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Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor do IF Goiano ““ Câmpus Morrinhos
Bruno Eduardo Cardozo de Miranda
Engenheiro agrônomo, MSc. e doutor em Fitopatologia e bolsista DCR (CNPq/FAPEG) do IF Goiano ““ Câmpus Morrinhos
Brenda Ventura de Lima e Silva
Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e professora Substituta do IF Goiano ““ Câmpus Morrinhos
José Feliciano Bernardes Neto
Estudante do Curso de Agronomia do IF Goiano ““ Câmpus Morrinhos
Muitos são os problemas fitossanitários que incidem sobre a produção de hortaliças, pois são plantas que possuem alto teor de água e nutrientes, além de possuÃrem tecidos vegetais tenros, tornando-as propÃcias ao ataque de agentes bióticos, como os fungos, bactérias, vírus e nematoides.
Como os fitonematoides são organismos muito pequenos, muitas vezes os danos causados por estes microrganismos podem passar despercebidos pelo agricultor. Não há uma estatÃstica precisa sobre os prejuízos causados por nematoides em hortaliças no Brasil, mas sabe-se que pode chegar a 100% de perdas, levando em conta a infestação da área e a variedade cultivada.
Regiões de solos arenosos e com temperatura elevada são mais favoráveis à infecção de hortaliças por nematoides, principalmente em condições de cultivo contÃnuo, como em extensas áreas irrigadas.
Danos certeiros
Os principais fitonematoides que causam problemas nas hortaliças pertencem ao gênero Meloidogyne (causador das galhas em raízes), Pratylenchus (conhecido como nematoide-das-lesões radiculares), Ditylenchus (nematoide das hastes e bulbo) e Scutellonema (nematoide da casca preta).
Destes, os do gênero Meloidogyne são os que possuem maior poder destrutivo, com destaque para as espécies M. incognita e M. javanica, as quais possuem uma distribuição mais ampla no Brasil, além de M. arenaria e M. hapla, com uma distribuição mais restrita.
Hortaliças mais prejudicadas pelo ataque de nematoides
Dentre as hortaliças, as culturas mais prejudicadas pelos nematoides parasitos de plantas são as folhosas, tal como a alface, o tomateiro, quiabeiro, batata e cenoura. O ataque ocorre no sistema radicular, tornando as plantas enfraquecidas pelas diversas lesões necróticas ou pela formação de galhas, no caso do Meloidogyne.
O mal interfere na absorção de água e nutrientes, principalmente de nitrogênio, e torna as plantas amareladas, raquÃticas e murchas, muitas vezes podendo os sintomas serem confundidos com severa deficiência nutricional, levando a consequências negativas na quantidade a qualidade da produção de frutos e de bulbos.
Na cenoura, os maiores problemas são causados pelo nematoide das galhas, que provoca severas deformações nas raízes, depreciando-as totalmente para a comercialização e consumo. Os sintomas são raízes deformadas, apresentando rachaduras, estrangulamento, bifurcação e ramificações excessivas, além da presença característica das galhas.
Pode ocorrer o amarelecimento das folhas, quando plantas de 25-30 dias de semeio são infectadas por nematoides na segunda fase juvenil (J2), no prolongamento da raiz principal, obstruindo a absorção de água e nutrientes.
Já na cultura da beterraba, o Meloidogyne também pode formar galhas e severas deformações, sendo acompanhadas por podridão radicular, resultantes da invasão secundária de bactérias ou fungos.
Manejo dos fitonematoides
As principais formas de manejo dos fitonematoides são preventivas ou culturais. A prevenção quanto à introdução desses microrganismos nas áreas de cultivos sadias é feita por meio da quarentena de materiais propagativos (sementes, mudas, bulbos, rizomas etc), pelo uso de água de irrigação não contaminada, a utilização de máquinas e implementos agrícolas limpos, manutenção de animais fora da área de cultivo, plantio antecipado ou tardio, plantio consorciado, plantio de plantas não-hospedeiras, alqueive, utilização de matéria orgânica e rotação de culturas.
A aplicação de nematicidas, quando recomendada, deve ser feita no solo 15 dias antes do plantio, e não quando a cultura já está estabelecida, considerando-se que os nematoides se alojam nos tecidos dos hospedeiros para se proteger do efeito desses defensivos.
Em algumas culturas, como a cenoura e o tomate, pode-se plantar cultivares com resistência genética. Todas essas medidas devem estar imersas no contexto do manejo integrado, para a viabilidade do cultivo das hortaliças.