17.5 C
Nova Iorque
domingo, novembro 24, 2024
Início Revistas Grãos Boas práticas de inoculação da soja

Boas práticas de inoculação da soja

Mariangela Hungria

Marco Antonio Nogueira

Pesquisadores da Embrapa Soja

Crédito Miriam Lins
Crédito Miriam Lins

O nitrogênio é o nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja. Para cada 1.000 kg de grãos são necessários cerca de 80 kg de N. Contudo, existem bactérias capazes de capturar o nitrogênio da atmosfera e transformá-lo em fertilizante para as plantas, uma verdadeira “fábrica de fertilizante biológico“.

O processo é chamado de fixação biológica do nitrogênio (FBN) e, no caso da soja, é realizado por bactérias chamadas de Bradyrhizobium, que são capazes de fornecer todo o N necessário para atingir altos rendimentos.

A indústria multiplica as bactérias selecionadas pela pesquisa e disponibiliza aos agricultores via um insumo denominado inoculante. Existem inoculantes líquidos e sólidos (em turfa) mas, para garantir o sucesso da lavoura, o agricultor deve utilizar boas práticas de inoculação:

ðVerificar se o produto tem registro no MAPA e o prazo de validade;

ðPerguntar ao fornecedor sobre as condições de transporte e armazenamento, garantindo que não foi exposto ao sol ou a temperaturas excessivas (superiores a 30ºC);

ðEm caso de dúvidas sobre a procedência ou qualidade do produto, contatar um fiscal do MAPA;

ðO agricultor deve transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem arejado;

ðCalcular a dose a ser aplicada de acordo com as instruções do fabricante para fornecer, no mínimo, 1,2 milhões de células por semente;

ðPara melhor aderência dos inoculantes turfosos, umedecer as sementes com, aproximadamente, 300 mL/50 kg de semente de solução açucarada a 10% (100 g de açúcar/L de água) e, então, aplicar o inoculante;

ðO volume total de líquidos adicionados às sementes, considerando inoculantes e agroquímicos, não deve ultrapassar 300 mL/50 kg; no caso de sementes com alta qualidade fisiológica (germinação e, principalmente, vigor), podem ser aplicados até 550 mL/50 kg);

ð Caso seja necessário o uso de agroquímicos, aplicá-los primeiro, deixar secar e aplicar o inoculante em uma segunda operação;

ð A inoculação pode ser feita em tambor rotatório, betoneira ou em máquinas específicas para a inoculação, que também permitem o tratamento com agroquímicos. Verificar sempre se o inoculante foi distribuído uniformemente nas sementes;

ð Fazer a inoculação à sombra, deixar secar por cerca de 20-30 minutos e manter a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo;

ð Não usar inoculante diretamente na caixa semeadora e nem fazer o “sopão“ com agroquímicos e inoculantes;

ð Maior sucesso é obtido quando a semeadura é realizada no mesmo dia da inoculação, especialmente se a semente for tratada com agroquímicos. Em caso de dúvida, repetir a operação de inoculação;

ð Existem produtos no mercado com função de adesão e proteção das bactérias que podem estender o período de viabilidade delas, mas o agricultor deve verificar os dados de pesquisa obtidos com esses produtos;

ð Não semear “no pó“, pois as bactérias são sensíveis ao dessecamento;

ð Na semeadura, evitar o aquecimento, em demasia, do depósito de sementes na semeadora; se necessário, resfriar externamente o reservatório;

ðOutra excelente opção para evitar o contato da bactéria com agroquímicos das sementes é a inoculação no sulco, mas com no mínimo 2,5 vezes a dose do inoculante usada nas sementes e diluída em pelo menos 50 L de água/ha;

ð Em área de primeiro ano, ou não inoculada há muito tempo, evitar o uso de agroquímicos nas sementes, ou optar pela inoculação no sulco;

ð Sementes pré-inoculadas também são encontradas no mercado. Mas o agricultor deve pedir garantia na hora da compra de que essas sementes carregam cerca de 100.000 células/semente. Muito cuidado! Em caso de dúvida, enviar as sementes para análise;

ð Outros métodos de inoculação, como pulverização do solo ou foliar, devem ser adotados só em caso de emergência. Aplicar somente com solo úmido e no final da tarde e ficar consciente de que o resultado nunca será o mesmo da inoculação na semente ou no sulco;

ðOs micronutrientes molibdênio e cobalto são muito importantes para a FBN, mas também não podem ficar em contato prolongado com as bactérias. Podem ser aplicados via foliar, até 30 dias após a emergência.

Nodulação em raiz de soja - Crédito Paulo Fernando
Nodulação em raiz de soja – Crédito Paulo Fernando

Fique atento

O uso de inoculantes é obrigatório em áreas de primeiro cultivo de soja, ou áreas não cultivadas há vários anos. Em áreas já cultivadas a reinoculação anual garante ganhos médios no rendimento de 8%.

Altos rendimentos são conseguidos quando as boas práticas de inoculação são seguidas, não sendo necessária nenhuma complementação com fertilizante nitrogenado, em qualquer estágio de desenvolvimento da cultura.

Além de beneficiar o agricultor, a FBN não polui reservatórios de água, rios, lençois freáticos e contribui fortemente para a diminuição na emissão de gases de efeito estufa. Para o País, a FBN com a cultura da soja resulta em uma economia estimada em 15 bilhões de dólares por ano.

Essa matéria você encontra na edição de fevereiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes