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O setor florestal brasileiro, ao longo das ultimas três décadas, teve um avanço muito grande em termos de aumento de produtividade florestal. Na década de 70 a produtividade estava em torno de 20 m³ ha/ano, e hoje passa dos 45m³ na maioria das regiões do país, ou seja, o crescimento florestal mais que dobrou nesse período.
Para Gleison Augusto dos Santos, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas e Coordenador de Tecnologia e Desenvolvimento do grupo CMPC Celulose Riograndense, essa evolução aconteceu devido ao melhoramento genético e, mais especificamente, Ã clonagem.
“Praticamente todas as empresas hoje contam com a clonagem de eucalipto, principalmente de eucaliptos tropicais, que são aqueles plantados nas áreas mais quentes do país. Há um vasto conhecimento sobre isso, em termos de propagação de plantas, silvicultura clonal, e o desafio hoje é levar esses ganhos para os eucaliptos subtropicais, plantados nas áreas mais frias do Brasil, onde ocorrem geadas durante o inverno“, avalia.
Como funciona
O processo de clonagem é fundamental para a produção de florestas, pois possibilita a homogeneização da matéria-prima, melhora a qualidade da madeira, seja para celulose ou para carvão vegetal, dentre outros produtos. Há, também, a maior resistência à seca, ao déficit hídrico e também às principais doenças que atacam a cultura, tudo baseado no melhoramento genético e na clonagem dos indivíduos superiores.
Para ser clonada, Gleison explica que a árvore deve possuir as características desejadas, o que depende muito do objetivo do produto final. “Falando em celulose, que é o produto da CMPC, a árvore tem que ter um bom desenvolvimento de campo, crescimento acima de 45m³ ha/ano, boa densidade básica da madeira, de pelo menos 500 kg/m³, rendimento de celulose acima de 54%, e resistência às adversidades climáticas do local de plantio e a possÃveis pragas e doenças da região“, pontua.
A ferrugem, citada como exemplo pelo profissional, é uma doença que se consegue resistência genética por meio da clonagem, assim como o Ceratocystis.
Vantagens da clonagem
Para o produtor, as vantagens da clonagem são: facilidade no manejo, diminuição de pragas e doenças, aumento de produtividade e maior sustentabilidade da produção, o que proporciona maior retorno financeiro por hectare plantado
Opções
Há uma diversidade de clones disponíveis no mercado, entretanto, para não errar, Gleison sugere que o produtor considere os mais adaptáveis para a região de plantio. “As recomendações e indicações o produtor pode conseguir junto aos órgãos de pesquisa e extensão da região, como a Embrapa ou a Emater, além de empresas que desenvolvem clones de eucalipto para a sua região“.
O profissional relata ainda que é fundamental o acompanhamento de todas as fases, desde a escolha do clone à colheita das árvores por um engenheiro florestal, que é o especialista mais habilitado a trabalhar com o manejo de florestas de Eucalipto.
Custo
O milheiro de mudas clonais é um pouco mais caro que o das sementes convencionais, chegando a R$ 350, frente aos R$ 250 do segundo caso. “A diferença no preço da muda é pequena, e a cada dia vem reduzindo, de acordo com a quantidade de mudas a serem plantadas. Pelos ganhos proporcionados pelo plantio do material clonal, o investimento, sem dúvida, vale a pena“, considera o especialista.
A justificativa é que o resultado do plantio clonal é muito superior, produzindo praticamente o dobro em relação ao convencional, dependendo da região.
Manejo
Quanto ao manejo, o cuidado que o produtor deve ter é no momento de comprar as mudas, as quais devem, realmente, ser adaptadas à região de plantio e se adequar aos padrões de qualidade de mudas do eucalipto.
Além disso, Gleison ressalta a importância de contar com acompanhamento técnico de silvicultura, para recomendar as técnicas de plantio, como espaçamento adequado para as mudas, fertilização ideal e preparo de solo. “Não é simplesmente plantar a muda de eucalipto e pronto. Há um manejo a ser adotado para essa floresta crescer bem, como o controle da matocompetição, o monitoramento da presença das pragas e doenças dentro da cultura, as adubações de manutenção adequadas, ou seja, além de um plano específico para a região, o produtor tem que acertar as tecnologias de plantio“, ressalta.
Além do já citado, é importante lembrar que a região tem que ser adequada ao plantio de eucalipto, pois essa espécie não responde a áreas encharcadas, o que exigiria tecnologias para retirar o excesso de água do solo, como camalhões.
Por fim, é preciso estar atento ao mercado consumidor, certificando-se quanto às indústrias que possam suprir a demanda pela madeira plantada na região.