Como referência geográfica, considerando produção e produtividade, as principais regiões produtoras de milho safrinha são Rio Verde (GO), Lucas do Rio Verde (MT), Maracaju (MS), Toledo (PR) e Balsas (MA)
O milho safrinha ocupa 33% da área de soja cultivada no verão, isso porque na região sul parte da lavoura de soja é ocupada com cereais de inverno, enquanto que nas regiões centro-oeste e norte/nordeste o clima não permite duas safras devido ao longo período seco.
Contudo, o milho safrinha é cultivado em duas vezes a área de milho verão, porque na região centro-oeste ele predomina absoluto, depois da soja.
Manejos
Considerando que o milho safrinha é semeado após a soja, e que não há tempo para preparo mecanizado do solo, GessÃCeccon, analista de pesquisa da Embrapa, explica que a semeadura é realizada em plantio direto. Com isso, o cuidado com o solo, em termos de correção da acidez e manutenção da fertilidade,é primordial para altas produtividades.
“Depois, são importantes as tecnologias para produção de cobertura do solo com palha e cultivo em plantio direto, com menor revolvimento possível do solo, no sentido de manter mais água no solo, e consequentemente maior atividade microbiana que disponibilize os nutrientes para as culturas, as quais respondem com mais produtividade“, considera.
Erros primários
Segundo GessÃCeccon, são muitos ainda os erros cometidos pelos produtores, porque a interferência do clima (seca ao Norte e frio ao Sul) não permite que o agricultor faça grandes planejamentos e investimento seguro na safrinha.
“A escolha adequada do híbrido para determinado tipo de solo nem sempre tem acontecido, embora o agricultor sempre procure pelo híbrido mais produtivo. Acontece que o mais produtivo pode ser dependente de maiores investimentos em adubação e defensivos, tornado o custo de produção ainda maior“, expõe o pesquisador.
Produtividade
A produtividade varia com os anos, justamente em função do clima que se traduz em maiores ou menores investimentos. Em 2015, com clima normal, a produtividade foi de 6.000 kg ha-1, enquanto que em 2016 foi de apenas 3.800 kg ha-1, devido à seca e ao frio, segundo dados da Embrapa.
Conjugando a safra e a safrinha, o Paraná é o Estado com melhor média, com 7.220 kg/ha, seguido por Goiás/Distrito Federal, com 6.107 kg/ha. No milho da primeira safra, o Paraná ficou à frente do Distrito Federal com R$ 8.584 kg/ha e Mato Grosso do Sul com 8.500 kg/ha.
O Paraná une alta produtividade com alto volume de área plantada. Segundo a Conab, na safra 2016/17 o milho de primeira safra deverá ter uma produção de 4,7 a 10,4% superior à passada, alcançando de 27,1 a 28,6 milhões de toneladas no País.
Segundo Amir Werle, mestre e melhorista de milho, o Brasil vem aumentando sua média de produtividade de milho por hectare plantado, embora existam pequenas oscilações de um ano para outro devido a variações climáticas. “O importante, neste momento, é conquistar esta evolução de forma gradativa, corrigindo o solo e adotando práticas de manejo, escolhendo híbridos e tecnologias adequadas à realidade de cada ambiente e de suas necessidades“, recomenda.
O especialista acrescenta que o agricultor deve buscar evoluir, adotando metas de produção e respeitando seus próprios limites.“O ideal é estipular metas de aumento entre 05 a 10% de seus níveis de produtividade a cada ano, e adotar investimentos e práticas que o levem aos níveis máximos possÃveis dentro da sua realidade“.
Para GessÃCeccon, as tecnologias têm contribuÃdo muito para a produtividade, especialmente o melhoramento de soja, que permitiu a antecipação da semeadura no verão e, por consequência, sua colheita, e assim a semeadura do milho safrinha tem sido realizada em época com maior potencial produtivo.
Porém, avalia o pesquisador, com a antecipação da semeadura do milho safrinha também ocorrem condições para maior surgimento de doenças em função da maior umidade, que o agricultor entende que deve controlar com fungicidas, aumentando o custo de produção.
O futuro já chegou
As biotecnologias estão cada vez mais presentes também em milho safrinha, devido à menor utilização de defensivos e à comodidade na atividade, contudo, elevam o custo de produção e encarecem o controle de plantas invasoras na cultura em sucessão pela necessidade de utilizar químicos com diferentes princÃpios ativos e de maior preço.
Em média, o custo de produção do milho safrinha está entre R$ 2.200 a R$ 2.700 por hectare, variação que acontece em função da região, do solo e da escolha do híbrido.
“O investimento em biotecnologias tem evoluÃdo na safrinha, mas com consequente aumento no custo de produção. A utilização de cultivares de ciclo e produtividade intermediários pode significar maior retorno econômico. O maior benefÃcio é aquele de longo prazo, como a conservação da base de produção: o solo“, considera o pesquisador da Embrapa.