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A valorização do dólar frente ao real aumenta fortemente a competitividade dos agricultores brasileiros para exportarem milho para diferentes mercados. Por outro lado, nosso principal concorrente, os EUA, perdem competitividade. Com os preços atuais, a rentabilidade dos produtores americanos está baixa
A valorização de quase 49% do dólar em 2015 tem sido bastante benéfica para os produtores brasileiros, por baratear os produtos no mercado internacional, puxando as exportações. Soja e milho registram fortes ganhos com a valorização, enquanto o café tem resultado médio.
Para Wilson Marcelo Prado, diretor da MPrado Consultoria Empresarial, as perspectivas para o milho na próxima safra são muito boas, mas cada vez mais o grão está se tornando a principal alternativa para a safrinha. Com isso, avalia,a segunda safra já está maior que a de verão. “Um ponto que precisa ser relevado é o atraso do início das chuvas, que provocará um plantio de soja mais tardio e, consequentemente, a segunda safra será plantada um pouco fora da época ideal. Assim, poderá ocorrer queda de produtividade e, como consequência, uma menor oferta, que poderá impactar significativamente nos preços desse grão“, avalia o especialista.
A todo vapor
O movimento de navios previstos para carregar grãos nos portos do Brasil em novembro deverá ser quase três vezes maior que no mesmo período em 2014, com destaque para as exportações de milho e a desvalorização do real, que melhora a competitividade de produtos brasileiros no mercado internacional.
Atualmente, há 114 navios previstos para partir de terminais brasileiros em novembro, carregando 6,63 milhões de toneladas de soja e milho, segundo dados do dia 29 de outubro, da agência marÃtima Williams, compilados pela Reuters. No fim de outubro de 2014, a escala de navios para o mês seguinte previa 42 navios, com 2,27 milhões de toneladas de grãos.
A estatÃstica inclui os navios com datas de partida confirmadas para novembro e os com datas a confirmar, cuja tendência é de embarque também em novembro. “Esperamos que os embarques estejam elevados em novembro. O real perdeu muito valor nesse segundo semestre, o que aumentou muito a competitividade do Brasil”, diz a analista de mercado Ana Luiza Lodi, da INTL FCStone.
Tradicionalmente, os terminais graneleiros do Brasil são ocupados majoritariamente por milho nos últimos meses do ano, após a colheita da segunda safra de milho do Centro-Oeste e do Paraná.
A tendência se repetirá no próximo mês, com carregamentos previstos de 5,3 milhões de toneladas do cereal, 148% acima do previsto um ano atrás para novembro.
Exportações de novembro acompanham ritmo de outubro
A consultoria Informa Economics FNP estima que as exportações de milho do Brasil deverão continuar aquecidas até o início do ano que vem.”Alguns traders comentam até que existe a possibilidade desse fluxo de milho afetar o início dos embarques de soja (da nova safra), em fevereiro e março”, disse o analista Aedson Pereira, da FNP.
O Brasil tem exportado até para destinos atípicos, como os Estados Unidos, os maiores exportadores globais de milho. Isso, aliás, tem colocado pressão sobre os contratos futuros do cereal na bolsa de Chicago, uma vez que operadores estão sentindo uma demanda fraca pelo produto norte-americano no meio da colheita de uma grande safra.
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