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Cafeicultura de precisão otimiza uso de insumos

Felipe Santinato

Mestre em Agronomia e consultor daSantinato&Santinato Cafés Ltda

Roberto Santinato

Engenheiro agrônomo e consultor daSantinato&Santinato Cafés Ltda

rsantinatocafeicultura@hotmail.com

Rouverson Pereira da Silva

Doutor e professor da UNESP – Jaboticabal

Leonardo Campos de Assis

Doutor e professor da UNIUBE

 

 Crédito O'Coffee
Crédito O’Coffee

A aplicabilidade da Agricultura de Precisão (AP) na cafeicultura soma mais de 10 anos. Inicialmente tímida, ganhou expansão notória, principalmente na região dos Cerrados de MG, BA e GO. Atualmente, se limita apenas à aplicação à taxa variável de insumos como calcário, cloreto de potássio, MAP e ureia/sulfato de amônio.

Com isso, vêm sendo verificadas economias no manejo da lavoura e ganhos de produtividade, já que está sendo colocado o que a planta realmente precisa em cada mancha de fertilidade do solo. Em um estudo de caso, na Fazenda Gaúcha, de Presidente Olegário (MG), o idealizador do projeto, Wilson Faccin, juntamente com seu consultor Roberto Santinato, obtiveram em seis anos, em 112 ha, economia de R$ 200.022,66 (R$ 33.337,11/ano, ou R$ 338,37/ha), valor capaz de pagar qualquer custo de implementação do sistema de AP, gerando lucro e ainda aumento na produtividade.

Parceria de sucesso

Em 2015, um estudo do departamento de máquinas da UNESP Jaboticabal (LAMMA), liderado pelo doutor e professor Rouverson Pereira da Silva, em parceria com a Jacto, revelou a possibilidade de colher o café utilizando regulagens adequadas para cada mancha de produtividade existente no talhão.

A ideia deste trabalho surgiu em função de algumas pesquisas realizadas anteriormente por sua equipe, quando foram observadas possibilidades de associar a interferência de fatores fisiológicos do cafeeiro na variabilidade espacial da maturação e na produtividade, diante da qual a agricultura de precisão poderia ser utilizada para desenvolver sensores de modo a aumentar a eficiência das colhedoras.

Visto de perto

O professor Rouverson Pereira trabalhou com estudos geoestatísticos aliados aos conhecimentos empíricos de trabalhadores no sentido de gerar mapas de estimativa de produtividade e, posteriormente, definir regulagens mais adequadas para as colhedoras.

Os testes foram feitos em lavouras do Cerrado Mineiro, antes e durante a colheita de café, inicialmente em lavoura de carga alta e depois dando continuidade ao longo dos anos de modo a avaliar, além da variabilidade espacial, também a temporal.

A AP possibilita colher café utilizando regulagens adequadas para cada mancha de produtividade - Crédito Jacto
A AP possibilita colher café utilizando regulagens adequadas para cada mancha de produtividade – Crédito Jacto

Benefícios para a cafeicultura

Do ponto da vista de mecanização, o maior benefício esperado da AP é o melhor gerenciamento da colheita, aumentando a eficiência da operação, reduzindo a quantidade de café caído e, consequentemente, aumentando o lucro do produtor.

Outro benefício importante é que esta técnica pode permitir a realização de uma colheita mais seletiva, aumentando a qualidade do café.

Quando comparamos o uso da AP na cafeicultura constatamos que estamos muito longe dos avanços já experimentados em outras culturas. Desta forma, acredito que, no médio prazo, a cafeicultura de precisão estará em plena execução, de modo a reduzir as causas de variabilidade espacial do solo, de pragas e doenças, bem como da maturação e da produtividade, aumentando a eficiência da cafeicultura.

Rouverson Pereira tem trabalhado, até o momento, com as colhedoras da Jacto e com as recolhedoras da MIAC, que permitiram obter ótimos resultados. O pesquisador pretende ampliar este leque de máquinas no sentido de abranger outras operações mecanizadas.

A AP proporciona uso racional de insumos - Crédito O' Coffee
A AP proporciona uso racional de insumos – Crédito O’ Coffee

Na prática

O produtor já possui o conhecimento empírico e pessoas capazes de iniciar o processo de cafeicultura de precisão. Ao definir zonas de manejo de colheita ele poderá obter um melhor rendimento de suas máquinas, aumentando a eficiência de colheita e, consequentemente, maximizando seus lucros.

Acreditamos que no médio prazo teremos contribuído para o desenvolvimento tecnológico das máquinas utilizadas na cafeicultura, que poderão vir a ter uma melhor tecnologia embarcada.

Certamente, como toda nova tecnologia, isso implicará em um custo adicional, porém, a otimização do processo de colheita poderá permitir uma colheita mais seletiva, aumentando a qualidade do café colhido e, consequentemente, os benefícios para o produtor.

Dessa forma, aplicam-se velocidades maiores e vibrações menores em partes da lavoura com menores produtividades, ou ainda com estádio de maturação mais adiantado e vice-versa para partes da lavoura com maiores produtividades. O aumento na eficiência de colheita foi de mais de 10%.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Grãos, edição de outubro 2016. Adquira a sua para leitura completa.

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