A soja é uma planta da família da Fabaceae, que possui a característica de ser uma leguminosa nodulífera, uma vez que suas raízes podem estabelecer uma relação simbiótica com as bactérias endofíticas do gênero Bradyrhizobium, que são capazes de assimilar o nitrogênio atmosférico (N2) e disponibilizá-lo para os vegetais (Câmara, 2014).
Por produzir elevado teor de proteína, a soja possui uma alta demanda de N para enchimento de grãos (Tabela 01). Neste sentido, a demanda de N por tonelada de grão é de 83 kg. Sendo assim, se considerarmos uma produtividade média de 3,36 t/ha, precisaríamos da aplicação de 278 kg/ha de N. Para suprir essa necessidade com a aplicação de fertilizantes, seria necessário aproximadamente 600 kg/ha de ureia.
Portanto, deve-se levar em consideração que se o cultivo da soja em países tropicais dependesse da aplicação de 600 kg/ha de ureia para uma produtividade de 3,36 t/ha, a rentabilidade para esta cultura seria comprometida, e o plantio de soja seria economicamente inviável. A relação de retorno sobre o investimento seria drasticamente reduzida, fazendo com que a produção de soja deixasse de ser economicamente viável.
Tabela 01- Demanda de macronutrientes (kg/t) e de micronutrientes (g/t) essenciais para a cultura da soja. Fonte: Embrapa, 2013. | ||||||||||||
Nutrientes | N | P2O5 | K2O | Ca | Mg | S | B | Mo | Cu | Fe | Mn | Zn |
______________ kg/t de grãos ____________ | ________________ g/t de grãos ______________ | |||||||||||
Extração | 83,0 | 15,4 | 38,0 | 12,2 | 6,7 | 15,4 | 77,0 | 7,0 | 26,0 | 460,0 | 130,0 | 61,0 |
Exportação | 51,0 | 10,0 | 20,0 | 3,0 | 2,0 | 5,4 | 20,0 | 5,0 | 10,0 | 70,0 | 30,0 | 40,0 |
%Exportado | 61,0 | 65,0 | 53,0 | 25,0 | 30,0 | 35,0 | 26,0 | 71,0 | 38,0 | 15,0 | 23,0 | 66,0 |
Fonte: Embrapa (2013) |
Para que a FBN ocorra de forma eficiente, é fundamental a disponibilidade de cobalto (Co), molibdênio (Mo) e níquel (Ni) no interior do nódulo. O cobalto faz parte da leghemoglobina, enzima responsável por controlar o fluxo de O2 no processo. Esta atua transportando e regulando a concentração de O2 para a respiração das células do nódulo e das bactérias.
Lavres et al. 2016 observou que a adição de Ni no tratamento de semente aumentou a atividade da urease e a FBN na soja. Notou também um aumento do acúmulo de N na folha, que foi relacionado com o papel do Ni nas enzimas urease e hidrogenase. De forma prática, é válido destacar que as plantas que fixam N2 possuem exigências nutricionais específicas para potencializar a FBN.
Assim, uma estratégia viável para estimular a FBN desde o desenvolvimento das primeiras raízes é no tratamento de sementes. Estes nutrientes, junto aos defensivos e inoculantes, são aplicados às sementes antes do plantio. No entanto, deve-se atentar à compatibilidade dos produtos utilizados no tratamento de sementes com os inoculantes.
Figura 1 – Análise da sobrevivência de bactérias sobre influência de produtos para tratamento de sementes. À esquerda, tratamento com três discos embebidos com CoMo padrão que inibiram o desenvolvimento das bactérias em placas de petri formando um halo transparente onde as bactérias não de desenvolveram. À direita, discos tratados com UP! SEEDS, onde não se observa a formação de halo, uma vez que as bactérias se desenvolveram mostrando compatibilidade com o produto.
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