Mariana Freire Alberti
Mestranda PPG Fitotecnia ““ ESALQ/USP
Edypol Guilherme Baptista
Mestre em Fitotecnia ““ ESALQ/USP
Para a maioria das espécies frutÃferas, a aquisição ou preparo de mudas de qualidade são fundamentais para o sucesso do pomar, uma vez que mudas de alta qualidade e alto aspecto fitossanitário podem proporcionar melhor estabelecimento das plantas em campo, maior tolerância a condições adversas no momento de plantio/instalação, maior vigor vegetativo, redução de ocorrência de pragas e doenças e, por consequência, maior produção e frutos de melhor qualidade.
No caso do abacateiro, a multiplicação das plantas ocorre principalmente por meio da enxertia por garfagem, técnica na qual utiliza-se um porta-enxerto proveniente de semente e um enxerto proveniente de uma planta adulta com características conhecidas e as quais deseja-se multiplicar.
A utilização da enxertia permite a redução do tempo entre o plantio das mudas e o início da produção de frutos (também conhecido como período juvenil, no qual as plantas mantêm apenas o crescimento vegetativo), maior uniformidade no pomar emanutenção das características da planta matriz.
Além disso, no caso do abacateiro, o uso de mudas sadias e de procedência conhecida reduz a probabilidade de introdução de mudas contaminadas com Phytophthora cinnamomi Rands, pseudo fungo responsável pela podridão radicular ou gomose, atualmente principal doença do abacateiro e que afeta o desenvolvimento, produção, longevidade das plantas e limita seu cultivo.
Do plantio à colheita
Alguns cuidados devem ser tomados previamente à instalação do pomar. A escolha do local com clima e solo adequados e da cultivar mais adaptada para tais condições deve ser primordial no momento do planejamento.
Escolhido o local, a cultivar a ser produzida e a forma de aquisição das mudas, a próxima etapa é o preparo do solo. A realização da subsolagem, aração e gradagem são recomendadas para a incorporação de adubos em maiores profundidades, visando à melhoria quÃmica e física do solo.
A profundidade, largura e espessura das covas podem variar de 50 x 50 x 50 a 70 x 70 x 70 cm, dependendo do tipo de solo onde o pomar será instalado. Há, ainda, a opção do plantio em sulcos, abrindo-se linhas de plantio a uma profundidade de aproximadamente 40 cm.
Após o preparo do terreno, o plantio de mudas deve ser feito preferencialmente em épocas que favoreçam o desenvolvimento vegetativo (primavera) e deve-se atentar para a boa disponibilidade hÃdrica no pomar. Atualmente, no momento de instalação recomenda-se a adoção de espaçamentos mais adensados, como 8 x 6, 8 x 5, 7 x 6 m, por exemplo.
No entanto, Ã medida em que são adotados menores espaçamentos, há maior necessidade de podas a fim de reduzir problemas de autossombreamento entre as plantas e facilitar o manejo.
Podas
Após o plantio das mudas, a planta continuará seu desenvolvimento vegetativo. Logo nos primeiros anos é importante que o produtor comece a podar os ramos de modo a determinar as pernadas (ramos principais) da planta e ter maior controle sob a arquitetura da copa.
A prática da poda geralmente é realizada após a colheita dos frutos. Dessa forma, a época de emprego desse manejo dependerá de cada cultivar, sendo elas precoces, de meia estação ou tardias. No entanto, alerta-se que quando a época de poda coincidir com períodos de baixa temperatura (final de outono/inverno), deve ser realizada apenas quando não há risco de geadas.
Nutrição
A partir do 3° e 4° ano as plantas começarão a apresentar produção comercial de frutos, sendo necessária maior atenção ao manejo nutricional e fornecimento de nutrientes fundamentais para a formação de frutos de qualidade.
A adubação deve ser feita com base na análise quÃmica do solo, análise foliar e expectativa de produção, não havendo uma única recomendação para as condições de diferentes pomares. Entretanto, de modo geral os adubos são aplicados no diâmetro da projeção da copa para serem incorporados com a água da chuva.
Colheita
A colheita é feita manualmente, retirando-se o fruto juntamente com o pedúnculo. É realizada quando os frutos atingem o ponto de colheita ou maturação fisiológica, estágio no qual os frutos já completaram seu desenvolvimento e terão o adequado amolecimento da polpa para consumo.
Para as cultivares brasileiras como Margarida, Geada, Fortuna, Quintal e Breda, a retirada dos frutos da planta é feita quando a porcentagem de matéria seca da polpa é superior a 19%, enquanto para as cultivares do tipo “˜Hass’, o valor considerado adequado é superior a 23%. Nesta etapa, é importante manipular cuidadosamente o fruto, evitando injúrias mecânicas e depreciação do fruto a ser comercializado.
Erros que devem ser evitados
Por se tratar de um cultivo perene, a fase de implantação da cultura é crucial e é neste período que a maioria dos erros deve ser evitada. Recomenda-se que o produtor tome cuidado especial com a escolha do local onde o pomar será instalado, evitando aqueles com alta ocorrência de solos encharcados a fim de reduzir as plantas afetadas pela podridão radicular, doença que pode comprometer toda a produção.
Além das condições do solo, o produtor deve optar preferencialmente por locais com condições climáticas favoráveis para a cultura (clima subtropical), evitando regiões com ocorrência de geadas, pois esse fenômeno pode causar danos à copa/parte vegetativa e, consequentemente, à produção de frutos.
Outro cuidado importante diz respeito à origem e qualidade das mudas empregadas. Como se sabe, não existe atualmente no Brasil um protocolo de produção de mudas de abacate. A maioria das mudas comerciais de abacate são enxertadas, contudo, apenas as variedades-copa são determinadas pelo comprador, não havendo um padrão recomendado para a variedade porta-enxerto.