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sábado, setembro 21, 2024
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Como alcançar mais produtividade na cebola

Autores

Ana Carolina Batista Bolfarini
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura
anacarolinabolfarini@hotmail.com
Vander Rocha Lacerda
Engenheira agrônomo e mestrando em Agronomia/Horticultura

A cultura da cebola possui exigência nutricional semelhante às demais plantas, necessitando de todos os macro e micronutrientes essenciais para o seu desenvolvimento. Estes nutrientes, em sua maior parte, são fornecidos às plantas por meio da adubação.

Um manejo criterioso de fertilização consiste em otimizar a produtividade, satisfazendo as necessidades da cultura pela adoção de técnicas que propiciem maior eficiência no uso dos adubos, da água, da mão de obra e dos demais insumos, minimizando as perdas de nutrientes por lixiviação, como no caso do potássio (K), que além de reduzir o lucro do produtor, acarreta contaminação dos lençóis freáticos.

Por isso, a adubação foliar com K, em complementação a adubações via solo, tem se mostrado compensatória. Além disso, a incorporação de compostos orgânicos, fontes de aminoácidos, a adubos foliares, aumenta a absorção de K e outros nutrientes pelas plantas, tornando ainda mais eficiente e econômico o processo de fertilização em culturas que são altamente responsivas à adubação, como a cebola.

O potássio

O K é um dos macronutrientes mais exigido pelas plantas, perdendo apenas para o nitrogênio. Alta produtividade implica em maior necessidade de K pela cultura. No entanto, a maioria dos solos brasileiros apresenta carência deste nutriente, pois sua forma solúvel, utilizada pela planta, é facilmente lixiviada no perfil do solo.

O potássio melhora a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas, aumenta a capacidade das plantas em resistir ao ataque de insetos, ao estresse pelo frio e pela seca e outras condições adversas. Ele promove a formação de um sistema radicular forte e saudável, bem como aumenta a eficiência na absorção e no uso do nitrogênio e outros nutrientes.

Ação e reação

O K+ desempenha duas principais funções na planta. Uma delas é seu papel insubstituível na ativação de muitas enzimas, que são fundamentais para processos metabólicos, especialmente a produção de proteínas e açúcares.

A segunda função está relacionada ao potássio manter o conteúdo de água e com isso o turgor celular – papel biofísico. As células turgidas mantêm o vigor das folhas, permitindo que a fotossíntese proceda eficientemente.

A relação entre a água e o conteúdo de nutrientes celulares controla o movimento de ambos na planta, assim como o transporte de açúcares produzidos pela fotossíntese para órgãos de armazenamento, como os bulbos. São necessárias grandes quantidades de K para estas funções fisiológicas nas plantas.

Benefícios

Um grande número de pesquisas tem confirmado o efeito benéfico do fornecimento balanceado de K sobre a qualidade dos produtos colhidos. Isto é válido principalmente para as propriedades nutricionais, como o conteúdo de proteínas, vitaminas e para aspectos funcionais, como o sabor. Culturas supridas adequadamente com K têm melhor aparência, sabor e aroma.

A utilização de aminoácidos na agricultura brasileira e no mundo vem aumentando de forma bastante acentuada, devido aos inúmeros benefícios que estas substâncias orgânicas proporcionam às plantas.

O número de empresas, ofertando no comércio uma ampla gama de produtos à base de aminoácidos tem aumentado cada vez mais. Contudo, a aplicação isolada dos mesmos raramente gera efeitos significativos na produtividade das culturas.

As principais funções dos aminoácidos nas plantas são: a síntese de proteínas, o preparo de substâncias reguladoras do metabolismo vegetal e também como ativador de metabolismos fisiológicos. Além disso, os aminoácidos têm como função interagir com a nutrição da planta, aumentando a eficiência da absorção, transporte e assimilação de nutrientes.

Com relação aos aspectos de qualidade dos produtos agrícolas, os aminoácidos podem alterar as concentrações de sólidos solúveis, açúcares, carboidratos e amido.

As plantas produzem aminoácidos por conta própria, mas devido a estresses ambientais na área agrícola, como excesso de chuvas, seca, ataque de pragas entre outros, a quantidade de aminoácidos produzida naturalmente acaba não sendo o suficiente.

