João Domingos Rodrigues
Professor titular de Fisiologia Vegetal e Fisiologia da Produção, Instituto de Biociências, Campus de Botucatu (SP), da Universidade Estadual Paulista ““ UNESP.
Luan Fernando Ormond Sobreira Rodrigues
Ronald Ernst Heinrich Weber
Doutorandos em Agronomia (Horticultura) pela Faculdade de Ciências Agronômicas ““ UNESP
Os desafios da agricultura moderna por maior produtividade e melhor qualidade dos frutos têm demandado estudos de novas tecnologias nas diversas frentes de pesquisa, como o melhoramento genético, a biotecnologia, a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas, a proteção dos cultivos contra pragas, doenças e a matocompetição.
Além disso, o estudo dos biorreguladores busca elevar o potencial produtivo e minimizar os fatores limitantes e restritivos da produção agrícola, que muitas vezes requerem muito tempo de resposta e elevados investimentos para obter-se soluções viáveis.
O manejo adequado de biorreguladores também contribui com respostas produtivas, tanto no aumento da produtividade como no manejo da colheita, focado em elevar o valor econômico dos frutos.
Biorreguladores ou hormônios vegetais são compostos orgânicos não nutrientes, de ocorrência natural, produzidos na planta, que, em baixas concentrações, promovem, inibem ou modificam processos fisiológicos do vegetal.
Essas substâncias químicas, que são elementos minerais, estão presentes em todos os vegetais. Mas, como substâncias, os hormônios, mensageiros químicos entre uma célula e outra, podem beneficiar a produção de hortaliças e frutas? Qual a praticabilidade dos biorreguladores para a nossa agricultura atual?
Vale a pena investir neles? Para responder a essas perguntas e demonstrar de uma forma objetiva a vasta gama de possibilidades de utilização dos biorreguladores, inicialmente faz-se necessário definirmos alguns conceitos, como o dos grupos hormonais hoje existentes e também do conceito de reguladores vegetais.
Estes são substâncias sintéticas que, aplicadas sobre as plantas, possuem ações similares aos hormônios vegetais, e conforme o seu emprego afetam os balanços hormonais naturais.
Além dos cinco principais grupos hormonais: auxinas (AX), giberelinas (GA), citocininas (CK), etileno (ET) e o ácido abscÃsico (ABA), considera-se também a existência de hormônios vegetais esteroides, os brassinosteróides (BR), e outras substâncias vegetais, como os salicilatos (SA), jasmonatos (JA) e poliaminas (PA). Entre parênteses está a sigla internacional pela qual esses grupos são conhecidos.
Processos fisiológicos
Cada grupo hormonal participa de diferentes processos fisiológicos das plantas ao longo de todo o seu ciclo, desde a germinação ou brotação até o amadurecimento dos frutos na colheita.
Muitas vezes as respostas fisiológicas são consequência de alterações na relação entre diferentes hormônios vegetais, e não especificamente da ação individual de um deles. As concentrações dos hormônios vegetais mudam ao longo do ciclo da planta, permitindo assim diferentes relações ou balanços entre si que são determinantes para promover as mudanças fisiológicas da planta, tanto na sua fase vegetativa como na fase reprodutiva.
Tipos disponíveis para a agricultura
Existem vários produtos comerciais que representam os principais grupos de biorreguladores de forma isolada ou mesmo em combinações de vários grupos na mesma mistura.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) possui uma legislação específica de registro dos reguladores vegetais, lembrando que o registro do produto autoriza o uso comercial do regulador vegetal nas culturas indicadas em rótulo ““ e reconhece os seus efeitos quando utilizado no momento e dose recomendados.
Uma recente pesquisa no site do MAPA indica o registro de 41 reguladores vegetais no Brasil, com diferentes usos permitidos em cultivos extensivos, como soja, milho e cana-de-açúcar, bem como em várias frutÃferas e hortaliças.
Assim, diversos tipos de biorreguladores estão disponíveis para a agricultura, podendo ser comercializados como um grupo hormonal específico, ou também como um combinado contendo mais de um grupo hormonal. Dos disponíveis para a agricultura, destacam-se auxinas como o ácido indolbutirÃco (IBA), ácido naftalenoacético (NAA) e 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), citocininas como 6-benzilamino purina (BA) e cinetina (Kt), ácido 2-cloroetil-fosfônico (Ethephon), giberelina (GA3) e paclobutrazol (PBZ), por exemplo.
Além destes, têm-se as substâncias que inibem a síntese do etileno, como o AVG (aminoetoxivinilglicina) e substâncias que antagonizam o efeito do etileno, como o 1-metilciclopropeno (1-MCP), entre outros produtos que já estão disponíveis para a agricultura.
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