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domingo, novembro 24, 2024
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Cebola híbrida proporciona alta população por hectare

 

 

Um dos maiores erros cometidos pelos cebolicultores é a população inadequada e o plantio sem orientação, juntamente com a velocidade acelerada da máquina e o excesso de nitrogênio - Crédito Edson Zuquetto
Um dos maiores erros cometidos pelos cebolicultores é a população inadequada e o plantio sem orientação, juntamente com a velocidade acelerada da máquina e o excesso de nitrogênio – Crédito Edson Zuquetto

Santa Catarina ainda é o maior produtor de cebolas do Brasil, em especial as regiões de Ituporanga e Alfredo Vagner, no Alto Vale do Itajaí. O centro-oeste aumenta sua área todo ano, assim como o Vale do São Francisco, no Nordeste, incluindo Bahia e Pernambuco, e Minas Gerais, destacando-se o Alto Paranaíba e o Triângulo Mineiro, além de Goiás.

Produtividade

Para Valter Rodrigues Oliveira, engenheiro agrônomo e pesquisador da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, a produtividade da cebolicultura depende muito da tecnologia utilizada pelos produtores. “No Rio Grande do Sul e no Paraná são observadas as menores produtividades (em torno de 20 toneladas), pois os produtores são pequenos, usam pouca tecnologia e sistema de mudas. Já na região centro-oeste, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro chega-se a 100 toneladas por hectare, justificado pela alta tecnologia adotada“, esclarece o especialista.

Isso quer dizer que, ainda que o Sul seja o maior produtor de cebolas, não é o mais produtivo, mas caminha para isso, com a adoção de irrigação e semeadura mecânica, fazendo aumentar sua produtividade.

Condições para a cultura

Devido ao clima, que não ajuda muito no Sul do país, a população de plantas não pode ser muito alta, como acontece na região centro-oeste, onde se chega a plantar um milhão de plantas por hectare.

“Na região Sul usa-se, no máximo 400 mil plantas por hectare. O clima é muito úmido lá, além de frio, dificultando o manejo de doenças, e por isso é preciso maior espaçamento entre as plantas“, destaca Valter Rodrigues.

Híbridos otimizam o cultivo

O excesso de plantas leva à produção de bulbos miúdos - Crédito Valter Oliveira
O excesso de plantas leva à produção de bulbos miúdos – Crédito Valter Oliveira

O tipo de cultivar interfere diretamente na produtividade da cebola. Nas regiões em que se utilizam híbridos se observam melhor qualidade das sementes, com maior poder germinativo, uniformidade de germinação e emergência melhor que naquelas que investem em cultivares de polinização aberta (OP). No primeiro caso, a cebola híbrida permite, também, utilizar alta população de plantas por hectare, ao contrário dos OP’s.

“A diferença de tamanho entre as híbridas e as convencionais é muito grande. Se aumentar muito a população, neste último caso, o resultado é uma alta proporção de bulbos pequenos, que apresentam valor comercial menor. Quando se trabalha com híbridos, que são geneticamente mais uniformes, e a qualidade da semente tende a ser melhor, consegue-se manter um padrão comercial bom, mesmo trabalhando com populações muito altas“, compara Valter Rodrigues, destacando essa como uma característica vantajosa do híbrido, apesar de sua semente ser mais cara.

Outro ponto é que plantio mecanizado está associado aos híbridos, e por consequência à maior produtividade. Isso porque, normalmente, as máquinas permitem colocar maior número de plantas por hectare, resultando em uma produtividade mais alta, que responde bem à tecnologia.

Para cultivares de polinização aberta, a capacidade máxima chega a 600 mil plantas por hectare. Se esse número for ultrapassado, a qualidade final pode ficar comprometida.

Dicas

A população adequada de cebolas depende do híbrido e da época de plantio. “Se o plantio for precoce, por exemplo, que é um período de chuva ainda, o produtor deverá ter cuidado com as doenças fúngicas, que gostam de alta umidade e temperatura alta. Neste caso, é indicada uma população mais baixa de plantas. Condições de umidade alta, seja por chuva no verão ou no inverno, em áreas de muita neblina, com acúmulo de umidade muito alto à noite e de manhã, exigem populações mais baixas, independente do híbrido, o que facilita o manejo da doença, já que haverá maior arejamento, tornando a aplicação de defensivos mais eficiente“, recomenda Valter Rodrigues.

Por outro lado, se a região ou época for mais seca, a população de plantas de cebola pode ser mais alta, chegando a um milhão de plantas por hectare. O mesmo é aceito com cultivares que são mais tolerantes a doenças. Entretanto, o pesquisador recomenda que o produtor tenha um profissional da área para orientá-lo na melhor escolha.

População ideal

No Sul, a população de plantas não pode ser muito alta - Crédito Luize Hess
No Sul, a população de plantas não pode ser muito alta – Crédito Luize Hess

Segundo Valter Rodrigues, a distribuição das plantas depende muito da máquina semeadora – se ela “˜espaça’ mais nas entrelinhas e deixa uma linha mais espaçada que a outra, é preciso adensar mais nas linhas. Já se a semeadora for mais estreita, perde-se muito espaço no campo com o rodado do trator, e será preciso passar mais vezes na mesma área. Entretanto, no caso de semeadoras mais largas, de 12 linhas, por exemplo, perde-se menos espaço com o rodado do trator e pode-se espaçar mais em cima do canteiro.

“Alguns produtores preferem plantar em linhas duplas, outros em linhas simples à mesma distância, e há ainda aqueles que não gostam, por exemplo, de trabalhar a linha central do canteiro, e preferem deixar o espaço livre visando o maior arejamento e luminosidade para as plantas. Assim, o ideal é a distribuição mais uniforme possível, com plantas equidistantes, de forma que haja um bom arejamento e que o vegetal receba o máximo de luz possível em todas as suas partes“, recomenda o pesquisador.

 

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