Autores
Cibele Medeiros
Gerente Técnica do Mercado da Biovalens
Renato Passos Brandão
Gerente Especialista em Nutrição Vegetal
Rafael Bianco Roxo Rodrigues
Gerente Técnico de São Paulo e Sul de Minas Gerais
A colheita da cana no Centro-Sul do Brasil teve início em março e a partir deste momento, reiniciando um novo ciclo. As usinas e os fornecedores de cana realizarão práticas culturais com o intuito de preparar a cana para a colheita da próxima safra.
O mercado sucroalcooleiro nacional é influenciado pelo preço internacional do petróleo e pela produção mundial de açúcar, havendo a necessidade da adoção de tecnologias que possam aumentar a produtividade da cana e a rentabilidade, minimizando as oscilações que ocorrem frequentemente neste importante mercado agrícola. Dentre as práticas culturais utilizadas em cana, destaca-se a aplicação de nematicidas microbiológicos no corte de soqueira.
Pragas de solo
A cana-de-açúcar é afetada por diversas pragas de solo, dentre as quais os fitonematoides. Mais de 275 espécies de nematoides são encontradas em associação com a cana, mas, nas condições brasileiras, somente três são importantes pelos danos que causam à cultura: Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita e Pratylenchus zeae (Dinardo-Miranda, 2008).
O ataque dos fitonematoides é restrito às raízes da cana. Injetam toxinas no sistema radicular ocasionando deformações graves, como as galhas provocadas pelo Meloidogyne spp, e extensas áreas necrosadas pelo Pratylenchus zeae. Em consequência do ataque dos nematoides, o sistema radicular da cana fica comprometido, reduzindo a absorção de água e nutrientes e a produção de citocinina, fitohormônio responsável pela divisão celular.
Levantamento realizado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) mostra que o fitonematoide com maior distribuição nos canaviais paulistas é o Pratylenchus zeae. Segundo Leila Luci Dinardo-Miranda, pesquisadora do IAC, cerca de 97% das amostras de solo dos canaviais paulistas continham Pratylenchus zeae; 35% Meloidogyne javanica e 20% Meloidogyne incognita.
Em variedades muito suscetíveis e níveis populacionais muito altos, as perdas provocadas pelos fitonematoides podem atingir até 50% da produtividade da cana. Em lavouras com alta infestação, o ataque desta praga é tão intenso que em muitas situações é recomendada a antecipação da reforma do canavial. Os danos dos fitonematoides são mais intensos em canaviais conduzidos em solos arenosos.
Na fase inicial da infestação dos fitonematoides nos canaviais, é difícil a visualização dos sintomas em cana. Entretanto, ao aparecimento dos primeiros sintomas em cana os fitonematoides já causaram danos econômicos à cultura.
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Sintomas
Os sintomas mais usuais do ataque dos fitonematoides em cana são:
9 Plantas menores, raquíticas e necróticas;
9 Murchamento nas horas mais quentes do dia;
9 Reboleiras;
9 Estande desuniforme;
9 Redução no perfilhamento;
9 Tombamento de plantas (dependendo da infestação e severidade);
9 Diminuição drástica da longevidade da soqueira.
Causas
A disseminação dos fitonematoides nos canaviais é reflexo de um desequilíbrio microbiológico dos solos. A utilização de nematicidas reduz a população dos fitonematoides, mas também afeta negativamente a população dos inimigos naturais, causando um agravamento do desequilíbrio microbiológico comentado anteriormente.
O uso continuado de nematicidas tende a selecionar indivíduos resistentes ao princípio ativo, causando em pouco tempo a reinfestação da área.
Controle
Basicamente, o método mais eficiente para o controle dos fitonematoides é o manejo integrado, utilizando várias ferramentas para a manutenção da população desta praga abaixo do nível que causaria danos econômicos à cana.
O uso de variedades resistentes ou tolerantes seria, sem dúvida, o método de controle mais prático e econômico dos fitonematoides. Entretanto, ainda é muito pequeno o número de variedades comerciais resistentes a uma ou mais espécies de fitonematoides que atacam à cana.
As adubações orgânicas resultam na diminuição da população dos fitonematoides, criando condições favoráveis à multiplicação dos inimigos naturais, principalmente fungos, e por liberar, durante sua decomposição, substâncias orgânicas, como ácidos graxos voláteis, que podem ter ação nematicida (Dinardo-Miranda, 2008). A rotação de cultura com plantas não hospedeiras aos fitonematoides, seria uma outra prática cultural, visando a redução da população dos fitonematoides.
Dentre os métodos de controle dos fitonematoides na cana, destaca-se o controle biológico com bactérias do gênero Bacillus. Conforme comentado anteriormente, o uso em larga escala de nematicidas ocasiona um maior desequilíbrio microbiológico nos solos e a seleção de populações de indivíduos resistentes a este grupo de defensivos agrícolas, ocasionando um agravamento a longo prazo dos danos dos fitonematoides em cana.
