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Cresce a incidência da traça do tomateiro

José Salazar Zanuncio Junior

Doutor em Entomologia e pesquisador do Incaper

jjzanuncio@yahoo.com.br

Créditos José Salazar Zanuncio Junior
Créditos José Salazar Zanuncio Junior

A traça do tomateiro Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae) é uma mariposa de tamanho reduzido, de coloração cinza-prateada, com os ápices das asas anteriores e bordos das asas posteriores franjados.

O ciclo completo varia de 26 a 30 dias, e as lagartas possuem hábito de se alimentarem do parênquima foliar, formando galerias transparentes ou “˜minas’, perfurarem o broto terminal e o caule, atacando também os frutos.

Os danos indiretos causados à lavoura de tomate são a redução do crescimento das plantas devido à diminuição da área fotossintética e do crescimento apical, podendo provocar até a morte das plantas. Os danos diretos são a queda dos frutos e a abertura para microrganismos causadores de podridão, com depreciação dos frutos para comercialização.

Causam grandes prejuízos às lavouras, prejudicando o desenvolvimento das plantas pela alimentação de folhas e ramos, além de provocarem perdas na comercialização pelos danos causados nos frutos. Em altas infestações podem destruir completamente as folhas do tomateiro, causando o secamento dos folíolos e a morte da planta, podendo ocasionar 100% de perda desde o plantio até a colheita.

Sintomas

Os sintomas mais evidentes na lavoura são a presença de minas nas folhas, ponteiros broqueados pela alimentação das lagartas em fase inicial e frutos danificados pelas lagartas em fase final. A presença de teia e fezes entre os frutos indica que ali há lagartas entre os frutos.

As lagartas são de coloração inicial branca, tornando-se posteriormente verde-arroxeadas, apresentando uma mancha escura no tórax em forma de “˜meia-lua’.

A distribuição deste inseto está restrita aos países produtores de tomate na América Latina, sendo que tem expandido sua ocorrência no Brasil, principalmente em ambiente de cultivo protegido.

No Espírito Santo tem ocorrido apenas em cultivo protegido, mas em outros Estados observa-se também em campo aberto, tanto estaqueado quanto industrial, principalmente nas regiões do centro-oeste e nordeste.

Esta praga ataca todas as fases de produção, desde o transplantio até a colheita, uma vez que causa danos em todas as partes da planta. No entanto, os níveis críticos ocorrem de 60 a 90 dias após a constatação dela na lavoura.

A condição climática mais favorável para o aumento da população da praga é o período seco e temperaturas mais elevadas, exigindo atenção ao aumento da população da praga nos períodos chamados de veranicos.

Frutos de tomate atacados por traça do tomateiro - Créditos José Salazar Zanuncio Junior
Frutos de tomate atacados por traça do tomateiro – Créditos José Salazar Zanuncio Junior

Controle

O manejo da traça do tomateiro deve se basear no monitoramento durante todo o ciclo da cultura, avaliando-se os ponteiros em busca de lagartas vivas, as folhas do terço superior das plantas com a presença de minas e os frutos com sintomas iniciais de ataque ou presença de ovos localizados na parte superior dos mesmos.

O controle químico deve ser feito quando forem observados 25% dos ponteiros ou folhas com a presença de lagartas ou 5% das pencas com sintomas iniciais de ataque.

Existem poucos inseticidas eficientes para o controle da traça sendo, por isso, muito importante associar diferentes métodos alternativos como, por exemplo, o método cultural, que visa a redução das populações do inseto por meio de medidas que interrompam o ciclo biológico, como a destruição de restos culturais, evitar o uso de plantios escalonados em áreas próximas e a retirada dos frutos caídos e/ou descartados da lavoura.

Outro método de controle é o biológico, com inimigos naturais, como o parasitoide de ovos Trichogrammapretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae), que mostra eficiência superior a 80% para a traça do tomateiro.

A associação entre os métodos de controle é o mais indicado, pois aumenta a eficiência de controle da praga, evita o uso excessivo de agrotóxicos e diminui a ocorrência de populações resistentes.

Aplicações semanais de bioinseticidas à base de Bacillusthuringiensis (Bt) associadas ao parasitoide de ovos T. pretiosum apresentam a mesma eficácia do controle químico, com custo 20% menor. Recomenda-se aplicação de 0,6 a 01kg de PC/ha em volume de calda de 800 a 1.000 litros de calda/ha.

As abamectinas estão entre os grupos de inseticidas mais eficientes no controle da traça do tomateiro. No entanto, a rotação de princípio ativo e/ou modo de ação dos agrotóxicos é recomendada, devendo-se priorizar os inseticidas fisiológicos do grupo das benzoiluréias e os biológicos, que são específicos e não causam danos ao meio ambiente.

Armadilhas de feromônioencontram-se no mercado e podem ser usadas como indicadores da presença da praga, a fim de se identificar a necessidade de realização de métodos de controle químico. O período de atuação da armadilha é de 60 dias, recomendando-se a instalação de duas armadilhas/ha.

Estas armadilhas podem substituir o monitoramento da presença da praga nas plantas, diminuindo a necessidade de mão de obra especializada.

Vários fatores influenciam o custo de controle de T. absoluta, como o nível de infestação, o sistema de manejo e as condições ambientais. No entanto, o custo médio de controle está em torno de 15% em relação ao custo de produção total.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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