Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo e doutorando em Produção Vegetal – ICIAG-UFU
JoãoRicardo Rodrigues da Silva
JefersonOles
Engenheiros agrônomos
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Produção Vegetal – ICIAG-UFU
Com o desenvolvimento da biotecnologia, bioquÃmica e da fisiologia vegetal, novos compostos têm sido identificados, sintetizados e aplicados às culturas com o objetivo de solucionar problemas fisiológicos, como os bioestimulantes.
A definição e o conceito de bioestimulantes têm mudado ao longo dos anos em função da diversidade de compostos novos que apresentam efeitos sobre o crescimento, desenvolvimento, metabolismo e a produtividade das culturas comprovados pela pesquisa.
Uma definição mais recente encontrada na literatura considera os bioestimulantes vegetais como produtos que contenham substâncias e/ou microrganismos cuja ação,quando aplicados às plantas ou à rizosfera, sejam capazes de estimular os processos fisiológicos naturais para aumentar a absorção e eficiência, e no uso de nutrientes proporcionar tolerância a estresses abióticos com maior qualidade das colheitas.
Incluem-se, nesta categoria, microrganismos, ácidos húmicos e fúlvicos, aminoácidos, extratos de algas, entre outros.
Os biofertilizantes
Biofertilizantes são produtos biológicos contendo microrganismos vivos que, quando aplicado às plantas ou ao solo, promovem o crescimento por meio de vários mecanismos, tais como o aumento da disponibilidade de nutrientes, da biomassa radicular ou aérea de raiz,além de elevação da capacidade de absorção de nutrientes da planta, e por isso seus efeitos passam a ser considerados como bioestimulantes.
Embora os mecanismos de ação de alguns agentes biológicos ainda não estejam completamente esclarecidos, a promoção de crescimento pode ocorrer pela produção de fitohormônios, como auxinas, citocininas e giberelinas, ou por inibição da síntese de etileno e a mineralização de nutrientes. Estes microrganismos podem ser utilizados para complementar a adubação com os fertilizantes minerais.
Outra classe de compostos que apresenta efeito bioestimulante refere-se à parcela ativa das substâncias húmicas que possuem em sua fórmula estrutural carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N) e enxofre (S) e existem naturalmente em solos, turfas, oceanos e águas doces.
Não apresentam características químicas e físicas bem definidas, os chamados ácidos húmicos e ácidos fúlvicos, que se diferenciam com base em suas características de solubilidade. Os ácidos húmicos são solúveis em ácidos e solventes orgânicos, possuem elevado peso molecular e capacidade de troca de cátions em torno de 350 a 500 mmol.dm3.
Os ácidos fúlvicos são solúveis tanto em água como em soluções de pH ácido ou alcalino. Possuem menor peso molecular, maior quantidade de compostos fenólicos e grupos carboxÃlicos, e por estas características são mais solúveis em água e possuem maior CTC, que pode variar entre 700 a 1.000 mmol.dm3.
Benefícios para as plantas
O efeito da parcela ativa das substâncias húmicas sobre o crescimento e o desenvolvimento das plantas pode estar relacionado com sua atividade hormonal.Estudos reportaram que os ácidos fúlvicos apresentaram atividade dos hormônios vegetais citocininas, auxinas e giberilinas, enquanto os ácidos húmicos não possuem atividade auxÃnica, mas inibem a enzima IAA-oxidase, protegendo o ácido indol acético da degradação.
Atualmente, existe no mercado uma grande variedade de produtos formulados com substâncias húmicas, cuja eficiência vai depender da fonte, concentração, processo de extração, peso molecular das frações húmicas presentes, além das condições da cultura no campo.
Produtos formulados com aminoácidos são considerados bioestimulantes, pois os aminoácidos são importantes no metabolismo de nitrogênio como unidades formadoras dos peptÃdeos e proteínas, além de serem precursores de moléculas como hormônios, coenzimas, nucleotÃdeos e polímeros de paredes celulares.
Nas plantas, estão envolvidos em uma série de reações fisiológicas, ligadas intimamente ao crescimento e desenvolvimento.
Algas são bioestimulantes
Os extratos de algas também são descritos por atuarem como bioestimulantes, com efeitos sobre o crescimento de raiz e da parte aérea, maior produção de clorofila e resistência a estresse, que têm sido muitas vezes atribuÃdos à presença de hormônios de crescimento, como auxina e citocinina, e compostos de baixo peso molecular presentes nos extratos.
Estudos sugerem, ainda, que as moléculas maiores, incluindo polissacarÃdeos e polifenóis, podem também ser importantes, com efeito bioestimulante.
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