Os fertilizantes foliares contendo aminoácidos têm a função de suprir a quantidade necessária, para que a planta possa ter melhores condições de se desenvolver perante a esses estresses.

Resultados na cebolicultura

Na cebola, a necessidade de K para um ótimo crescimento é de 40 g/kg de matéria seca da parte vegetativa, sendo que sua deficiência na planta causa amarelecimento das folhas velhas, secamento da ponta foliar e reduzido crescimento do bulbo.

O potássio é o nutriente mais absorvido pelas plantas de cebola, desempenha a função de ativador enzimático, está envolvido na fotossíntese, no transporte de carboidratos, na síntese de proteínas, na expansão celular e no movimento estomático.

A grande demanda de K pela cebola, especialmente na fase de bulbificação, se relaciona à redução do potencial osmótico, favorecendo a entrada de água e de fotoassimilados, contribuindo para o enchimento dos bulbos.

Logo, o potássio proporciona melhoria da qualidade dos bulbos, reduzindo a quantidade de refugos (bulbos distribuídos na Classe 0). Além disso, o potássio é de grande importância na conservação pós-colheita da cebola, uma vez que a adição de K reduz a perda de massa dos bulbos.

Como os aminoácidos aumentam a eficiência da absorção, transporte e assimilação do K pela planta, e este é responsável pelo transporte de fotoassimilados das folhas para os bulbos, a aplicação do K em combinação com aminoácidos melhora o enchimento da cebola, resultando em bulbos com maior valor comercial.

O uso de aminoácidos em conjunto com o potássio, por meio da fertilização foliar, é uma alternativa muito interessante para ser utilizada na adubação, pois os aminoácidos aumentam a eficiência da absorção do K pelas folhas, já que quando o nutriente é anexado a aminoácidos há uma maior penetração na membrana cuticular e uma velocidade maior do que o previsto por difusão simples. Isto contribui para a redução nos custos da fertilização química e de seus impactos sobre o ambiente, principalmente em relação ao potássio, visto que 50% do fertilizante com K aplicado podem ser lixiviados abaixo de 0,6 m no perfil do solo, profundidade superior à capacidade de absorção pelo sistema radicular da cebola.

Mais benefícios

Os fertilizantes com aminoácidos também estimulam as plantas durante a fase de crescimento ativo, particularmente em situações adversas ao desenvolvimento, como: asfixia radicular, seca, granizo e altas temperaturas.

Várias pesquisas comprovam que a aplicação exógena de aminoácidos aumenta a tolerância das plantas, pois os aminoácidos atuam na estabilização das membranas celulares e também na eliminação de substâncias tóxicas que são geradas durante uma condição estressante.

Os aminoácidos também conferem proteção ao ataque de pragas e doenças, pois fazem parte da biossíntese de compostos fenólicos e são percursores da síntese de lignina nos vegetais, que está relacionada à defesa das plantas contra doenças e pragas.

Em destaque

As culturas mais beneficiadas pela aplicação de fertilizantes potássicos complexados com aminoácidos são aquelas que apresentam alta exigência de K, e que por isso necessitam de pronta disponibilidade do nutriente em determinada fase de desenvolvimento da planta, como a cebola.

Geralmente a quantidade de potássio necessária para uma ótima produtividade é também suficiente para assegurar uma boa qualidade. Porém, a necessidade de melhorar a qualidade do produto é, às vezes, mais importante do que outros aspectos de rendimento da produção, especialmente quando a alta qualidade garante o melhor retorno econômico.

Neste caso, é necessário mais K para assegurar a qualidade, exemplo disso é o que ocorre em culturas como a banana, algodão e batata.

O uso de fertilizantes potássicos complexados com aminoácidos é uma excelente opção para cultivos realizados em condições de estresse, como: solos deficientes, plantios adensados, além de estresse salino, alta temperatura, excesso de chuvas, entre outros fatores de interferência ambiental.

Como a disponibilidade do nutriente é mais rápida com a complexação, também pode-se reduzir as perdas por lavagem com chuvas, sendo a aplicação desses fertilizantes principalmente indicada para as regiões brasileiras que sofrem com índices pluviométricos elevados.

