Autores
Cristina Arzabe
Mestre e doutora em Zoologia e Pesquisadora da Embrapa
cristina.arzabe@embrapa.br
Vera Lucia de Oliveira Daller
Coordenadora de Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
vera.oliveira@agricultura.gov.br
Uma pesquisa inédita revelou que a mulher que atua no agronegócio brasileiro possui escolaridade alta e independência financeira. Os dados, que surpreenderam até quem elaborou o questionário, mostra que a mulher do agro procura inovações, tem uma visão ampla do negócio e é comunicativa
As mulheres estão garantindo o seu espaço na agricultura. Estudo da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) (7ª edição da Pesquisa Hábitos do Produtor Rural) com dados de 2016 envolvendo 2.835 agricultores e produtores de animais de 15 Estados de todas as regiões do País mostrou que a presença da mulher em funções de decisão nos empreendimentos rurais aumentou de 10 para 31% entre 2013 e 2018.
A pesquisa concluiu, também, que as mulheres utilizam mais a tecnologia, já que 83% das produtoras rurais possuem smartphone, contra 69% dos homens. Elas também superam os produtores do sexo masculino na questão de formação superior: uma em cada quatro mulheres fez cursos de graduação e, entre os homens, um em cada cinco.
A presença feminina cresceu não apenas nas fazendas, mas em todos os segmentos, como empresas de insumos e máquinas, laboratórios, indústrias de alimentos, tradings e consultorias. Em todas as regiões do mundo a parcela feminina da população economicamente ativa na agricultura mostrou crescimento entre 1980 e 2010, segundo dados da FAO.
Crescimento da parcela feminina da população economicamente ativa na agricultura entre 1980 e 2010.
Fonte: http://www.fao.org/gender/resources/infographics/the-female-face-of-farming/en/
Por aqui
No Brasil como um todo, dados do Censo Agropecuário 2017 do IBGE mostram que na condição legal de produtor individual temos 3,6 milhões de pessoas no campo, sendo quase 700 mil mulheres, o que equivale dizer que 19% dos produtores individuais são do sexo feminino. Então, ainda somos minoria e há diferenças regionais.
Pernambuco e Bahia têm 27 e 26% de seus estabelecimentos sob responsabilidade de mulheres, respectivamente, e o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por sua vez, têm apenas 12 e 10% dos seus estabelecimentos nesta condição.
Os dados do Censo Agropecuário 2017 do IBGE serão muito importantes para mapear em que áreas do agro as mulheres estão mais presentes, no entanto, ainda não temos esta informação disponível no momento. Uma publicação importante lançada pela Embrapa e a IWCA Brasil, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e ONU Mulheres, cujo título é ‘Mulheres dos Cafés no Brasil’ e que está disponível em português e em inglês no formato e-book (https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/37899021/embrapa-e-iwca-lancam-publicacao-pioneira-sobre-mulheres-do-cafe) evidencia o importante papel da mulher nesta cadeia produtiva.
Por que o agro?
As mulheres sempre estiveram envolvidas no agronegócio, mas seu trabalho era totalmente invisibilizado. Era um trabalho nos bastidores, no passado, ficando à parte da gestão e as questões financeiras sobre a responsabilidade dos maridos, pais ou irmãos.
Hoje isso está mudando, porque a mulher está tomando as rédeas do negócio, se envolvendo também com a parte negocial e financeira dos empreendimentos, com a gestão dos negócios. Então, está aparecendo mais, mas acreditamos que elas sempre estiveram lá, desde os primórdios. Segundo a história da agricultura, foram elas que plantaram as primeiras sementes.
Mulheres x homens
Há diferenças entre homens e mulheres no que se refere à força física, eventualmente. Mas isso já não é tão importante para uma geração HI-Tech. A diferença mais importante seria a gestação, que é parte da vida apenas da mulher.
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