17.5 C
Nova Iorque
sábado, novembro 23, 2024
Início Revistas Florestas Consorciação de mogno com outras culturas pode diversificar lucro

Consorciação de mogno com outras culturas pode diversificar lucro

Lísias Coelho

Ph.D., engenheiro florestal e professor de Silvicultura – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

lisias@ufu.br

Arthur Netto

Consultor florestal da InvestAgro Reflorestamento

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo da Monitora Engenharia e Geotecnologias

Arthur Franco Teodoro Duarte

Graduando em Engenharia Agronômica ““ UFU

 

Crédito Lísias Coelho
Crédito Lísias Coelho

Café, cacau, pimenta-do-reino, banana, coco, mamoeiro, manga, maracujá, milho, palmito pupunha e mandioca são exemplos de culturas que podem ser implantadas junto ao mogno africano. Essa modalidade de cultivo, que engloba mais de uma cultura, é conhecida como plantio consorciado, e é indicada para silvicultores e produtores rurais que buscam diversificar a receita de médio e longo prazo.

 

A floresta

 

O mogno africano compreende quatro importantes espécies de madeiras comerciais (Khayagrandifoliola, K. senegalensis, K. ivorensise K. anthoteca). Nenhuma delas se distingue substancialmente do “verdadeiro mogno“ latino-americano (Swieteniamacrophylla e S. mahagoni) (Lamprecht 1990). As duas primeiras têm sido preferidas para plantio no Brasil, talvez apenas pela maior divulgação e disponibilidade de sementes.

Os grandes atrativos do plantio dos mognos africanos são a sua resistência natural à principal praga ““ a broca do cedro (Hypsipylagrandella) ““ que ataca os ponteiros das mudas e árvores do mogno e cedro brasileiros, e o crescimento vigoroso das plantas. Por estes motivos, há uma perspectiva de formação de plantios uniformes, com uma rotação mais curta que o ciclo do mogno brasileiro em condições naturais.

Mogno consorciado com maracujá - Crédito Adilson Santos
Mogno consorciado com maracujá – Crédito Adilson Santos

Origem do mogno

 

É importante lembrar que os mognos africanos têm centros de origem distintos, desde a floresta equatorial, que se assemelha à floresta amazônica, com temperaturas elevadas e pluviosidade de até 3.000 mm por ano, até regiões savânicas, como o Cerrado brasileiro, onde a pluviosidade pode ser de 1.500 mm, com um período seco bem definido.

Estas características determinarão o ritmo de crescimento da plantação. Sua origem também dá indícios do tipo de crescimento que se observará, como a formação de mais galhos e altura comercial menor.

Um dos aspectos pouco mencionados é o ciclo relativamente longo destas espécies, que pode variar de aproximadamente 20 anos nas regiões equatoriais a mais de 40 anos (estimativa) para regiões savânicas.

Além disso, os espaçamentos mais comuns nos plantios de mogno africano são de 05 x04 m ou 04 x 04 m, que são considerados como abertos, ou plantios pouco adensados. Dentre as razões para estas configurações de plantio estão o custo das mudas, a boa forma do tronco, mesmo em espaçamentos abertos, e a formação de copas relativamente pequenas.

Tais condições são ideais para o interplantio com outras culturas, chamado de Sistema Agroflorestal (SAF), principalmente considerando o período em que o solo estará exposto.

 

SAF

 

O componente florestal dos SAF aumenta o controle dos processos erosivos, o aporte de matéria orgânica no solo e a reestruturação de sua fertilidade. A disponibilidade de biomassa (raízes e folhas sobre o solo) promove a ciclagem de nutrientes e permite o plantio de culturas anuais mais exigentes nutricionalmente.

Os SAF também melhoram a estrutura e a atividade da microbiota do solo, favorecendo o equilíbrio biológico o que promove o controle de pragas e doenças das culturas do consórcio agroflorestal.

O consórcio ideal é com culturas de ciclo curto - Crédito IB Floresta
O consórcio ideal é com culturas de ciclo curto – Crédito IB Floresta

Vantagens do consórcio

 

Estes fatores, espaçamento aberto, copa pequena e ciclo longo, geralmente acarretam em mais despesas para o produtor, que precisa controlar a matocompetição para que o mogno cresça de maneira adequada. Além disso, essas espécies de mogno são mais exigentes quanto à nutrição e demandam solos corrigidos (pH) para que tenham bom desenvolvimento.

Uma das maneiras mais práticas e vantajosas para reduzir os custos com as operações (roçadas e herbicidas, calagem e adubações) é o consórcio com outras culturas de ciclo mais curto.

 

Opções

 

Em princípio, não se deve plantar espécies que podem competir com a cultura principal (mogno africano) por água, luz ou nutrientes. Sendo assim, nos primeiros anos devem ser evitadas aquelas culturas que são usadas para pastejo, como o capim braquiária (que resulta no Sistema Silvipastoril).

Culturas agrícolas anuais geralmente têm ciclo curto (até 150 dias) e são cultivadas no período chuvoso. Também é neste período que há maior desenvolvimento das plantas infestantes e seu controle se torna crítico.

O plantio de milho, feijão, soja, mandioca, melão, melancia, ou até mesmo abacaxi, demandam a correção do solo com calagem, adubação balanceada e controle das plantas infestantes. Todos estes cuidados com a cultura agrícola também beneficiam a cultura florestal, que se aproveitará dos “resíduos“ de adubação e da cobertura vegetal.

Além disso, no período de grande crescimento das plantas infestantes, estas estarão sendo controladas por capinas, roçadas ou até mesmo pelouso de herbicidas. Tudo isso diminuirá a competição com o mogno africano, favorecendo o seu desenvolvimento.

Crédito IB Floresta
Crédito IB Floresta

Rentabilidade

 

Como o custo de implantação de uma floresta de mogno africano é relativamente elevado, culturas de ciclo curto podem gerar renda nos primeiros meses de plantio, reduzindo os custos iniciais. Para isso, é importante selecionar culturas que tenham mercado garantido na região onde está sendo implantado o projeto florestal.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de julho/agosto de 2018 da Revista Campo & Negócios Floresta. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

 

Ou assine

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes