Cinthia Elen Cardoso Caitano
Graduanda em Engenharia Agronômica – UNESP/FCAT
Pâmela Gomes Nakada Freitas
Engenheira agrônoma e professora do Departamento de Engenharia Agronômica – UNESP/FCAT
Antonio Ismael Inácio Cardoso
Engenheiro agrônomo e professor do Departamento de Horticultura – UNESP/FCA
Ainda uma novidade para produtores e consumidores, as beterrabas (Beta vulgaris) coloridas são cultivares que apresentam cores diferentes do vinho escuro habitual. É uma produção voltada para um nicho de mercado inovador e diferenciado, que busca mudanças, atendendo, principalmente, a culinária elaborada e requintada dos restaurantes do tipo gourmet. Além da cor, outra diferença é o sabor, sendo muito doce.
Poucas cultivares dessa nova beterraba estão no mercado, apresentando as cores amarela e branca, as quais prometem alta produtividade, padronização das raízes e sabor doce.
Em relação à adaptabilidade ao clima, estas não diferem da beterraba tradicional quanto à temperatura, ou seja, requerem temperaturas mais baixas, mas em relação à época de plantio, este é realizado no outono/inverno, ao contrário das tradicionais, que pode ser realizado o ano inteiro. O ciclo também não difere, com a colheita podendo ser feita de 85 a 90 dias após a semeadura.
Área e produção de beterraba no Estado de São Paulo
Sendo uma das hortaliças de maior importância para a produção nacional, a beterraba vem apresentando um aumento considerável na área de plantio e, consequentemente, na produção. Desde 2010, no Estado de São Paulo os números referentes à área e à produção dessa hortaliça tuberosa vêm aumentando, com exceção do ano de 2014, quando houve uma redução nesses dois parâmetros.
No período de 2015 a 2016 esses valores chegaram a 6.305,31 ha de área de plantio e aproximadamente 202.000 t, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA)/Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada (CATI).
Ainda de acordo com o mesmo estudo, em 10 anos a área, em hectares, para esse cultivo saltou de 355,2, em 2005, para 6.305,31, em 2015, atingindo o número de 7.148,37ha no ano de 2013. A produção alcançou marcas bastante positivas, elevando a produção em 46% nesse mesmo intervalo de tempo.
Sementes
Quanto ao mercado de sementes, as variedades (plantas com polinização aberta) são mais utilizadas quando comparadas aos híbridos, atingindo em 2009 uma diferença de 116,5 t de sementes entre esses tipos, segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM).
Mas, ainda assim, a adesão às cultivares híbridas aumentou no comparativo do ano 2000 e 2009, quando se encontrava em 1,2 a 12,4 t, respectivamente, de sementes híbridas comercializadas.
Clima e manejo
Originária das regiões do norte da África e da Europa, a beterraba é adaptada ao clima temperado. Sendo assim, o plantio na época de verão alcança preços mais elevados no mercado, contudo, esta condição favorece o aparecimento de doenças fúngicas, em especial a cercosporiose.
Por conta de sua exigência em temperaturas amenas a frias (10a 20ºC), no Brasil é cultivada majoritariamente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, sendo estes os maiores produtores do País.
Quanto à adubação, é uma planta que demanda alta quantidade de N e B, média de K e S e baixa de P e Mg, além de apresentar alta sensibilidade ao pH baixo (menor de 6,2).
A irrigação é um manejo importante, já que a falta de água pode acarretar perdas de produtividade e aumento das fibras, não sendo interessante ao mercado. A rega deve ser diária e leve no período de seca, e pode ser feita até o momento da colheita.
A colheita deve acontecer de 60 a 70 dias após o plantio e com a parte comercializável com até 300g.
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Anomalias
Quando cultivada em regiões com temperaturas elevadas, os hipocótilos apresentam coloração e formação de anéis mais claros, o que não é interessante ao mercado. Nestas condições, a mancha cercóspora, causada pelo fungo Cercosporabeticola, acontece com grande incidência, reduzindo a produção por conta da diminuição da área foliar.
Além da temperatura, a deficiência em boro afeta a superfície da hortaliça, causando rachaduras e manchas escuras.
Custo
O custo com sementes híbridas varia de acordo com seu calibre. Este caracteriza-se pelo tamanho da semente, sendo classificado em pequeno (3,0-3,5 mm), médio (3,5-4,0 mm) e grande (4,0-4,5 mm), sendo que as maiores permitem o plantio mecanizado, comercializadas no volume de 250.000 sementes, custando em torno de R$ 1.440,00, dependendo do calibre requerido.