e/ou moderadamente resistentes à gomose.

Herculano et al. (2003), analisando a resistência de clones e híbridos de porta-enxertos de citros à gomose de tronco causada por Phytophthora parasitica, verificaram que os trifoliatas são porta-enxertos resistentes à gomose de Phytophthora, e os resultados obtidos pelo autor corroboram com Carvalho (2000) e Feichtenberger (2001), ao afirmar que o porta-enxerto de laranja ‘Azeda’ se revelou como resistente à patologia.

Custo

Estima-se que o custo de combate da doença com produto químico seja de 1.500 l ha-1, já que o produto químico Fosetil-Al (Registro MAPA nº 0028870) custa, em média R$ 75,00 (250 g), sendo a dose de aplicação comercial de 250 g para cada 100 L de água e o volume de calda média de 1.500 l ha-1.

Logo, para cada hectare serão necessários 15 fungicidas, totalizando R$ 1.125,00 com gastos por hectare para os produtos químicos (Agrofit, 2014). Deve-se levar em consideração que valores com maquinários agrícolas e trabalhadores são variáveis.

Já os custos para prevenção são dependentes da cultura e das variedades utilizadas, porém, é notório que estes custos são muito inferiores, se comparados aos custos de combate, já que ao realizar o controle preventivo e o manejo correto haverá um aumento significativo de produtividade.

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