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sábado, novembro 23, 2024
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Biocarvão para nutrição das florestas

Autores

Iací Dandara Santos Brasil
Tarcila Rosa da Silva Lins
Ernandes Macedo da Cunha Neto
Engenheiros florestais e mestrandos em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Emmanoella Costa Guaraná Araujo
Engenheira florestal, mestra e doutoranda em Engenharia Florestal – UFPR
Carlos Roberto Sanquetta
Engenheiro florestal, PhD – Japan Society for the Promotion of Science e professor – UFPR

Créditos Fibria

Em junho de 2010, o Brasil lançou o Programa Nacional de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), com objetivo de aumentar a produtividade agrícola e reduzir a emissão de gases de efeito estufa, sendo que o uso do biocarvão melhora a estrutura do solo e pode contribuir com a redução ou compensação da emissão de CO2 na atmosfera. Assim, além de colaborar com sua produtividade, contribui com a fertilidade e redução das alterações climáticas.

Produção e características do biocarvão

O biocarvão (BC) geralmente é produzido a partir de resíduos que seriam descartados, como cascas e galhos, por exemplo. Em geral, o BC é qualquer fonte orgânica produzido por meio do processo de queima controlada, sob baixo ou nenhum suprimento de oxigênio, com a finalidade de ser incorporado ao solo, para melhoria da sua qualidade agronômica e ambiental.

O processo de queima controlada do material é importante, pois estimula a evaporação da água e de alguns elementos, de maneira que aumenta a quantidade de espaços vazios no biocarvão. Esses espaços vazios são importantes, pois ficam disponíveis para serem preenchidos com os nutrientes e a água presente no solo, que serão liberados lentamente para as plantas.

O BC apresenta natureza porosa, contribui para retenção de água, e interfere nas propriedades químicas e físicas do solo. A porção de cinzas do material é fonte de fósforo, potássio e outros nutrientes, que ficam disponíveis para as plantas mais facilmente que os da matéria orgânica antes do processo de queima.

Estudos

Alguns estudos sugerem o uso do biocarvão associado a resíduos orgânicos como forma de liberação lenta de nutrientes, devido à redução da degradação do material. O fato é que o BC é uma alternativa para destinação de resíduos orgânicos que poderiam se tornar poluentes, como no caso do lodo de esgoto.

Quando a matéria orgânica é aplicada sozinha, a liberação dos nutrientes ocorre de maneira mais rápida, e estes podem ser perdidos mais facilmente, seja por evaporação ou levados pela água da chuva quando passa no solo. A adição do biocarvão reduz este problema, devido à sua função de reter os nutrientes e realizar uma liberação lenta, evitando esse tipo de perda.

Por outro lado, o biocarvão também não deve ser utilizado sozinho em solos de baixa fertilidade, pois, devido à sua capacidade de reter os nutrientes, poderá empobrecer mais ainda este tipo de sistema. Entretanto, em solos com alta fertilidade ele pode ser aplicado individualmente, para evitar a perda destes nutrientes.

Usos do biocarvão

Em avaliação do crescimento de mudas de espécies florestais submetidas a substratos com nove tipos de biocarvão foi constatado que houve diferença no crescimento em altura das mudas, indicando que o material de origem do carvão vegetal interfere nas contribuições ao solo (Pluchon et al., 2014).

Em estudo realizado com resíduos agrícolas na África, foram utilizados sabugos de milho e casca de eucalipto carbonizados em fornos para produção do biocarvão. Apesar de ambos terem apresentado boas propriedades agronômicas e preencherem os principais critérios de qualidade para retenção de carbono no solo, o material produzido a partir do sabugo apresentou maior teor de potássio solúvel e carbono, quando comparado ao de casca de eucalipto (Merlain; Munson; Allaire, 2017).

Entre um e outro

No geral, o material vegetal agrícola apresenta maior quantidade de nutrientes e carbono que o florestal (Brand, 2010), sendo também indicado para produção de carvão vegetal, contribuindo para estocagem de carbono no solo. Assim, resíduos de indivíduos colhidos pelos mais diversos motivos podem ser fonte de matéria-prima para produção do BC, como por exemplo, casca de coco, laranja, cana-de-açúcar, esterco, cacau, casca de arroz, dejetos de galinha, pastagem e lodo de esgoto.

O lodo de esgoto pode apresentar grande carga de substâncias nocivas à saúde de organismos vivos, mas o processo de queima ajuda a reduzir a quantidade destas substâncias no BC, fornecendo um produto de melhor qualidade para ser misturado no solo. Sua utilização é muito conveniente, uma vez que seu descarte inadequado gera uma série de transtornos no que diz respeito à poluição ambiental.

 Outro benefício causado pelo biocarvão é o fato de que fungos e bactérias presentes em sua superfície ajudam as plantas a absorverem os nutrientes, no entanto, é importante que o material esteja completamente carbonizado – uma forma prática de produção seria em tambores com o mínimo de entrada de ar possível.

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