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sábado, setembro 21, 2024
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Bacillus thuringiensis x broca do tomate: O embate

Autores

Mônica Bartira da Silva
monica.bartira@gmail.com
Luan Fernando Ormond Sobreira Rodrigues
luanormond@gmail.com
David Vitor dos Santos
davidvitor.vitor@gmail.com
Engenheiros agrônomos e doutores em Agronomia
Crédito Luize Hess

Os insetos compõem aproximadamente 80% da vida animal conhecida e por apresentarem, pelo menos em uma fase de suas vidas, hábito herbívoro, eles desempenham papel ecológico importante, podendo atuar como predadores, parasitoides, polinizadores, fitófagos, entre outras funções.

Contudo, no modelo de agricultura desenvolvido atualmente os insetos têm sido uma das maiores causas de danos na produção de alimentos. Estima-se que existam cerca de 67.000 espécies de insetos que podem causar prejuízos às lavouras.

Para evitar esses danos, os métodos convencionais de proteção das culturas estão baseados no uso de agroquímicos.

Pulverização

Entre as culturas que mais demandam da utilização de agroquímicos encontra-se o tomateiro (Solanum Lycopersicum), existindo registros mostrando que o cultivo dessa cultura pode atingir uma média de 36 pulverizações por ciclo. E entre as pragas que mais demandam a utilização desse método de manejo, a broca-pequena-do-fruto se sobressai por atacar diretamente o produto, causando prejuízos que podem chegar a 90% da produção.

A broca-pequena-do-fruto (Neoleucinodes elegantalis) pertence à família Pyralidae e foi registrada inicialmente no Estado do Ceará, em 1922. Desde então, tornou-se importante praga em quase todas as regiões produtoras do País, atacando a cultura do tomateiro principalmente no período chuvoso do ano, quando as altas temperaturas e umidades relativas são mais favoráveis ao crescimento populacional da praga.

Esta praga é extremamente relevante à cultura por causar danos diretamente nos frutos, tornando-os imprestáveis ao consumo. Seu ciclo inicia quando o adulto (mariposa) deposita os ovos junto ao cálice ou sob as sépalas.

As lagartas recém-eclodidas levam, em média, 50 a 60 minutos para penetrar nos frutos ainda pequenos, nos quais deixam um orifício quase imperceptível que depois sofre perfeita cicatrização, o que dificulta a identificação da presença desta.

Posteriormente, as lagartas se desenvolvem no interior dos frutos, alimentando-se da polpa. Neste momento elas passam por cinco ecdises e, ao final do desenvolvimento, possuem de 11 a 13 mm de comprimento e coloração rosada bastante característica.

No final de seu desenvolvimento, com aproximadamente 30 dias, abandonam o fruto, fazendo um orifício grande e muitas vezes acarretando o apodrecimento.

É importante ressaltar que o ciclo de vida deste inseto-praga pode variar conforme a temperatura. Em locais com temperatura de 30°C, o desenvolvimento larval dura cerca de 26 dias, enquanto que em locais mais frios, com temperatura média de 15°C, esta fase pode durar até 115 dias.

Helicoverpa zea

A broca-grande-do-fruto (Helicoverpa zea) pertence à família Noctuidae. É uma mariposa que mede de 30 a 40 mm de envergadura, de coloração cinza-esverdeadas ou amarelas. Este inseto-praga acasala logo após a emergência dos adultos e a postura dos seus ovos é feita ao anoitecer, em qualquer parte da planta, mas com ocorrência predominante no terço superior, visto que ⅔ dos ovos são encontrados nessa região da planta. A fêmea pode ovipositar, em média, durante 12 a 15 dias, cerca de mil ovos.

Esse inseto é conhecido também como lagarta-da-espiga-do-milho, no entanto, é uma praga que afeta consideravelmente o cultivo do tomateiro, haja vista que após a eclosão dos ovos (cerca de três a cinco dias após a postura) surgem as lagartas de coloração branca, as quais perfuram os frutos e danificam severamente as polpas, pois a utilizam na sua alimentação.

O nível de controle determinado está na ordem de quatro ovos para cada 100 folhas analisadas ou 1% de frutos danificados em amostras de 20 pontos por talhão. As táticas de controle para esta praga são as mesmas empregadas para o controle da broca-pequena-do-fruto.

Nesse sentido, a busca por uma agricultura mais sustentável tem motivado pesquisadores a desenvolverem métodos alternativos de controle de insetos-praga. Diante disto, os inseticidas biológicos, que já são utilizados há mais de 50 anos no Brasil, são uma alternativa para o controle mais seletivo de insetos nocivos.

Esta prática inclui, principalmente, o emprego de microrganismos, dentre os quais o uso do Bacillus thuringiensis tem se destacado devido a sua alta eficiência.

Entenda melhor

Bacillus thuringiensis é uma bactéria gram-positiva e entomopatogênica, aeróbica ou facultativamente anaeróbica, naturalmente encontrada no solo. À semelhança de outras bactérias, esta espécie pode manter-se em latência na forma de endósporos, sob condições adversas.

Durante a fase de esporulação, as bactérias sintetizam proteínas que se acumulam na periferia dos esporos na forma de cristais em um dos polos da célula. Estes cristais são compostos por uma ou várias proteínas Cry, também chamadas de δ-endotoxinas ou Insecticidal Crystal Proteins (ICPs). Já foram descritos mais de 400 genes cry, os quais estão agrupados em 55 classes. 

Essas proteínas são extremamente importantes, por serem altamente tóxicas e específicas, por isso inócuas para a maioria dos outros organismos, incluindo insetos benéficos. A eficiência no uso do Bacillus thuringiensis (Bt) é atribuída à sua toxicidade a insetos devido à presença das inclusões paraesporais que apresentam formas variáveis e que se constituem de proteínas com massa variável entre 27 a 140 kDa.

A maioria dos genes codificadores de δ-endotoxinas estão localizados em grandes plasmídeos. Alguns dos isolados de Bt contêm mais de um gene de δendotoxina.

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