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Como reduzir em até 3x o consumo de água

Andrés da Silva

Engenheiro agrícola, M.Sc. e consultor EACEA ““ Soluções em Cultivo Protegido

contato@eacea.com.br

 

Cultivo protegido reduz em até 3x consumo de água - Créditos Shutterstock
Cultivo protegido reduz em até 3x consumo de água – Créditos Shutterstock

A estiagem que afetou o Brasil e, em particular, o Estado de São Paulo, nos mostrou a fragilidade do sistema de abastecimento e do nível de compreensão da população sobre a produção de hortaliças. Em São Paulo, na região de Mogi das Cruzes, muitos produtores tiveram as bombas de irrigação lacradas, comprometendo uma boa parte das receitas destes produtores.

O uso de água na produção de hortaliças é uma questão muito importante, sobretudo quando sabemos que existe uma forte concentração das áreas de produção de hortaliças nos cinturões verdes em torno das capitais e, consequentemente, muito perto dos olhos críticos dos consumidores que devem, em época de escassez, partilhar este recurso precioso.

Quando o desperdício é feito longe das cidades, parece não afetar a opinião pública. Enfim, o que os olhos não vêm o coração não sente!

Mitos e verdades

A verdade é que toda a sociedade precisa repensar o uso de seus recursos naturais, como a energia, nutrientes, espaços verdes, a flora e a fauna … a água é mais um item na longa lista , mas um item que, devido às variações climáticas atuais, parece ter tomado uma importância fundamental.

O consumo de água na agricultura é intrínseco ao processo. Em um cultivo tradicional, para se fazer um 1 kg de tomate consome-se em torno de 80 até 100 litros de água. Para uma alface, em torno de 25 litros por quilo.

Somente para efeito de comparação, para produzir 1 kg de trigo necessita-se em torno de 1.500 litros de água e para 1 kg de carne de bovina os valores podem atingir até 20.000 litros. Vale a pena lembrar que, no caso das hortaliças, como o tomate ou a maioria das folhosas, o conteúdo de água no produto final é de mais de 90%.

Se limitarmos a produção em torno das cidades devido à escassez de água, seremos obrigados a trazer produtos de mais longe, e portanto, a um custo de energia muito maior. A pressão imobiliária já é a responsável por este fenômeno, retirando áreas importantes de cultivo que poderiam abastecer cidades de maneia segura e sustentável.

Restringir o uso da água para a agricultura equivale somente a mudar o problema de lugar.

O que fazer?

A solução é preservar as nossas fontes de água, evitar o seu desperdício e produzir melhor e em espaços cada vez menores, de maneira a conviver com o processo de urbanização da população.

O uso de variedades adaptadas mais resistentes aos estresses hídricos é o primeiro passo. Segundo, o uso de técnicas de irrigação que minimizem o desperdício de água (evapotranspiração), como cobertura morta, mulching e o sombreamento.

Quando irrigamos devemos evitar a drenagem excessiva. Para tanto, devemos fazer uso de sistemas de monitoramento da umidade do solo (tensiometria) e sistemas de irrigação por gotejamento ou microaspersão, que reduzem o consumo de água e a perda de fertilizantes.

Um sistema de irrigação bem instalado pode trazer economia de água, fertilizante e, além disso, um aumento de produtividade de mais de 30%. Os órgãos públicos deveriam, em vez de lacrar bombas, criar incentivos para os produtores investirem em conhecimento e em tecnologia.

As estufas agrícolas reduzem drasticamente o consumo de água - Créditos Shutterstock
As estufas agrícolas reduzem drasticamente o consumo de água – Créditos Shutterstock

Cultivo mais que protegido

Existe, ainda, uma outra maneira de reduzir drasticamente o consumo de água: o uso de estufas agrícolas. O uso do cultivo protegido tem evoluído no Brasil por oferecer um sistema de produção intensivo, permitindo o cultivo durante todo o ano e com baixo risco financeiro. Em estufas fechadas dotadas de um controle climático pode-se reduzir drasticamente o uso de defensivos, fertilizantes e água.

Como exemplo, em uma estufa agrícola fechada com plantio em solo podemos atingir de 25 a 30 kg de tomate tipo salada por metro quadrado por ano. Em estufas com mais tecnologia (aquecimento, injeção de CO2, hidroponia) estes valores podem chegar a 60 a 70 kg/m2/ano, ou seja, 10 vezes a média brasileira de campo aberto.

O consumo de água dentro de uma estufa de tomate cai então para a ordem de 30 litros por quilo de tomate colhido, o que equivale a uma redução de pelo menos três vezes o consumo do sistema em campo aberto.

Em hidroponia é possível, ainda, reciclar todo o volume de água drenado, reduzindo ainda mais as perdas de nutrientes e água. Se tomarmos a produção brasileira de tomate, que gira em torno de 2,4 milhões de toneladas, a economia seria da ordem 150 milhões de metros cúbicos de água, ou seja, aproximadamente 15% do volume do reservatório do sistema Cantareira em São Paulo, e isto somente para o saboroso tomate.

Por isso, em vez de penalizar, é mais importante informar a população e os produtores destas novas tecnologias e opções disponíveis. O desafio está em disponibilizar estas tecnologias por meio de linhas de financiamento e de formação técnica adequadas para o produtor.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira a sua para leitura integral.  

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