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Consorciação de mogno com outras culturas pode diversificar lucro

Lísias Coelho

Ph.D., engenheiro florestal e professor de Silvicultura – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

lisias@ufu.br

Arthur Netto

Consultor florestal da InvestAgro Reflorestamento

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo da Monitora Engenharia e Geotecnologias

Arthur Franco Teodoro Duarte

Graduando em Engenharia Agronômica ““ UFU

 

Crédito Lísias Coelho
Crédito Lísias Coelho

Café, cacau, pimenta-do-reino, banana, coco, mamoeiro, manga, maracujá, milho, palmito pupunha e mandioca são exemplos de culturas que podem ser implantadas junto ao mogno africano. Essa modalidade de cultivo, que engloba mais de uma cultura, é conhecida como plantio consorciado, e é indicada para silvicultores e produtores rurais que buscam diversificar a receita de médio e longo prazo.

 

A floresta

 

O mogno africano compreende quatro importantes espécies de madeiras comerciais (Khayagrandifoliola, K. senegalensis, K. ivorensise K. anthoteca). Nenhuma delas se distingue substancialmente do “verdadeiro mogno“ latino-americano (Swieteniamacrophylla e S. mahagoni) (Lamprecht 1990). As duas primeiras têm sido preferidas para plantio no Brasil, talvez apenas pela maior divulgação e disponibilidade de sementes.

Os grandes atrativos do plantio dos mognos africanos são a sua resistência natural à principal praga ““ a broca do cedro (Hypsipylagrandella) ““ que ataca os ponteiros das mudas e árvores do mogno e cedro brasileiros, e o crescimento vigoroso das plantas. Por estes motivos, há uma perspectiva de formação de plantios uniformes, com uma rotação mais curta que o ciclo do mogno brasileiro em condições naturais.

Mogno consorciado com maracujá - Crédito Adilson Santos
Mogno consorciado com maracujá – Crédito Adilson Santos

Origem do mogno

 

É importante lembrar que os mognos africanos têm centros de origem distintos, desde a floresta equatorial, que se assemelha à floresta amazônica, com temperaturas elevadas e pluviosidade de até 3.000 mm por ano, até regiões savânicas, como o Cerrado brasileiro, onde a pluviosidade pode ser de 1.500 mm, com um período seco bem definido.

Estas características determinarão o ritmo de crescimento da plantação. Sua origem também dá indícios do tipo de crescimento que se observará, como a formação de mais galhos e altura comercial menor.

Um dos aspectos pouco mencionados é o ciclo relativamente longo destas espécies, que pode variar de aproximadamente 20 anos nas regiões equatoriais a mais de 40 anos (estimativa) para regiões savânicas.

Além disso, os espaçamentos mais comuns nos plantios de mogno africano são de 05 x04 m ou 04 x 04 m, que são considerados como abertos, ou plantios pouco adensados. Dentre as razões para estas configurações de plantio estão o custo das mudas, a boa forma do tronco, mesmo em espaçamentos abertos, e a formação de copas relativamente pequenas.

Tais condições são ideais para o interplantio com outras culturas, chamado de Sistema Agroflorestal (SAF), principalmente considerando o período em que o solo estará exposto.

 

SAF

 

O componente florestal dos SAF aumenta o controle dos processos erosivos, o aporte de matéria orgânica no solo e a reestruturação de sua fertilidade. A disponibilidade de biomassa (raízes e folhas sobre o solo) promove a ciclagem de nutrientes e permite o plantio de culturas anuais mais exigentes nutricionalmente.

Os SAF também melhoram a estrutura e a atividade da microbiota do solo, favorecendo o equilíbrio biológico o que promove o controle de pragas e doenças das culturas do consórcio agroflorestal.

O consórcio ideal é com culturas de ciclo curto - Crédito IB Floresta
O consórcio ideal é com culturas de ciclo curto – Crédito IB Floresta

Vantagens do consórcio

 

Estes fatores, espaçamento aberto, copa pequena e ciclo longo, geralmente acarretam em mais despesas para o produtor, que precisa controlar a matocompetição para que o mogno cresça de maneira adequada. Além disso, essas espécies de mogno são mais exigentes quanto à nutrição e demandam solos corrigidos (pH) para que tenham bom desenvolvimento.

Uma das maneiras mais práticas e vantajosas para reduzir os custos com as operações (roçadas e herbicidas, calagem e adubações) é o consórcio com outras culturas de ciclo mais curto.

 

Opções

 

Em princípio, não se deve plantar espécies que podem competir com a cultura principal (mogno africano) por água, luz ou nutrientes. Sendo assim, nos primeiros anos devem ser evitadas aquelas culturas que são usadas para pastejo, como o capim braquiária (que resulta no Sistema Silvipastoril).

Culturas agrícolas anuais geralmente têm ciclo curto (até 150 dias) e são cultivadas no período chuvoso. Também é neste período que há maior desenvolvimento das plantas infestantes e seu controle se torna crítico.

O plantio de milho, feijão, soja, mandioca, melão, melancia, ou até mesmo abacaxi, demandam a correção do solo com calagem, adubação balanceada e controle das plantas infestantes. Todos estes cuidados com a cultura agrícola também beneficiam a cultura florestal, que se aproveitará dos “resíduos“ de adubação e da cobertura vegetal.

Além disso, no período de grande crescimento das plantas infestantes, estas estarão sendo controladas por capinas, roçadas ou até mesmo pelouso de herbicidas. Tudo isso diminuirá a competição com o mogno africano, favorecendo o seu desenvolvimento.

Crédito IB Floresta
Crédito IB Floresta

Rentabilidade

 

Como o custo de implantação de uma floresta de mogno africano é relativamente elevado, culturas de ciclo curto podem gerar renda nos primeiros meses de plantio, reduzindo os custos iniciais. Para isso, é importante selecionar culturas que tenham mercado garantido na região onde está sendo implantado o projeto florestal.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de julho/agosto de 2018 da Revista Campo & Negócios Floresta. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

 

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