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sábado, novembro 23, 2024
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Consórcio – Competição e efeitos alelopáticos em espécies vegetais

Autores

Iací Dandara Santos Brasil
Tarcila Rosa da Silva Lins
Ernandes Macedo da Cunha Neto
netomacedo878@gmail.com 
Engenheiros florestais e mestrandos em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Emmanoella Costa Guaraná Araujo
Engenheira florestal e mestra em Ciências Florestais ­- Universidade Federal Rural de Pernambuco e doutoranda em Engenharia Florestal – Universidade do Paraná (UFPR)
Carlos Roberto Sanquetta
Engenheiro florestal e PhD – Japan Society for the Promotion of Science e professor da UFPR
Crédito Adilson Santos

Os plantios florestais fornecem matéria-prima para diversas áreas da indústria e para o uso doméstico, desempenhando importante papel social e ambiental na preservação das florestas nativas. Espécies de rápido crescimento permitem que o mercado de produtos florestais madeireiros e não madeireiros se torne competitivo, além de reduzir os impactos causados ao meio ambiente com a supressão indiscriminada das florestas nativas.

Entretanto, o manejo inadequado dos plantios florestais e o fato de aparecem, na maioria das vezes, como plantios puros ou monocultivos, podem ocasionar danos ao ecossistema. Dentre os possíveis danos destacam-se a baixa diversidade natural e o empobrecimento dos solos, sobretudo pela retirada dos nutrientes após a colheita, surgindo a necessidade de implantação de sistemas de produção de base ecológica sustentável.

Uma alternativa de produção ecologicamente viável é o cultivo consorciado, integrando espécies agrícolas com indivíduos arbóreos. Além de aumentar a diversidade de plantas, eleva a viabilidade econômica do sistema, que passa a fornecer diversas opções de retorno financeiro para quem produz, reduzindo as chances de prejuízos, sobretudo para o pequeno produtor.

Benefícios

Os consórcios apresentam semelhanças com as florestas naturais e tendem a favorecer o retorno dos nutrientes, reduzindo os impactos sobre o solo e o uso de fertilizantes. No entanto, para que as espécies possam ser manejadas ao mesmo tempo é preciso conhecer os efeitos benéficos ou maléficos que os indivíduos poder exercer sobre os outros, a fim de elevar a produção.

Como exemplo de efeitos causados entre plantas que dividem o mesmo espaço estão os alelopáticos, cujas implicações podem ser diretas ou indiretas e benéficas ou não. Tais efeitos podem interferir na germinação e desenvolvimento de alguns vegetais que se encontram próximos àqueles que liberam as substâncias. Dessa forma, identificar as plantas com potencial alelopático é fundamental para encontrar efeitos que possam intervir no crescimento de outras plantas.

Em geral, os efeitos alelopáticos se confundem com competição, no entanto, são reflexos provocados por substâncias químicas produzidas pelos vegetais, podendo interferir no crescimento e desenvolvimento dos indivíduos próximos, enquanto competição se caracteriza pela disputa por elementos indispensáveis, como nutrientes, luz e água.

Assim, estudos sobre os efeitos aleloquímicos são relevantes para a agricultura, pois permitem o aumento da eficiência do uso do solo, favorecendo a produção de herbicidas biológicos, além de auxiliar nos processos interativos entre os seres vivos.

Como funcionam os efeitos alelopáticos

Os aleloquímicos são liberados diretamente pelos órgãos das plantas, inclusive pelas raízes e por meio da decomposição dos restos de vegetais no solo e variam em função das espécies, do órgão onde ocorre no indivíduo, ciclo de cultivo, exposição a situações atípicas, entre outros. Tais efeitos não estão ligados ao crescimento da planta, no entanto, são importantes para seu estabelecimento, uma vez que atuam como mecanismos de defesa.

Plantas medicinais ou ricas em óleos essenciais em sua maioria apresentam efeitos alelopáticos, sendo mais eficientes no controle de espécies invasoras. Já a maior ou menor resistência aos efeitos alelopáticos vai variar de acordo com as características das mesmas em neutralizar os fitoquímicos.

A produção desses compostos pelas plantas é influenciada por condições climáticas, tais como: intensidade de luz, temperatura, oferta de água, disponibilidade de nutrientes, textura de solo e ação de microrganismos.

As substâncias aleloquímicas provocam ações que interferem nas atividades fundamentais dos vegetais. Em geral, as fases mais influenciadas por componentes alelopáticos são germinação de sementes, floração e frutificação. No caso específico da germinação, nota-se a necrose das raízes iniciais no desenvolvimento das plantas jovens.

Entretanto, testes realizados com amostras de várias partes das plantas têm evidenciado que a velocidade de germinação da semente é o parâmetro que mais expressa o(s) possível(is) efeito(s) alelopáticos(s) das substâncias aleloquímicas sobre o comportamento germinativo de unidade reprodutivas de plantas.

Teste dos efeitos alelopáticos

Uma das formas eficientes de testar os efeitos alelopáticos de uma espécie sobre outra é por meio de testes de germinação, devido à validez, simplicidade e obtenção rápida dos resultados. Para tanto, é recomendado que estes testes sejam realizados em espécies que apresentam maior sensibilidade aos compostos e maior facilidade de germinação, como alface, tomate e pepino.

Para isso são realizados experimentos, pelos quais são preparados extratos com partes da planta de interesse e água destilada. De acordo com o procedimento padrão, são utilizados 250 gramas da parte da planta de interesse e um litro de água destilada, representando a concentração de 100%, e em seguida são diluídos os extratos com menores concentrações para 75%, 50% e 25% da planta.

Posteriormente esses materiais são aplicados sobre as sementes indicadoras, a fim de verificar o nível de interferência do extrato sobre as sementes, enquanto que as sementes utilizadas como testemunha recebem apenas água, para que não haja interferência externa no desenvolvimento, servindo como prova. Diariamente são verificadas as quantidades de sementes germinadas para observar a porcentagem e a velocidade de germinação.

Utilização benéfica dos efeitos alelopáticos

Uma vez observada a presença de substâncias aleloquímicas, pode-se avaliar a viabilidade da espécie para o combate de plantas invasoras, o que tende a reduzir o custo da produção e os impactos causados ao meio ambiente pelo uso de agrotóxicos, sendo indicado que os extratos sejam testados sobre a cultura que se quer combater. O procedimento pode ser realizado nas sementes ou aplicando diretamente no campo.

Assim, é importante conhecer as espécies que se deseja plantar em conjunto com o objetivo de maximizar a produção. Além disso, dependendo do metabolismo da planta em questão, pode-se criar um biofertilizante que auxiliará no combate de espécies invasoras, as quais poderiam aumentar a competição com as espécies de interesse.

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