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Besouros serradores associados ao cultivo de Eucalyptus

Isaque Soares Carlin

Acadêmico de Ciências Biológicas da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe

isaquecarlin@hotmail.com

Janaína Pereira dos Santos

Engenheira agrônoma, doutora em Fitotecnia/Entomologia e pesquisadora da Epagri – Estação Experimental de Caçador

janapereira@epagri.sc.gov.br

Andréa TozzoMarafon

Bióloga, mestre em Engenharia Ambiental e professora da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe

andreamarafon@uniarp.edu.br

Modelo-de-armadilha-utilizado-na-captura-de-serradores-em-plantio-de-Eucalyptus-Crédito-Isaque-Soares-Carlin
Modelo-de-armadilha-utilizado-na-captura-de-serradores-em-plantio-de-Eucalyptus-Crédito-Isaque-Soares-Carlin

O setor florestal apresenta relevante importância para a economia de Santa Catarina. O Estado possui aproximadamente 4.000 empresas que geram mais de 90 mil empregos formais diretos, o que representa 13% dos cargos nesse setor no Brasil.

Segundo a Indústria Brasileira de Árvores, em Santa Catarina há aproximadamente 650 mil hectares de florestas comerciais, das quais 82% são de pinus e 18% de eucaliptos, representando 9% da área plantada no País. Na região do Alto Vale do Rio do Peixe, em especial nos municípios de Caçador e Lebon Régis, as espécies de Pinus e de Eucalyptus são as mais cultivadas dentre as florestas exóticas.

Pragas

Embora os eucaliptos tenham se adaptado muito bem em área brasileira, em relação ao clima e ao solo, as extensas monoculturas predominantes nesse sistema prejudicam a diversidade e o estabelecimento de inimigos naturais, favorecendo, assim, o desenvolvimento de várias espécies de insetos-praga.

Os principais insetos-praga são da ordem Coleoptera, que é constituída por besouros que causam danos do tipo desfolhamento, broqueamento ou roletamento. As principais espécies pertencem à família Cerambycidae, que se caracteriza pelo hábito broqueador das larvas, que constroem galerias no tecido vegetal vivo ou em decomposição para o seu desenvolvimento.

Algumas espécies também são consideradas nocivas na fase adulta e são popularmente conhecidas como “serradores“ ou “serra-pau“, pelo fato de fazerem dano do tipo roletamento. Esse dano é feito pelas fêmeas, que cortam galhos, troncos jovens e ponteiros para a oviposição, atividade que pode durar até duas semanas, dependendo do diâmetro da parte atacada.

Antes e após a queda do galho danificado, a fêmea abre várias incisões circulares na madeira, onde deposita seus ovos e, posteriormente as larvas xilófagas se desenvolvem.

Além disso, os serradores se alimentam vigorosamente da casca e de folhas tenras das extremidades dos galhos, localizadas na mesma árvore onde estão serrando. Esses danos podem provocar o anelamento dos eucaliptos, fazendo com que as plantas murchem e sequem, provocando, consequentemente, diminuição na produção do lenho e de biomassa.

Eucalyptus-roletado-por-serrador.-Detalhe-do-comprimento-da-faixa-de-roletamento-Crédito-Isaque-Soares-Carlin
Eucalyptus-roletado-por-serrador.-Detalhe-do-comprimento-da-faixa-de-roletamento-Crédito-Isaque-Soares-Carlin

Recuperação

As plantas mais velhas recuperam-se do ataque, mas quando este ocorre no ramo principal ou no ponteiro ocorre o “forquilhamento“ da planta, que começa a emitir brotos laterais, depreciando o valor comercial da madeira. Quando o dano é feito em plantas com idade inferior a dois anos, torna-se necessário o replantio das mudas.

Dentre os representantes da família Cerambycidae, algumas espécies das subfamílias Cerambycinae e Lamiinae estão associadas às florestas de eucaliptos. As larvas fazem galerias no lenho ou na casca, onde se desenvolvem até atingirem a fase adulta.

A fase larval é longa, com duração de um a três anos, dependendo da espécie. Em contrapartida, os adultos têm vida curta, morrendo após completarem as etapas de acasalamento e reprodução.

Controle e monitoramento de besouros serradores

O controle de larvas pode ser feito por meio da destruição e queima das partes infestadas da planta, entretanto, esse método não elimina a ação da praga, pois pode ocorrer reinfestação, pela migração de adultos presentes em hospedeiros nativos ou em outros plantios de eucalipto localizados próximos à área de cultivo. Dessa forma, para o controle de adultos, produtos químicos devem ser utilizados.

O monitoramento de serradores é feito por amostragens de detecção, com armadilhas contendo atrativos feitos com suco de frutas, álcool ou etanol. As mais comuns são confeccionadas com garrafas do tipo PET, baseadas no modelo ESALQ ““ 84, proposta por Berti Filho &Flechtmann.

São armadilhas práticas e de baixo custo, o que possibilita que os produtores possam confeccioná-la. Sua concepção baseia-se na atração dos besouros adultos, que por estímulos químicos olfativos captam o odor do atrativo e são atraídos para o interior da armadilha, ficando presos no líquido.

Pesquisa

Em 2014, um estudo foi realizado com os objetivos de identificar as espécies de besouros cerambicídeos associadas às florestas de eucaliptos e, entre estas, identificar as possíveis causadoras de dano do tipo roletamento. O trabalho foi desenvolvido na fazenda Caraguatá, localizada no município de Lebon Régis, na região fisiográfica do Alto Vale do Rio do Peixe (SC), de agosto a novembro, período em que se constatam os danos dessas pragas.

Figura 3. Número de besouroscapturados em armadilhas contendo diferentes tipos de atrativosem plantio deEucalyptus (Lebon Régis, SC).
Figura 3. Número de besouroscapturados em armadilhas contendo diferentes tipos de atrativosem plantio deEucalyptus (Lebon Régis, SC).

Essa matéria completa você encontra na edição de setembro/outubro 2016  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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