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Cresce a procura por baby leaf

Gean Charles Monteiro

Engenheiro agrônomo (UFSM), mestre e doutorando em Horticultura pela FCA/UNESP ““ Campus de Botucatu (SP)

gean.monteiro@yahoo.com.br

 

Crédito Isla
Crédito Isla

O cultivo de hortaliças no Brasil vem aumentando ao longo dos anos, graças, principalmente, à conscientização dos brasileiros em relação ao consumo de alimentos mais saudáveis. Entre essas hortaliças está a alface, a folhosa mais consumida no Brasil, fonte de vitaminas A, B1, B2 e C e de minerais como cálcio e ferro, apresentando baixo valor calórico, sendo consumida principalmente in natura.

A alface, juntamente com outras hortaliças (agrião, beterraba, rúcula, manjericão, etc.) vem se destacando na comercialização de folhas jovens, chamadas de hortaliças baby leaf, que são folhas que ainda não apresentaram sua total expansão foliar natural, ou seja, são colhidas precocemente em relação ao tempo tradicional que se costuma colher para o consumo, consequentemente, diminuindo o tempo de cultivo das plantas.

Contudo, o menor período de produção não significa uma maior lucratividade e/ou produtividade para o produtor, e sim uma busca de um nicho de mercado que ainda está em crescimento no Brasil, comparado a países como Europa, Estados Unidos e Japão, que há anos já comercializa esses produtos, mostrando que esta não é uma tendência passageira.

 

O cultivo de baby leaf tem valor superior e o menor tempo de cultivo - Crédito Shutterstock
O cultivo de baby leaf tem valor superior e o menor tempo de cultivo – Crédito Shutterstock

Consumo

O aumento de consumo das hortaliças baby leaf está interligado principalmente à diminuição do tamanho das famílias, maior procura pela alta gastronomia e consumo infantil.

A alface baby leaf, como qualquer outra hortaliça folhosa, apresenta alto custo de produção, destacando-se o investimento na semente. Entretanto, os produtos baby leaf geralmente são comercializados em embalagens plásticas (prontas para o consumo) ou caixas de papelão customizadas (plantas inteiras ainda jovens), contendo entre 100 a 200 gramas, individuais ou misturadas, que ao se somar com o sabor, maciez e as diferentes cores e formatos, agrega até 50% do valor na comercialização por quilo produzido.

Além da facilidade no preparo e aspecto visual das folhas, as babyleaf proporcionam um novo conceito aos pratos, tornando-os mais atrativos aos olhos e ao paladar. Entretanto, esses produtos ainda são menos suscetíveis a oscilações de preços que as variedades tradicionais.

Dentre esses aspectos, o cultivo de alface tipo baby leaf é custoso principalmente em relação ao valor da semente comercializada no mercado, pelo fato da alta quantidade de sementes utilizadas para esse cultivo, variando de 1,5 a 02 milhões de sementes por hectare em semeadura a campo, reduzindo esse número em plantios realizados em bandeja e em sistemas hidropônicos.

As hortaliças baby leaf atende famílias menores - Crédito Ana Maria Diniz
As hortaliças baby leaf atende famílias menores – Crédito Ana Maria Diniz

Manejo

Cultivos realizados a campo necessitam de um maior cuidado com o solo, doenças e pragas. Em relação ao solo, é necessário um preparo antecipado (adubação + encanteiramento) e, se julgar necessário, pode-se realizar adubação foliar (recomendação técnica utilizada para alface tradicional).

Para doenças e pragas são utilizados os agroquímicos registrados, sempre buscando a menor utilização versus mínimos defeitos foliares.

Para sistema hidropônico, há uma diminuição do consumo de agroquímicos e aumento na qualidade do produto, entretanto, é o que necessita de maior investimento e possui menor margem de lucro, fato ocorrido pela necessidade de ser cultivado em ambiente protegido e ter uma maior manutenção do sistema.

Esses cultivos geralmente são realizados em concentrações nutritivas de 1 mS cm-1 e espaçadas a 2,5 cm. Em bandejas, a maior produtividade é encontrada em células de 31 cm³, e são recomendados para ambiente protegido. Geralmente, nesse modo de cultivo há menores gastos em relação à estrutura utilizada, maior aproveitamento de área e até o reaproveitamento de materiais encontrados na propriedade rural na utilização como substrato.

Colheita

A colheita é realizada conforme as exigências do mercado consumidor.As variações ficam entre 05 a 15 cm de comprimento, porém, é possível a divisão do tamanho em três grupos distintos – abaixo de 05 cm, de 05 a 10 cm e de 10 a 15 cm (comprimento da folha do início do pecíolo até o final do limbo).

Contudo, existe a necessidade de uma estrutura de processamento para higienização, embalagem e armazenamento (± 10 °C) do produto. No entanto, não existem padrões e normas de classificação para comercialização deste produto.

A produtividade da alface baby leaf pode chegar a 5,5 kg/m², possibilitando a venda de até 45 unidades (120 g) com uma média de preço de R$ 3,00, atribuindo um valor por m² de R$ 135,00 de rendimento bruto.

Nas melhores condições, o rendimento líquido pode aumentar e chegar a R$ 40,50 por m² (30% de valor agregado) a mais, se comparado com o quilo de alface tradicional, se o custo de produção fosse o mesmo do tradicional.

Entretanto, os custos de produção da alface baby leaf são maiores e muito variáveis. O mercado consumidor e exigências, estação do ano, instalações da propriedade rural, preço das sementes, possibilidade do reaproveitamento de materiais, entre outros, são fatores de grande relevância para a aplicabilidade desse segmento de produto.

 

 

Essa matéria completa você encontra na edição de Agosto 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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