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Controle das principais doenças foliares da cebola

Leandro Luiz Marcuzzo

Professor do Instituto Federal Catarinense-IFC/Campus Rio do Sul

leandro.marcuzzo@ifc.edu.br

 

Crédito Luciano Brito
Crédito Luciano Brito

Entre as principais doenças foliares da cebola estão o míldio, causado por Pernosporadestructor, a queima-das-pontas por Botrytissquamosa, a mancha púrpura causada por Alternariaporri e antracnose foliar, cachorro quente ou mal-de-sete-voltas por Colletotrichumgloeosporiodesf.sp. cepae.

No míldio, os primeiros sintomas podem ser observados em qualquer estádio de desenvolvimento da cultura, tanto em folhas como em hastes florais aparentemente sadias, por meio da formação de eflorescência acinzentada constituída por zooporângios e zoosporangióforos do patógeno.

Com a evolução da doença ocorre descoloração do tecido afetado, o qual adquire tonalidade verde mais clara do que as regiões sadias das folhas. Ao aumentarem de tamanho, as manchas se alongam no sentido das nervuras e, em seguida, tornam-se necróticas.

Na queima-das-folhas os sintomas são pequenas manchas que podem aumentar de tamanho, permanecendo isoladas e em alta intensidade causam a seca da folha ou evoluem rapidamente em forma de queima descendente da folha. Em condições de alta umidade e temperaturas amenas, pode-se observar sinais do patógeno com esporulação abundante nas pontas necrosadas das folhas, dando um aspecto de veludo acinzentado.

As folhas atacadas pela mancha púrpura são inicialmente amareladas, com posterior coloração lilás-avermelhada. Àmedida que a doença evolui, formam-se anéis concêntricos característicos, de coloração marrom a cinza escuro, correspondentes às frutificações e estruturas de reprodução do fungo. As lesões podem crescer e coalescer, levando à morte das folhas. Eventualmente, bulbos podem ser atacados. O patógeno também ataca as inflorescências, causando perdas na produção de sementes.

A antracnose pode ocorrer em reboleiras e as folhas apresentam enrolamento, curvatura e amarelecimento. Nas folhas e no pescoço pode-se observar a formação de lesões com pontuações escuras, concêntricas, que são as estruturas do fungo. Essas lesões podem crescer e provocar a morte das folhas, com consequente redução do tamanho dos bulbos.

Condições para as doenças

Sintomas de míldio na lavoura de cebola - Crédito Luciano Brito
Sintomas de míldio na lavoura de cebola – Crédito Luciano Brito

â–ºMíldio: como nas condições brasileiras não tem sido relatada a formação do oósporo, a sobrevivência do patógeno se dá por meio de bulbos e plantas remanescentes na lavoura. Plantas de cebolinha verde próximas à lavoura também se constituem fonte de inóculo. A disseminação pode ocorrer pela água ou correntes de ar. Temperaturas abaixo de 22ºC e umidade relativa do ar acima de 95% são ideais para o desenvolvimento do patógeno.

â–º Queima-das-pontas: de maneira geral, a queima-das-pontas é favorecida por temperaturas mais amenas, com seu ótimo de desenvolvimento em torno de 20°C. Temperaturas acima de 25°C desfavorecem a ocorrência da doença e esporulação do patógeno, sendo que a partir de seis horas de molhamento foliar o patógeno já consegue iniciar a esporulação. A severidade é crescente em função de um maior período de molhamento foliar. Estudos sobre a importância da transmissão do patógeno via sementes ainda são controversos.

â–º Mancha púrpura: o fungo se adapta a uma ampla faixa térmica, porém, com ótimo de desenvolvimento entre 21 e 30°C, ou seja, é um patógeno que causa maiores danos em regiões ou épocas com temperaturas mais elevadas. Por ser dependente de água livre para esporulação, umidades relativas maiores que 90% são ideais para seu desenvolvimento e multiplicação. De maneira geral, folhas mais velhas são mais suscetíveis ao patógeno. Danos causados por insetos, como o tripes, facilitam a penetração do fungo. É importante salientar que a maior ocorrência desse inseto se dá em épocas com temperaturas mais elevadas, o que coincide com a condição ideal de progresso da doença.

â–º Antracnose: temperaturas entre 23 e 30°C são ideais para a germinação e infecção dos conídios nas folhas da cebola. O fungo pode ser disseminado a longas distâncias por sementes contaminadas. A transmissão via sementes torna-se um importante aspecto epidemiológico, uma vez que pode introduzir o patógeno em áreas onde o mesmo não ocorria. A transmissão a curtas distâncias (dentro da lavoura) ocorre por respingos de chuva e/ou irrigação associados a ventos fortes. Isso significa que airrigação por aspersão pode favorecer a ocorrência de uma epidemia na lavoura, desde que haja ambiente favorável e hospedeiro altamente suscetível.

Níveis de destruição causados pela mancha púrpura - Crédito Jesus Tofoli
Níveis de destruição causados pela mancha púrpura – Crédito Jesus Tofoli

Semente como aliada

O uso de semente comercial certificada é a garantia de qualidade atestada quanto à sanidade dela, pois, no caso da antracnose, a semente é um importante veículo de introdução da doença na lavoura.

Para o míldio e queima-das-pontas, deve-se dar preferência às variedades que tiverem maior cerosidade foliar, pois é um dos fatores que diminui a infecção. Cultivares avaliadas por Marcuzzo et al. (2011) não apresentaram resistência ao míldio. Trabalho realizado por Edivânio Araújo, da Epagri/Ituporanga, também não constatou níveis elevados de resistência à queima-das-pontas entre diversas variedades utilizadas no Brasil.

Para mancha púrpura, em trabalho feito por Pereira et al. (2013),nove variedades se mostraram resistentes. Para antracnose, em trabalho feito por Wordell Filho &Stadnik (2008),11 variedades apresentaram menor severidade da doença.

Essa matéria você encontra na edição de maio da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar.

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