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Comercialização de madeira de cedro australiano surpreende produtores

Eduardo de Castro Stehling

Biólogo e consultor na Fuste Consultoria Florestal

pesquisa@belavistaflorestal.com.br

 

Créditos Eduardo Stehling
Créditos Eduardo Stehling

A pronta aceitação do cedro pelo mercado da madeira não é um fato. Existe boa aceitação do mercado e existem esforços de venda e divulgação da madeira produzida. Dá trabalho e é difícil! Não existe nenhuma expectativa da redução de corte na cultura e o tempo continua sendo de 15 a 20 anos.

Entretanto, existe a madeira de desbaste, que deve ser retirada entre 08e 10 anos. Esses prazos dependem das características dos sítios onde o plantio é realizado, da precipitação, dos tratos silviculturais realizados, entre outros fatores.

Então, são dois pontos distintos, a madeira de desbaste e a madeira para corte final. Sempre existirá demanda por madeira, independente da espécie, entretanto, não existe livre demanda por madeira de desbaste, da mesma forma que não existe lucro em seu processamento, especialmente devido ao seu baixo rendimento durante o processamento na serraria e sua juvenilidade.

Diferentemente, a madeira acima de 15 anos e com diâmetro de toras necessário para se obter bom rendimento na serraria, corretamente manejada e de boa superfície, terá, sem dúvida, valor esperado ou superior.

Características da madeira do cedro australiano

O cedro australiano é uma madeira que possui como principais características a superfície lisa e lustrosa, cerne e alburno de coloração distintos com relação favorável ao cerne, coloração do cerne bege rosado, leveza, baixa densidade, grã direita, não causa sensação de adstringência e estabilidade.

A madeira apresenta bom acabamento, possui excelente trabalhabilidade, sendo fácil de aplainar, serrar, lixar, furar, pregar, colar e tornear. A secagem ao ar é rápida e com pouca ocorrência de defeitos, desde que bem acondicionada.

Grande diâmetro de toras para obter bom rendimento de desdobro - Créditos Eduardo Stehling
Grande diâmetro de toras para obter bom rendimento de desdobro – Créditos Eduardo Stehling

Exigências de mercado

O mercado consumidor tem preferência pela madeira madura do cedro australiano, que possui características análogas à das meliáceas brasileiras, especialmente o cedro (Cedrelafissilis e Cedrelaodorata) e mogno brasileiro (Swieteniamacrophylla).

Devido à semelhança, o cedro australiano se insere nos mesmos nichos que as meliáceas nativas, que são movelaria, esquadrias, laminados, compensados, indústria naval, etc. Não existe resistência, pois os profissionais já conhecem o cedro.

Custo

Os custos de produção da madeira do cedro podem variar e dependem de uma série de fatores, sendo a escala, topografia, produtividade e vantagens logísticas determinantes para se ter uma boa margem de lucro.

Projetos pequenos são penalizados com maiores custos na aquisição de insumos, administração e dificuldades no desenvolvimento de clientes. A baixa produtividade reduz sensivelmente a margem de lucro no empreendimento, considerando um custo de produção fixa nos dois cenários.

A topografia íngreme, culminando na ausência de mecanização, aumenta todos os custos do projeto e impacta na rentabilidade. Altos custos de logística podem até inviabilizar o empreendimento, especialmente se associados à baixa produtividade.

Os custos/ha ao longo de um ciclo de 15 anos podem atingir os valores R$ 34.000,00, considerando colheita, processamento e produção (sem a compra da terra).

Desrama adequada no manejo florestal - Créditos Eduardo Stehling
Desrama adequada no manejo florestal – Créditos Eduardo Stehling

Retorno do investimento

Assim como já citado, a produtividade do cedro australiano varia conforme o sítio, a precipitação, os tratos culturais, a presença de irrigação, entre outros. Quinze anos representa uma convergência muito adequada, considerando maturação da madeira e volume produzido. Entretanto, devido à capacidade de responder aos sítios de alta qualidade, a produção pode ser antecipada (nos casos em que o grande volume é atingido), sendo 13 anos a idade mínima para o corte.

Plantios com 20 anos de idade apresentam madeira com grande maturação, com acentuação da coloração da madeira e redução de problemas pós-colheita, desdobro e secagem.

Rentabilidade

Cerca de 70% do volume da árvore está concentrado no fuste da planta. O restante representa pontas e galhos. Estas partes não terão uso na serraria, seja pelo baixo diâmetro ou pela forma ruim.

O diâmetro está diretamente ligado à produtividade e à idade da planta. Plantas de baixa produtividade atingirão diâmetro de corte mais tarde. O ideal é ter toras com diâmetro médio entre 45 e 55 cm e plantas com DAP mínimo de 50 cm.

O diâmetro médio das toras é determinante no rendimento de desdobro. Quanto maior o diâmetro médio, maior o rendimento. Bons rendimentos giram em torno de 50 e 60% na conversão de tora para madeira serrada. Dificilmente se atingirá rendimentos superiores a 60% em serras de fita.

Para haver rentabilidade, é necessário toras retilíneas de baixa conicidade, sem tortuosidades ou defeitos. A madeira precisa estar em excelente estado, livre de nós e problemas ligados ao manejo. Por outro lado, toras finas apresentam baixo rendimento.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro/fevereiro 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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