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Fábio Steiner
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e Professor de Horticultura das Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO).
Felipe Otávio Brito Pavan
Engenheiro agrônomo
A utilização de mudas de alta qualidade é essencial para proporcionar o adequado crescimento e desenvolvimento das plantas no campo, permitindo ao agricultor uma maior tranquilidade e rentabilidade.
Mudas de melhor qualidade podem ser obtidas com a adoção de “novas“ técnicas de produção, que são, ao mesmo tempo, acessÃveis às condições econômicas dos agricultores. A viabilidade econômica dessas técnicas é de extrema importância em virtude de que a produção de mudas de alface é, normalmente, realizada pelo próprio produtor. Qualquer falha no processo de produção de mudas irá refletir negativamente na sua qualidade, que dará origem a plantas com potencial produtivo limitado.
Nutrição de plantas
Atualmente, tem sido constatada, no mercado, a comercialização de uma gama de produtos nutricionais contendo reguladores vegetais, nutrientes, aminoácidos e substâncias húmicas. Esses produtos, denominados bioestimulantes, são recomendados aos agricultores com a finalidade de melhorar a qualidade e aumentar a produção das espécies cultivadas. Os bioestimulantes podem ser utilizados em diversos estádios de desenvolvimento das plantas, inclusive na produção de mudas.
Atuação dos bioestimulantes
Bioestimulantes são substâncias ou produtos agrícolas que melhoram o metabolismo vegetal e promovem o crescimento das plantas quando aplicados em pequenas quantidades.
Os bioestimulantes caracterizam-se por apresentarem em sua composição uma exclusiva mistura de reguladores vegetais, ou a combinação de reguladores vegetais com diferentes substâncias, como aminoácidos, vitaminas, ácidos orgânicos (húmicos e fúlvicos), extratos de algas ou nutrientes. Esses produtos possuem ação semelhante à dos hormônios vegetais, e podem promover, inibir ou modificar os processos fisiológicos das plantas.
Direto do laboratório
Pesquisas científicas mostram que os efeitos bioestimulantes da utilização de produtos contendo reguladores vegetais, substâncias húmicas e aminoácidos estão relacionados ao estímulo na divisão e diferenciação das células, à alteração na partição de fotoassimilados, promovendo maior produção, à redução da senescência foliar e à maior tolerância das plantas aos estresses abióticos, como temperatura, luz, água e nutrientes.
Por sua vez, os efeitos benéficos da aplicação dos bioestimulantes contendo extrato de algas estão associados à presença de auxinas ““ um hormônio vegetal responsável pelo alongamento celular e pelo controle do crescimento vegetativo das plantas. No entanto, esses efeitos dependem da concentração, da natureza e da proporção das substâncias presentes nos produtos.
Importância dos bioestimulantes para a alface
Os efeitos da aplicação de bioestimulantes na produção de mudas de alface de melhor qualidade estão relacionados ao aumento da emissão das raízes, estímulo do crescimento radicular e maior expansão foliar.
Essas substâncias agem em conjunto, garantindo o adequado equilíbrio hormonal das mudas de alface, estimulando a emissão e o desenvolvimento das raízes, aumentando a absorção de água e nutrientes, e, portanto, resultando na formação de mudas de alface de alta qualidade.
Mudas de alta qualidade devem apresentar torrões bem formados repletos de raízes e folhas exuberantes e viçosas, e são fundamentais para o sucesso do cultivo da alface, originando plantas com alto potencial produtivo.
Outro ponto favorável da utilização de bioestimulantes à base de substâncias húmicas, aminoácidos e nutrientes na produção de mudas de alface é a redução do tempo para o transplantio, proporcionando melhor rentabilidade para o olericultor ou viveirista.
Experimentos
Ensaios conduzidos pelo professor Fábio Steiner, em parceria com diferentes olericultores na região de Ourinhos (SP), revelaram que a aplicação de bioestimulantes, tanto no tratamento de sementes quanto no substrato para o preenchimento das bandejas, reduziu o tempo de formação das mudas em cinco dias (Tabela 1).
Além disso, o plantio das mudas obtidas com a aplicação de bioestimulantes reduziu o ciclo da cultura no campo em torno de 10 dias, permitindo maior número de cultivos no mesmo local.
Essa redução no período de formação de mudas e no ciclo da cultura no campo proporciona maior autonomia para o olericultor. Além disso, esta maior precocidade contribui para o maior rendimento e aproveitamento de mão de obra e melhor aproveitamento da área destinada à produção de alface.