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Bioestimulantes – Como eles fazem o que fazem?

Paulo Mazzafera

Professor titular do Departamento de Biologia Vegetal, Instituto de Biologia e professor visitante do Departamento de Produção Vegetal, ESALQ-USP

pmazza@unicamp.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Em 2016 o mercado global de bioestimulantes (BEs) foi de US$ 1,50 bilhão e estima-se que crescerá a uma taxa anual de 14,1%, até atingir US$ 3,79 bilhões em 2023. Este crescimento se deve aos promissores efeitos anunciados para estes produtos, principalmente contra estresses, como também à estreita relação com a sustentabilidade, uma vez que são produtos supostamente inócuos ao ambiente. Neste setor, o segmento de aplicação foliar é o que tem maior participação de mercado, o que deve se manter ao longo dos anos.

A literatura tem separado BEs em inoculantes microbianos promotores de crescimento, hidrolisados de proteínas e aminoácidos, substâncias húmicas, ácidos fúlvicos e extratos de algas. Uma vez que todos são misturas complexas, o modo de ação desses produtos tem sido um desafio.

O Conselho Europeu das Indústrias de Bioestimulantes definiu, em 2012, que BEs contêm substâncias e/ou microrganismos, cuja função, quando aplicados em plantas ou rizosfera, é estimular processos naturais para aumentar/beneficiar a absorção de nutrientes e sua eficiência, a tolerância a estresses abióticos e a qualidade da cultura. Entretanto, não tem ação direta contra pestes e, portanto, não se inclui na legislação de pesticidas.

Uma proposta mais recente diz que BEs são produtos formulados de origem biológica que melhoram a produtividade das plantas como consequência de uma propriedade nova ou emergente de constituintes complexos, e não somente como consequência da presença de elementos nutrientes, reguladores de crescimento ou produtos protetores.

Os bioestimulantes têm garantido vários benefícios às hortaliças em geral - Crédito Shutterstock
Os bioestimulantes têm garantido vários benefícios às hortaliças em geral – Crédito Shutterstock

Não confunda

A legislação brasileira não contempla BEs e vários produtos no mercado contêm partes de extratos orgânicos e também elementos nutrientes às plantas, tornando mais difícil ainda isolar o modo de ação.

Tais produtos devem ser diferenciados de fertilizantes organominerais e, em essência, em contraposição ao que foi definido no exterior, não poderiam ser consideradas de fato como BEs, mas este é o nome que vem sendo genericamente empregado no Brasil. Outros nomes têm sido propostos, mas por enquanto nada foi definido de forma a caracterizar as misturas de extratos orgânicos e minerais que têm sido colocadas à disposição do agricultor.

Vários BEs no mercado brasileiro possuem em sua formulação hidrolisados de proteínas e os aminoácidos resultantes do processo de hidrólise, ou que foram enriquecidos pela adição de aminoácidos na forma pura. Àprimeira vista poderia ser estabelecida uma relação direta entre o efeito nutricional do N contido nessas moléculas e os efeitos observados em plantas.

Entretanto, dada a grande necessidade desse elemento pelas plantas, este fornecimento fica muito aquém das necessidades de qualquer cultura, em qualquer estágio em que for feita a aplicação do produto.

Assim, se o efeito existe, ele está relacionado ao(s) aminoácido(s) ou aos peptídeos (fragmentos de proteínas) produzidos na hidrólise. Entretanto, não há como excluir que a interação entre estas moléculas e outras também presentes na formulação tenham alguma ação.

Figura 01

Origem

Os hidrolisados de proteínas são obtidos por métodos enzimáticos, químicos ou térmicos e a matéria-prima usada pode vir de diferentes partes de diferentes animais, plantas ou partes dela, e em ambos os casos quase sempre são resíduos de alguma indústria.

Assim, de origem animal são usados tecidos conectivos e epiteliais, colágeno e elastina.  E de plantas, resíduos da indústria cervejeira, por exemplo. Esta variedade de fontes faz com que haja variação não só na natureza dos peptídeos, mas também de aminoácidos.

Quanto aos peptídeos, eles podem variar em relação ao tamanho (número de aminoácidos), que está relacionado ao tipo e severidade da hidrólise, e quanto aos aminoácidos que o constituem. Tal variação faz com que a maneira como estes peptídeos atuam na fisiologia das plantas fique praticamente impossível de ser determinada ou conhecida.

Além disso, deve-se levar em conta a padronização do produto, que pode ter sua constituição alterada em função dos lotes de matéria-prima usada na sua produção, principalmente nos produtos de origem animal.

Crédito Shutterstock
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Os aminoácidos

Os aminoácidos também variarão nestes produtos. Uma análise global dos produtos disponíveis na Europa mostra que eles possuem ao redor de 85% de proteínas/peptídeos e 18% de aminoácidos. Entre os últimos, são mais frequentes alanina, arginina, glicina, prolina, glutamato, glutamina, valina e leucina, que variam em proporção, dependendo da matéria-prima.

Entre estes aminoácidos, alguns têm tido preferência em formulações com nutrientes. Prolina é um deles. A prolina há muito tem sido relacionada com a resposta de plantas a estresses. A maioria dos estudos argumenta que o acúmulo de prolina diminui o potencial hídrico das células, permitindo que a eficiência em captação de água ou manutenção dela seja maior.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017 da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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