Portanto, o controle biológico é uma importante ferramenta no controle dos fitonematoides, com consequente aumento na longevidade e produtividade dos canaviais. É importante mencionar que em muitas situações é necessário a associação do controle biológico com o químico
Atuação do Bacillus subtilis como biodefensivo
O Bacillus subtilis vem se destacando no controle de patógenos nas culturas, dentre os quais os fitonematoides. É uma rizobactéria com ocorrência generalizada nos solos agricultáveis, com grande adaptabilidade às mais diversas condições edafoclimáticas, possibilitando uma grande versatilidade no controle dos fitonematoides.
O Bacillus subtilis tem grande potencial para o biocontrole dos fitonematoides, devido aos múltiplos mecanismos de ação e a especificidade dos isolados. Alguns isolados do Bacillus subtilis são utilizados no controle de doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea das plantas. Outros isolados são utilizados no controle de doenças de solo e há isolados promotores de crescimento radicular.
O controle dos fitonematoides pelos Bacillus subtilis ocorre pela produção de substâncias antimicrobianas. Os exsudatos do Bacillus subtilis formam um “biofilme” nas raízes da cana, desorientando os fitonematoides e inibindo a penetração nas raízes. Basicamente, o “biofilme” protege as raízes da cana do ataque dos fitonematoides (Figura 1). Além da formação do “biofilme”, isolados específicos de Bacillus subtilis produzem compostos que reduzem a capacidade reprodutiva e a mobilidade dos fitonematoides e a eclosão dos ovos. Tem ação direta nos fitonematoides, reduzindo a sua população;
Atuação do Bacillus subtilis como promotor de crescimento
Além do excepcional controle da população de fitonematoides, o Bacillus subtilis destaca-se como uma bactéria promotora de crescimento vegetal. O seu efeito está diretamente ligado a síntese de fitohormônios, solubilização de nutrientes e melhoria das condições da rizosfera – camada do solo adjacente às raízes das plantas.
Soluções
O Biobaci® é um nematicida microbiológico formulado com isolado exclusivo BV09, do Bacillus subtilis, desenvolvido pela Biovalens, empresa do Grupo Vittia. O BV 09 coloniza o sistema radicular das plantas, produzindo fitohormônios que estimulam o enraizamento. É ideal para aplicação no corte da soqueira da cana.
A dose do Biobaci® no corte da soqueira varia de 1,0 a 2,0 L/ha, sendo que a maior dose deve ser direcionada aos ambientes de produção com maiores limitações à cana.
Diferenciais do Biobaci®:
” Acelera o desenvolvimento das plantas e o enraizamento de mudas;
” Aumenta o volume do sistema radicular, principalmente das radicelas;
” Melhora a sanidade do sistema radicular;
” Formação de biofilme protetor na raiz da planta;
” Promotor de crescimento da cana e indutor de resistência às doenças (metabólitos);
” Segurança para a cana em situações de estresse hídrico.
Mecanismos de ação do Biobaci®:
” Ativa os genes de resistência das plantas;
” Forma um “biofilme protetor nas raízes, desorientando os fitonematoides e inibindo sua penetração;
” Produz compostos voláteis que matam diretamente os fitonematoides;
” Reduz a capacidade reprodutiva, mobilidade e eclosão dos ovos dos fitonematoides;
” Produz fitohormônios, favorecendo o maior desenvolvimento radicular;
” Aumenta a tolerância da cana aos veranicos e à seca.
Não há tempo de carência do Bacillus subtilis, podendo ser aplicado até a colheita do produto agrícola, pois possui baixíssima toxicidade e compatibilidade em misturas de tanque com produtos registrados, tais como cobre, enxofre, micronutrientes, inseticidas e fungicidas.
Considerações finais
Os solos cultivados com cana, normalmente, apresentam algum grau de infestação de fitonematoides, reduzindo o potencial produtivo da cultura. De maneira geral, os danos dos fitonematoides são mais evidentes em solos de textura média a arenosa.
Inicialmente, o produtor de cana deve realizar o monitoramento da população dos fitonematoides para verificar a necessidade da adoção de práticas culturais visando o controle desta praga.
O corte de soqueira é uma prática cultural utilizada em larga escala para a aplicação de inseticidas em canaviais com alta incidência de pragas de solo, dentre os quais o Sphenophorus levis. Além da aplicação dos inseticidas, os biofertilizantes e micronutrientes também são aplicados no corte da soqueira.
Entretanto, até o presente momento, os nematicidas microbiológicos no corte da soqueira são pouco utilizados para o controle de fitonematoides em canaviais com alta incidência desta praga.
O Biobaci®, nematicida microbiológico da Biovalens, proporciona uma série de benefícios à cana. O controle da população dos fitonematoides melhora a sanidade do sistema radicular da cana, aumentando a produtividade e a longevidade dos canaviais. Além disso, os metabólitos do Bacillus subtilis são promotores de crescimento de plantas e indutores de resistência tornando à cana mais tolerante aos veranicos e seca.
Quer saber mais?
Para mais informações, consulte o site do Grupo Vittia – www.vittia.com.br, nossos representantes comerciais ou os profissionais do Departamento Agronômico.