Autor
Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor efetivo do Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com
A videira se adapta bem a uma grande variedade de tipos de solos, tendo preferência, sobretudo, por aqueles de textura média e com adequado teor de matéria orgânica. Além disso, na extração, mobilização e translocação de nutrientes pela videira, diversos fatores estão envolvidos, tanto em relação ao solo (suas características químicas, físicas e biológicas), ao porta-enxerto utilizado (sua capacidade de extração e mobilização de nutrientes) e também à cultivar utilizada (sua idade, vigor, potencial produtivo, finalidade da produção para mesa ou indústria, tipo de condução, dentre outros) (Albuquerque, 2003).
Sabe-se que brotações vigorosas estão relacionadas ao bom desenvolvimento da área foliar, que por sua vez está diretamente relacionada ao acúmulo de energia pela videira (Maia et al., 2015). Tal fato nos chama atenção para a importância de uma nutrição equilibrada em vitivinicultura.
Regina et al. (2006) ressaltam que, além dos fatores genéticos e climáticos, a nutrição das plantas, o porta-enxerto, o sistema de condução e poda, a disponibilidade de água e manejo fitossanitário da cultura são fatores fundamentais para a maturação e a qualidade da uva produzida.
Ação e reação
Na nutrição de frutíferas, o cálcio (Ca) é um elemento responsável por inúmeras funções na planta e notadamente na elevação da qualidade e prolongamento do período pós-colheita de frutos. Assim, seu manejo é fundamental na busca por cachos e bagas de uva de qualidade para oferecer ao mercado consumidor.
O cálcio (Ca) é um elemento requerido em elevadas quantidades pela videira, sendo absorvido na forma Ca2+. Atua favorecendo a síntese de açúcares, de substâncias aromáticas dos vinhos e hidrólise do amido.
O teor deste nutriente e seu fornecimento via solo na fase inicial de maturação das bagas atua contra a ocorrência de podridões, promove benefícios ao sabor, além de ampliar o período pós-colheita (Tecchio et al., 2012).
Como sintoma típico da deficiência de cálcio na videira, é possível observar uma paralisação no crescimento dos ramos e raízes, o que ocasiona o retardamento do desenvolvimento da planta e interfere nos pontos de crescimento da raiz.
Nas folhas jovens é possível observar sinais de clorose internerval e marginal, seguida de necrose das margens do limbo. Tal sintoma pode provocar até mesmo a morte da região apical dos ramos (Faria e Silva, 2004).
Ao avaliar a extração total de nutrientes pelos vinhedos de ‘Cabernet Sauvignon’ (Vitis vinifera L.) na região da Serra Gaúcha, Giovannini et al. (2001) destacam que o Ca foi o terceiro nutriente mais extraído pela videira, com média de 63,46 kg.ha-1. Os autores concluíram que a ordem decrescente de extração total de nutrientes pode ser descrita da seguinte forma: K>N>Ca>Mg>P>S>Cu>Mn>Fe>Zn>B.
Benefícios para a uva
O cálcio forma um importante componente da parede celular – o pectato de cálcio, além de formar também o oxalato de cálcio, composto que atua neutralizando o ácido oxálico (Silva, 2018) e segundo Fregoni (1980), ao neutralizar o ácido oxálico e outros ácidos orgânicos acaba tornando o vinho mais apreciável, por aumentar nele a produção de substâncias aromáticas.
Ainda segundo o mesmo autor, o Ca e o Mg atuam como elementos ativadores de enzimas como fosfatase, peptidase e adenosinatrifosfatase, que agem no metabolismo glucídico e proteico, ou seja, aumentam o teor de açúcares.
Relação com a produtividade
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