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Controle biológico da lagarta-do-cartucho se mostra eficiente

 

Fernando Hercos Valicente

Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo

fernando.valicente@embrapa.br

 

 Controle biológico da lagarta do cartucho ““ Crédito Arthur Torres
Controle biológico da lagarta do cartucho ““ Crédito Arthur Torres

A área cultivada com milho no Brasil está em torno de 16 milhões de hectares, e o gasto anual com inseticidas químicos nesta cultura ainda é muito alto, mesmo com o uso de milho transgênico.

A lagarta-do-cartucho, Spodopterafrugiperda, ainda é a principal praga da cultura do milho no Brasil, e há registro do seu ataque em mais de 100 culturas, incluindo sorgo, soja, algodão, arroz, feijão e até maçã, uva, goiaba, etc.

Danos

O ataque deste inseto pode reduzir a produção de grãos entre 34 e 50%, e em alguns casos o dano pode ser mais intenso. As larvas mais novas consomem tecidos da folha de um lado, deixando a epiderme oposta intacta. Neste ponto é importante o monitoramento, porque é difícil ver o dano na folha.

Depois do segundo ou terceiro instar, as larvas começam a fazer buracos nas folhas, se alimentado em seguida do cartucho das plantas de milho, produzindo uma característica fileira de perfurações nas folhas.

O ciclo de vida deste inseto é completado em 30 dias em condições de laboratório, e o número de ovos pode variar de 100 a 200 por postura/fêmea, sendo que no total de 1.500 a 2.000 ovos podem ser colocados por uma única fêmea. Observa-se, deste modo, o potencial de dano que esta praga pode causar.

A lagarta pode atingir 2,5cm,e a fase de pupa ocorre no solo.  A lagarta possui um “Y“ invertido na cabeça.

Os prejuízos dados pela lagarta-do-cartucho são grandes, porque vão desde as folhas até os grãos de milho. No caso do milho, a lagarta entra pela base da espiga.

Controle químico

O controle químico não pode ser descartado. Há vários produtos químicos que têm uma ação imediata de controledesta praga. Mas, é importante seguir as recomendações do fabricante para o uso correto desses produtos.

O uso de uma quantidade errada do agrotóxico pode levar à resistência por parte da praga. E a cada ano o agricultor irá necessitar de uma quantidade maior de inseticida químico.

Controle biológico

O controle biológico é uma ferramenta importante no Manejo Integrado de Pragas (MIP), pois não causa desequilíbrio ao meio ambiente, não contamina rios e nascentes, nem o produto a ser consumido, além de não matar os inimigos naturais (benéficos) presentes em todas as culturas. Deve ser usado e incentivado.

O controle biológico deve iniciar assim que se fizer uma amostragem e verificar a presença da praga na cultura. No caso do milho, nas regiões com histórico de ataque, o controle pode ser iniciado no máximo 10 dias depois da germinação.

Não se pode perder a primeira aplicação para o controle da lagarta-do-cartucho, senão haverá uma sobreposição de tamanhos de lagartas, mariposas e ovos.

Manejo

No caso do milho, o controle pode ser iniciado com o uso do Bacillusthuringiensis (Bt), no máximo 10 dias após a germinação das sementes (e dependendo do histórico da área). O número de aplicações depende do ataque e deve seguir o mesmo calendário dos químicos.

No caso de mais de uma aplicação, recomenda-se iniciar com o Baculovirus após a segunda aplicação (porque este mata lagartas de até 1cm). Quando a planta está na fase de espiga, recomenda-se monitorar com armadilhas de feromônio para detectar a presença de lagartas nas espigas e fazer o controle com a vespa Trichogramma.

Se houver alguma condição adversa, deve-se observar em qual etapa do MIP pode-se entrar com agrotóxico.

Biológico x químico

O controle químico dever ser usado em casos de alto ataque da lagarta. Não se pode descartar o químico. Entretanto, alguns produtos biológicos podem ser usados em conjunto com químicos, em subdose.Recomenda-se a aplicação de biopesticidas à base de Bt e Baculovirus para o controle da lagarta do cartucho:

üAplicação do produto após as 16h;

üSempre usar um espalhante adesivo;

ü Usar bico leque;

üMedir e ajustar a vazão;

üVazão compatível com a necessidade do microrganismo e da cultura, e umidade relativa do ar (não usar menos de 150L/ha). Se for para usar UBV, ter equipamento adequado para baixo volume;

üPode ser usado em mistura com produto químico no mesmo tanque, porém; o químico deve ser usado em subdose;

ü Ambos os biopesticidas são eficientes a campo, mas devem-se seguir os procedimentos acima citados.

 

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