O setor orgânico cresce de 30 a 40%, em média, por ano no Brasil. Apesar de o número refletir os poucos dados históricos do segmento, a porcentagem é animadora, uma vez que o crescimento mundial não passa de 10%
A produção orgânica é registrada em 22,5% dos municípios brasileiros. O número foi divulgado no começo de junho, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e demonstra, segundo especialistas, o aumento da consciência de um consumidor mais exigente com o que coloca no prato.
O coordenador de Agroecologia do Mapa, Rogério Dias, disse que a atividade vem crescendo no País. “Em 2013, havia 6.700 unidades de produção orgânica. Hoje, o número chega a 14.449 unidades de produção oficialmente cadastradas em um dos três mecanismos de controle para a garantia da qualidade orgânica, sendo: 8.968 em certificação por auditoria, 2.449 em sistemas participativos de garantia-SPG e 3.032 em organizações de controle social ““ OCS“.
Ranking dos cinco primeiros Estados do Brasil em número de propriedades orgânicas certificadas, segundo o Instituto Agronômico do Paraná:
Œ Rio Grande do Sul (1.597)
 Paraná (1.489)
ÂŽ São Paulo (1.323)
 Santa Catarina (991)
 Piauà (925)
Moacir Roberto Darolt, pesquisador da Área de Transferência de Tecnologia do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) estima que o setor orgânico tenha movimentado cerca de R$ 2,5 bilhões em 2016. “Isso ainda representa uma parcela discreta do consumo total de alimentos, entre 1 e 2%, o que evidencia espaço para o crescimento e potencial de expansão da oferta para os próximos anos no Brasil e no mundo. O Brasil faz negócios com produtos orgânicos com cerca de 80 países“, calcula.
De acordo com a Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM), o sistema orgânico já é praticado em 172 países ao redor do mundo, em cerca de 2,3 milhões de propriedades e 43,7 milhões de hectares.
O mercado global de vendas de alimentos e bebidas orgânicas ficou em torno de US$ 80 bilhões em 2016. Esta expansão está associada, em grande parte, ao aumento de custos e problemas ambientais causados pela agricultura convencional e aos benefícios da agricultura orgânica para biodiversidade, meio ambiente e bem estar dos animais.
Ademais, avalia Moacir Darolt, com mais informação na internet, os consumidores estão mais conscientes e exigentes, procurando produtos mais saudáveis, livre de substâncias químicas e não transgênicos. “Essa é uma tendência irreversÃvel!“, prevê.
Mundo orgânico
Pelo menos 30 tipos de produtos orgânicos vêm sendo produzidos no País, sendoque os principais produtos brasileiros exportados são açúcar (Sudeste); suco de laranja efrutas secas (Sudeste/Nordeste); soja, açúcar mascavo, erva-mate e café (Sul e Sudeste);cacau e frutas tropicais (Nordeste/Norte); castanha do pará, açaí, castanha de caju, óleo de dendê e frutas tropicais (Norte e Nordeste); guaraná (Amazônia)e grãos (Sul).
Os dados mostram que existe um potencial latente para a indústria de alimentos orgânicos. O mercado ainda permanece pequeno em função da falta de matéria-prima orgânica, legislação e de um trabalho de marketing que diferencie o produto orgânico.
“O mercado de orgânicos sofreu pouco com a crise e apresenta crescimento acima da média, em torno de 30% ao ano. Especialistas falam em 35% em 2015“, avaliaAraci Kamiyama, mestra em gestão de recursos agroambientais, membro do Conselho Deliberativo da Associação de Agricultura Orgânica (AAO) e da Secretaria do Meio Ambiente.
Quem são os produtores orgânicos
O Brasil apresenta um número crescente de produtores orgânicos divididos basicamente em dois grupos: pequenos produtores da agricultura familiar ligados a associações, pequenas cooperativas e grupos de movimentos sociais, que representam 85% do total de agricultores e médios a grandes produtores empresariais (15%) independentes ou ligados a empresas privadas.
De acordo com Moacir Darolt, os agricultores familiares são responsáveis por cerca de 70% da produção orgânica brasileira e respondem por boa parte da renda gerada com estes produtos. “Enquanto nas regiões sul e nordeste cresce o número de pequenas propriedades familiares que aderem ao sistema, no Centro-Oeste e Norte a adesão é prioritariamente de grandes propriedades“, assinala.
Em relação ao tipo de produto, os grandes produtores (mais de 100 hectares) se destacam na produção de açúcar, frutas tropicais, café e cereais orgânicos (soja e milho, basicamente). Atualmente, começa despontar a pecuária orgânica em áreas extensivas (superior a mil hectares), com destaque para o Mato Grosso.
A parte mais significativa da produção orgânica vegetal do País (cerca de 70%) vem basicamente de pequenos (até 20 hectares) e médios produtores (até 100 hectares).
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