Daniel Lucas Magalhães Machado
Engenheiro agrônomo edoutorando em Produção Vegetal, ICIAG – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
danielmagalhaes_agro@yahoo.com.br
Ernane Miranda Lemes
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheiros agrônomos edoutores em Produção Vegetal, ICIAG-UFU
João Ricardo Rodrigues da Silva
Engenheiroagrônomo, ICIAG-UFU
A cebola é a terceira hortaliça em importância econômica no mundo e a terceira mais produzida no Brasil. Em 2015, a produção de cebola no Brasil foi de cerca de 1,42 milhão de toneladas em 56,4 mil hectares colhidos (IBGE, 2016), resultando em uma produtividade média de 25,2 t ha-1.
Esta produtividade, embora crescente nos últimos anos, ainda é baixa e ocorre devido ao cultivo em grande parte de cultivares de polinização aberta, ou OP’s (“˜open pollination’), que proporcionam baixo rendimento, qualidade e ausência de resistência as principais doenças e pragas.
O mercado de sementes de cebola no Brasil movimentou em torno de 158 milhões de dólares em 2016, em uma área de 56 mil hectares. Desta, estima-se que 11 mil foram campos de produção utilizando-se sementes híbridas (NASCIMENTO & MELO, 2015).
Híbridos
A utilização de híbridos no mercado nacional ainda é recente e ocupa cerca de 20% da área plantada, valores bem inferiores a países como EUA e Japão, onde estes valores chegam a 81% e 73%, respectivamente (ALMEIDA, 2015).
Embora a utilização de híbridos no mercado nacional ainda seja pequena, sua procura tem aumentado nos últimos anos (ANACE, 2015). Esta procura se dá principalmente em função da superioridade agronômica desses em relação às cultivares de polinização livre.
Vantagens
O plantio de híbridos apresenta como principal vantagem a possibilidade de se trabalhar com altas populações. Enquanto o plantio de variedades OP’s apresentaria perda de qualidade dos bulbos para populações superiores a 600 mil plantas por hectare, o híbrido suporta população superior a um milhão de plantas, o que reflete num grande aumento da produtividade.
Além disso, quando comparado às OP’s, a cebola híbrida é geneticamente mais uniforme, apresenta melhor qualidade de semente, melhor padrão comercial dos bulbos, é geralmente portador de genes de resistência a doenças, e facilita o plantio mecanizado, que muito otimiza o sistema de cultivo.
Na região do Triângulo Mineiro o cultivo de sementes híbridas é praticamente de 100%, o que se deve às características de produção e padronização que os materiais híbridos possuem.
Semeadura
Na região Sudeste do Brasil faz-se a semeadura da cebola de fevereiro a maio. Neste período, a quantidade de horas de luz na região é compatÃvel com as cebolas de dia curto. Sendo assim, a escolha do híbrido deve ser definida em função da compatibilidade de suas exigências fisiológicas com as condições ambientais locais.
Os novos híbridos de cebola de dia curto disponíveis no mercado devem ainda apresentar uniformidade na formação do bulbo, casca grossa e coloração de pele mais escura (que possuem maior aceitação pelo mercado), tolerância às principais doenças, permitir o adensamento de plantas e apresentar grande potencial produtivo.
Marouelliet al. (2005) estabelece a divisão da fenologia da cebola em quatro fases – inicial, vegetativa, de bulbificação e maturação, sendo que algumas características no desenvolvimento se diferem para os híbridos em relação as OP’s.
As variedades híbridas tendem a apresentar maior percentual e velocidade de germinação. Apresentam boa quantidade de massa foliar, e as folhas comumente se apresentam mais intactas e fotossinteticamente ativas, uma vez à maior resistência do híbrido ao ataque de determinadas pragas e patógenos.
A fase de formação e desenvolvimento dos bulbos é marcada por uma intensa exportação de nutrientes pela cultura, tanto pelas características genéticas dos híbridos quanto pela alta população de plantas. A maturação geralmente é de melhor qualidade, o que influi positivamente na qualidade da colheita e na resistência dos bulbos para os processos de transporte, armazenagem e comercialização.
Ciclo
O cultivo de híbridos de cebola possibilita ampliar o período de plantio e de colheita. Para a maioria dos materiais genéticos disponíveis no mercado, o semeio ocorre no final do verão a meados de outono, podendo ocorrer semeio de verão (do final da primavera a início do verão).
A combinação entre a grande janela de semeio e ciclos que variam de 95 a 170 dias garante oferta dos bulbos durante todo o ano. Assim, trabalhar com híbridos que possibilitam colheitas precoces oferece a chance ao produtor de conseguir melhores preços no mercado.
Um exemplo é uma cebola híbrida de ciclo ultra precoce, que possibilita colheita com 90 a 95 dias de plantio, sem perder em produtividade, o que é um diferencial do híbrido em se tratando de um ciclo tão curto (alcança até 90 toneladas por hectare dependendo da região).
Também se caracteriza por ter grande eficiência na absorção e aproveitamento do nitrogênio do solo, podendo-se reduzir de 20 a 30% a adubação nitrogenada, como mostram algumas pesquisas. Apresenta resistência a algumas doenças, porém, esse não é destaque da cebola.
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