Segundo estudos sobre a marcha de absorção da cultura da cebola, a quantidade demandada de K é reduzida até os 85 dias, aumentando a intensidade de absorção até 145 dias após o plantio.

Logo, a aplicação foliar do fertilizante potássico complexado deve ser realizada a partir dos 85 dias após o plantio, isto é, antes da fase de bulbificação, momento crítico para deficiência do K. Vale lembrar que o número de aplicações e a dose utilizada dependerão do estado nutricional das plantas, cultivar, nível tecnológico do produtor, produto utilizado e custo de produção.

A adubação potássica aumenta a produtividade e melhora a eficiência do uso do nitrogênio, o qual resulta em menos nitrato residual nos solos e, portanto, menos poluição ambiental. Melhora a qualidade no armazenamento e no transporte da cebola, além de aumentar o nível de vitamina C.

Obviamente, o potássio não é o único nutriente que afeta a qualidade, mas seu fornecimento balanceado com outros nutrientes aumenta a resistência, diminui os custos de produção, melhora a aparência dos produtos e reduz o risco de rejeição quando o produto vai à venda.

Os principais resultados obtidos com os aminoácidos presentes nas formulações dos produtos foram o aumento na altura das plantas após suas aplicações, quando associados à adubação no solo, consequentemente aumento no peso dos bulbos.

Na dose certa

Os resultados das análises nutricionais comprovaram a ação quelatizante desses aminoácidos, principalmente para o K. Pesquisas recentes em campo mostram que os ganhos na produtividade com o uso de formulações à base de aminoácidos chegam a 10%, de acordo com o material genético utilizado e também a quantidade aplicada.

Para as doses de 90 kg/ha e 180 kg/ha de K2O as máximas produtividades foram estimadas nas respectivas doses de 150 kg/ha e 157 kg/ha de N. Observou-se, ainda, maiores produtividades alcançadas pela dose 90 kg/ha de K2O comparativamente à maior dose de 180kg/ha de K2O. Neste contexto, inferiu-se ser as doses de 90 kg/ha de K2O e 150 kg/ha de N as mais adequadas nas condições estudadas em termos de rendimento, assim como sugere que há um nível ótimo entre as doses de N e K para se promover efeito positivo sobre a produtividade comercial da cebola.

Adubação em baixa quantidade ou em excesso, ou em momento inadequado, de forma que a planta não responda à adubação, principalmente na fase de enchimento dos bulbos; realizar adubação com ausência da análise de solo e sem consultar um engenheiro agrônomo especializado nesta área, além da utilização de produtos não registrados podem ser fatais.

Dicas importantes

No entanto, é importante salientar que o uso dos aminoácidos, bem como dos demais produtos, devem ser feitos de acordo com as recomendações do fabricante, pois doses excessivas podem causar efeito reverso. Além disso, é importante o agricultor adquirir esses produtos de empresas idôneas que asseguram a qualidade dos aminoácidos, e que recomendem produtos com formulações de aminoácidos adequadas para seu objetivo no campo.

Recomenda-se utilizar aplicações junto com outros nutrientes ou outro defensivo na pulverização, de forma que proporcione boa relação na absorção iônica com outros nutrientes para a cultura, realizar uma boa interação entre os nutrientes N e K, uma vez que os efeitos do potássio influenciam de forma complementar na absorção de N.

Em razão do crescente aumento nos custos da fertilização química e de seus impactos sobre o ambiente, buscam-se alternativas de fertilização que sejam mais econômicas, eficientes e sustentáveis. A incorporação de compostos orgânicos, fontes de aminoácidos, tem sido estimulada, sendo uma alternativa interessante para o desenvolvimento de culturas de alto valor nutricional, como a cebola.

Custo

Em relação à aplicação do fertilizante com aminoácidos, calcula-se em torno de R$ 100,00 por hectare, considerando apenas o preço do produto. Vale a pena destacar que o preço do produto varia de acordo com seu preparo, marca comercial, composição e tipo de formulação. Se levarmos em conta os custos totais para se realizar a aplicação junto com outros defensivos básicos, o valor pago pelo produto proporciona um benefício satisfatório na produção da cebola.

“Um grande número de pesquisas tem confirmado o efeito benéfico do fornecimento balanceado de K sobre a qualidade dos produtos colhidos”

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